A situação foi exposta nas redes sociais, onde foi denunciada a existência de “uma bela terrina Tory Burch igualzinha à loiça do nosso Bordallo Pinheiro”.
O produto em questão é a peça cerâmica “Couve”, que terá sido imitada com o serviço de loiça “Lettuce”, sendo muitas as semelhanças em algumas peças da couve/alface, recaindo a grande diferença no preço – a peça americana é muito mais cara, levando a Bordallo Pinheiro a comentar que “para nós há coisas que valem bem mais que o preço. O apreço pela criatividade, a tradição, a originalidade, a história. Traços que definem quem nós somos enquanto marca e enquanto comunidade. Por isso a nossa recompensa maior é a preferência, lealdade e reconhecimento do que é autêntico”.
A Bordallo Pinheiro, em jeito de ironia, publicou uma imagem que intitulou “camisola couveira”, um misto de camisola poveira e cabeça de couve, numa fusão das duas peças nacionais com história alvo da polémica com a designer e empresária norte-americana, que dá o seu próprio nome à empresa e que aos 54 anos é considerada pela revista Forbes a 88ª mulher mais poderosa do mundo.
A Tory Burch tem como consultora de design e embaixadora global uma portuguesa. A empresa já apresentou um pedido de desculpas relacionado com a camisola poveira.
“Pedimos sinceras desculpas aos portugueses. Atribuímos erroneamente um camisola da nossa coleção Primavera 2021 como inspirada em Baja, México. Foi um erro não termos feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescador tão representativas da Póvoa de Varzim”, manifestou a Tory Burch.
A empresa adiantou que “estamos a corrigir este erro de imediato e estamos a trabalhar com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim de forma a encontrar as melhores soluções para apoiar os artesãos locais”.
Como sustentaram alguns cibernautas, “um pedido de desculpas é manifestamente pouco”, recordando que em 2011 o Tribunal Federal de Nova Iorque determinou o pagamento de 164 milhões de dólares à empresa por produtores de artigos contrafeitos (falsificados e postos à venda com o seu nome) e que em 2013 a Tory Burch processou uma marca por imitar peças de joalharia da sua coleção e ganhou a ação em tribunal com uma indemnização de 38,9 milhões de dólares por danos e mais 2,3 milhões para pagar honorários de advogados.
Em 2017 a empresa foi também acusada de copiar produtos típicos da Roménia, tendo Tory Burch admitido a semelhança, argumentando ter-se tratado de uma falha de identificação do país inspirador.
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, solicitou entretanto a identificação das vias judiciais e extrajudiciais ao dispor do Estado português para defender a camisola poveira enquanto património cultural nacional, adiantando que fará o que estiver ao seu alcance “para que quem já reconheceu publicamente o seu erro não se demita das suas responsabilidades e corrija a injustiça cometida, compensando a comunidade poveira”.
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