Segundo esta responsável, a generosidade da comunidade tem sido enorme, mas o “número de donativos diminuiu e, pelo contrário, o número de famílias apoiadas aumentou”.
Com o segundo confinamento que levou ao fecho dos restaurantes e depois com a suspensão das atividades letivas, as cantinas de parceiros como a Infancoop e a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste deixaram de enviar os seus excedentes.
Assim, das 22 fontes de alimentos, apenas seis, os supermercados, se mantêm como parceiros.
Sem alimentos não podem continuar a cozinhar e a fornecer um cabaz semanal aos beneficiários. Assim até o final de abril, antes da reabertura progressiva dos restaurantes, os voluntários estão a fazer um apelo à comunidade para que faça chegar refeições ou alimentos não confecionados. “Assim, esperamos continuar a contar com a solidariedade das pessoas, neste esforço final, para garantir que as nossas famílias continuem a ser apoiadas”, refere Carla Jesus.
“Cada beneficiário vem uma vez por semana, leva mais comida confecionada e um cabaz com vários alimentos para poder cozinhar em casa”, explica.
Para as voluntárias poderem cozinhar a direção da Escola Secundária Raúl Proença cedeu a cozinha do refeitório, que tem sido, segundo esta voluntária, “uma grande ajuda”.
O objetivo do flyer foi também dar a conhecer a Refood das Caldas, cuja missão assenta em três pilares: eliminar o desperdício alimentar e a fome e envolver a comunidade numa causa comum.
No último ano, a pandemia obrigou a Refood a reinventar-se. O fecho dos restaurantes alterou o paradigma da recolha e distribuição de alimentos às pessoas mais carenciadas. “Os restaurantes eram a base principal da nossa fonte de comida excedentária e quando fecharam isso alterou completamente o contexto da comida desperdiçada”, relata Carla Jesus, adiantando que o movimento espera “voltar a cumprir a missão da eliminação do desperdício em maio, quando os restaurantes estiverem a trabalhar sem restrições”.
“Fomos um dos poucos núcleos a nível nacional que não fechou durante o primeiro confinamento”, lembra Carla Jesus, adiantando que também é das poucas que tem uma câmara de frio com uma capacidade de conservação muito superior aos frigoríficos, que foi dada pelo Clube de Golf da Praia d’el Rey, um dos mecenas deste movimento.
Segundo Carla Jesus, todos os dias chegam mais pedidos de ajuda, mas este núcleo da Refood só tem uma capacidade operacional para 150 pessoas. “Neste momento não podemos aceitar mais pessoas, no entanto, cada pessoa que aparece nunca deixamos de entregar um cabaz, de que chamamos de emergência, com comida confecionada”, afirma.
Para poderem aceitar mais beneficiários têm que analisar se há alguma família em condições de sair. Têm uma colaboração direta com o serviço social da Câmara, para onde reencaminham os que não podem apoiar semanalmente.
O núcleo caldense conta atualmente com 113 voluntários ativos. Na passada sexta-feira, o JORNAL DAS CALDAS visitou a cozinha do refeitório da Escola Raúl Proença, onde duas voluntárias, Antónia Pinto e Mónica Gomes, estavam a confecionar a comida para entregar às famílias para a refeição da páscoa. A ementa era bacalhau à brás e borrego no forno com batata rústica assada no chão.
Mónica Gomes, natural do Brasil, é chef de cozinha e está a viver em Portugal há dois anos. É voluntária do núcleo caldense da Refood desde o natal de 2019 e “adora ajudar os outros”.
“Todas as semanas divulgamos nas redes sociais a lista do que precisamos e a solidariedade tem sido espetacular”, disse ao JORNAL DAS CALDAS, revelando que quiseram fazer “uma ementa típica para a páscoa”.
Os interessados em contribuir com bens alimentares podem dirigir-se diretamente ao centro de operações nos dias de funcionamento: segunda, quarta e sexta-feira, entre as 15h e as 21h, ou marcação pelo telemóvel 964155880.
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