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Onda solidária mantém aberto café assaltado

Francisco Gomes

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Uma onda solidária permitiu reunir a verba necessária para ajudar o empresário das Caldas da Rainha que na madrugada do passado dia 22 perdeu mais de 66 mil euros em maços de raspadinhas e verba dos jogos sociais num assalto ao seu café.
Ajuda ao Caldas Bar permitiu evitar o encerramento

Através de donativos depositados por empresas e particulares de vários pontos do país e até do estrangeiro, deixados em mealheiros espalhados por vários espaços comerciais na cidade, e da venda de rifas para sorteio com vários prémios, a que se juntou um empréstimo de vinte mil euros, Emanuel Chamusco juntou o montante suficiente para pagar o valor que era da Santa Casa da Misericórdia, proveniente dos jogos sociais de que vende ao público e faz revenda a 42 estabelecimentos.

O Caldas Bar, em frente à central rodoviária da cidade, corria o risco de ter de desligar o terminal de jogo e ficar sem rendimentos que permitissem permanecer aberto se não cumprisse o pagamento até à passada quinta-feira à tarde.

O estabelecimento cujo proprietário tem distribuído milhares de bifanas a quem tem fome e não tem dinheiro para pagar, para além de oferecê-las aos profissionais de saúde do hospital da cidade, com a ajuda de carne e pão doado, foi agora alvo de retribuição da solidariedade que tem vindo a demonstrar em tempos de pandemia.

A campanha solidária prosseguiu até 2 de março, altura em que foram sorteadas as rifas, que tinham como prémios 365 bifanas, uma máquina fotográfica e de filmar, um instrumento musical, entre outros.

A Polícia Judiciária de Leiria continua a investigar o assalto.

Do desespero ao alívio

Do café foram levados mais de 66 mil euros em dinheiro e em raspadinhas que eram vendidas a outros estabelecimentos. “Tinha 33400 euros em dinheiro no cofre e perto de 33 mil em maços de raspadinhas. As que estavam penduradas não levaram, só os maços inteiros por abrir. Faço revenda por isso tenho muitas raspadinhas guardadas, e o dinheiro que estava no cofre era para ser depositado no banco”, contou Emanuel Chamusco, que ficou de rastos com a situação e que admitia ter de fechar o estabelecimento.

“Não aguento, não tenho hipótese nenhuma. Estou completamente desesperado, lutei tanto para ter uma vida melhor e de repente fico sem nada. É injusto”, manifestou ao JORNAL DAS CALDAS no dia do assalto.

Os autores do assalto terão aproveitado um acesso na esquina da casa mortuária do Montepio, subido ao telhado e acedido à janela da casa de banho, nas traseiras do café. Partiram a maçaneta e entraram. “Vinham preparados com alicates para cortar os cabos da videovigilância e levaram a box da gravação. Sabiam muito bem o que vinham fazer”, relatou Emanuel Chamusco.

Dado que o seguro não cobre o negócio do jogo e perante a incerteza de se vir a recuperar o dinheiro, o estabelecimento, que tem dois funcionários, estava em vias de fechar, mas o movimento solidário que se gerou ajudou o empresário com mais de 40 mil euros. A margem de tempo era escassa para conseguir um empréstimo bancário, mas um empréstimo de 20 mil euros por parte de amigos, sem data definida para pagar, completou o auxílio.

“Houve pessoas a quem eu tinha ajudado e que me deram dinheiro. Ligaram pessoas do estrangeiro a dizer que queriam ajudar, mesmo eu não conhecendo”, sublinhou. “Gosto mais de poder ajudar do que ser ajudado, mas não posso esconder que me sinto perdido com isto e que tem sido difícil”, comentou.

Emanuel Chamusco garante que quando conseguir liquidar as contas, o que sobrar do que lhe foi oferecido irá doar à família de Pedro Querido, uma criança que tem dificuldade em pagar tratamentos por causa de um problema de fraqueza muscular que sofre e que lhe afeta a parte motora, levando-o a fazer fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional.

E apesar da aflição por que passou, o empresário mantém-se solidário com a comunidade, continuando a fazer bifanas para oferecer.

“Chegámos a fazer 500 bifanas por dia. Mesmo com esta situação, fui entregar ao hospital e aos bombeiros a quem estava de serviço”, relatou.

Uma bifana para quem não conseguir pagar

O Caldas Bar tinha-se mostrado solidário com quem enfrenta grandes dificuldades, decorrentes da atual situação de restrições no país e estava a oferecer uma bifana a quem tenha fome e não tenha dinheiro para pagar, numa iniciativa que levou outras pessoas a quererem ajudar.

“Sabemos que esta é uma situação que deixa muitas famílias desfavorecidas, como tal, se tiver fome ou souber de alguém que precisa de comer, venha buscar uma bifana por nossa conta”, divulgou Emanuel Chamusco, numa mensagem que teve grande repercussão.

O empresário apercebeu-se de que havia pessoas que apareciam no estabelecimento com pouco dinheiro para comer. Com um pequeno gesto, que para muitos é um grande contributo, resolveu ajudar quem tenha fome, oferecendo uma bifana.

“Eu quando era mais novo também precisei de ajuda e acho que é a minha vez de ajudar as pessoas com aquilo que posso dar. A ideia surgiu de forma natural. Estava aqui mais a minha esposa à hora de almoço e apareceu um jovem estudante na escola de artes e design da cidade, que só tinha alguns cêntimos, a perguntar o que podia comer. Nós dissemos-lhe que comesse o que quisesse que nós pagávamos”, contou ao JORNAL DAS CALDAS.

A distribuição pelos profissionais de saúde do Hospital das Caldas e pelos bombeiros deveu-se ao facto de “quase não terem tempo de ir ao refeitório e assim é uma forma de poderem comer alguma coisa”

“É uma maneira de podermos ajudar quem está na linha da frente a combater para que este mal da pandemia passe”, afirmou.

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