Pouco coordenados, viram-se isolados a caminho de Lisboa, com as restantes unidades a permanecerem nos quartéis. Voltaram para as Caldas e acabaram levados para a Casa de Reclusão da Trafaria.
Pouco reconhecido pela História, o Levantamento das Caldas é frequentemente retratado como um ensaio da Revolução de Abril (uma teleologia discutível, mas este não é o espaço adequado para essa discussão historiográfica).
Feita a curta homenagem à nossa Revolta, talvez seja benéfico refletir um pouco sobre ela.
Estamos, como se sabe, em ano de eleições autárquicas que, apesar de toda a nossa situação atípica, quase certamente não serão adiadas. Localizadas e particularistas, não atraem, na sua maioria, grandes reflexos e debates ideológicos sobre aquilo que representam e significam. São o ato eleitoral que nos é mais próximo e, parecendo que não, aquele que mais influenciará o nosso quotidiano durante os próximos quatro anos.
É frequente dizer-se, com alguma razão, que são as eleições em que se votam em pessoas e não em partidos, onde um candidato bem escolhido pode fazer uma enorme diferença.
A pandemia do SARS-CoV-2 fez-nos refletir e pensar não só sobre a necessidade do constante reforço e fortalecimento do nosso Estado Previdência, mas também da necessidade de empatia, civismo e espírito de comunidade – mantendo-nos seguros, mantemos os nossos e, também, os outros. A este comunitarismo cívico, cuja maior expressão foi a criação de redes de voluntariado para suprimir as dificuldades de auxílio aos mais vulneráveis, é imprescindível que se conjugue não apenas o direito, mas também o dever do voto.
A democracia, tão recente e sempre precária, não se construiu, nem se constrói, individualmente, mas o acto mais elementar que a mantém, o voto, esse sim só pode ser individual. E é imprescindível.
Poderá haver luz ao fundo do túnel, mas não deixaremos de enfrentar tempos difíceis. Essa luta pode ser mais fácil se for travada em conjunto.
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