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Teatro Eduardo Brazão

A “jóia do Bombarral” celebrou cem anos de atividade

Mariana Martinho (texto) José António (fotos)

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O Teatro Eduardo Brazão, que é considerada a “jóia do Bombarral”, celebrou no passado sábado cem anos de uma programação regular e diversificada, levando a palco todos os tipos de artes e grandes nomes da cultura nacional. Este centenário, que tinha sido anunciado há cerca de um ano com uma programação especial, deu lugar a um concerto solidário para o setor da cultura e profissionais do espetáculo, transmitido através das redes sociais, devido à pandemia de Covid-19.
Pelo teatro já passaram todo o tipo de artes e grandes nomes da cultura nacional

Localizado na entrada norte da vila bombarralense, o Teatro Eduardo Brazão surgiu por iniciativa de uma “abastada sociedade comercial”, que encabeçada por uma figura de relevo no concelho, Evaristo Judicibus, mandou edificar esta casa, recordou Rui Viola, presidente da União Cultural e Recreativa do Bombarral (UCRB), que gere este teatro.

Esta casa, que fundamentalmente é de cinema, embora tenha recebido muitas peças de teatro, foi inaugurada no dia 27 de fevereiro de 1921, com “um ideal lúdico e cosmopolita, que refletia os hábitos da sociedade da altura”. Mais tarde, o teatro passou a ser gerido pela UCRB, que é simultaneamente responsável pela sua programação regular e diversificada, levando assim a palco grandes nomes da cultura nacional, como o próprio Eduardo Brazão, António Vitorino d’Almeida, Vasco Santana, Ribeirinho, Laura Alves, Marina Mota, Fernando Mendes, António Calvário, entre outros nomes da cultura portuguesa.

Dotado de uma acústica ímpar, o teatro recebeu ao longo dos primeiros anos todo o tipo de artes, para além da música. “Nos primeiros anos, o espaço tornou-se num grande centro de atividade lúdica no concelho, com muitas festas, bailes, cinema, teatro, opera e muitos”, recordou Rui Viola, destacando que o espaço também serviu de palco para manifestações de caráter político, no 25 de Abril de 1974.

“Em pleno funcionamento até que veio a Covid-19”

Com uma estrutura em ferradura e elementos decorativos de influência neobarroca, neoclássica e arte nova, o teatro foi-se degradando ao longo dos anos, sofrendo assim “duas grandes intervenções de restauro”.

“A primeira deveu-se a um ciclone que, em 1941, destruiu a cobertura e teto original da sala, e a segunda em 2004 incentivada pelo governo, que, após uma visita ao espaço, reconheceu o seu enorme valor patrimonial, cultural e artístico e a necessidade de uma intervenção estrutural que salvaguardasse o futuro do Teatro Eduardo Brazão, sendo assim reinaugurado em 2005”, explicou o responsável, adiantando que desde essa data “o teatro encontra-se em pleno funcionamento até que veio a Covid-19 e tivemos de encerrar as portas”, abrindo assim apenas para o dia da comemoração do centenário.

“Há cerca de um ano lançou-se a programação comemorativa do centenário, que tinha como intenção começar durante o ano 2020, mas tal não foi possível realizar, porque não podíamos ter público”, lamentou Rui Viola, adiantando que “tudo ficou inativo até agora”.

Para assinalar a data de “forma simbólica”, a UCRB marcou uma reunião de direção, e em parceria com a Câmara Municipal do Bombarral e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Bombarral também organizou um espetáculo com o artista Fernando Pereira, em que “os fundos obtidos serão encaminhados para a União Audiovisual, para serem distribuídos pela comunidade de artistas do Oeste”.

O concerto solidário, que tem como nome “Saudades do Futuro! – Centenário Teatro Eduardo Brazão 1921 – 2021”, estreou no passado sábado, assinalando assim o aniversário da instituição e o Dia Mundial do Teatro.

Os bilhetes podem ser adquiridos em https://saudadesdofuturo.bol.pt e têm o custo de cinco euros, revertendo a favor do setor da cultura e profissionais dos espetáculos da região.

Em relação ao futuro, Rui Viola alimenta-se da esperança de que “o teatro conseguirá reativar a sua atividade”. “Em primeiro lugar é garantir a conservação do edifício bem como mantê-lo na excelente qualidade que tem neste momento”, explicou o responsável, adiantando que outras das preocupações é manter uma programação regular aos bombarralenses, a formação teatral através de workshops de iniciação, e por último atrair o público estrangeiro que reside no Oeste.

Fernando Pereira solidário

Fernando Pereira, famoso pelas qualidades vocais fora do comum, mudou-se recentemente para a vila do Bombarral, deixando assim “a azáfama da capital”.

Acompanhado de artistas da região, Fernando Pereira gravou um concerto intimista que estará disponível nos meios digitais durante três meses.

O cantor, que atuou pela primeira vez no palco do Teatro Eduardo Brazão, referiu que prevê um “futuro um bocadinho complicado para todos os que trabalham na área da cultura e do espetáculo, com exceção de uma pequena parcela, que tem uma participação na televisão”. Contudo, “99% da classe artística está numa situação muito complicada, e como tal vou continuar a lutar, a trabalhar e a ajudar os que estão a passar por momentos difíceis”, frisou.

Esta iniciativa solidária contou igualmente com o apoio da Caixa de Crédito Agrícola do Bombarral, instituição financeira que nos últimos anos tem procurado apoiar entidades de natureza recreativa, cultural e desportiva da vila. “Sem o nosso apoio muitas das entidades do concelho não conseguiriam realizar muitas das atividades”, apontou Filipe Costa, presidente do conselho de administração.

“Não poderíamos deixar de estar presentes no centenário do Teatro Eduardo Brazão, com aquilo que se pode fazer neste contexto. Estamos a falar de um teatro com cem anos e que é um exemplo para todos de resiliência”, vincou.

Para o presidente da Câmara Municipal do Bombarral, Ricardo Fernandes, “o Teatro Eduardo Brazão é simplesmente uma jóia do Bombarral que os bombarralenses têm e apreciam”. “É um teatro que tem sido inestimavelmente bem mantido”, destacou o autarca, adiantando que “não fazia sentido não comemorar e apoiar a produção do espetáculo, que além de marcar o centenário também tem uma vertente solidária”.

A autarquia espera que o teatro possa reabrir portas ainda este ano.

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