Em comunicado, Rui Alexandre, presidente do PS de Alcobaça, tinha afirmado ter sido confrontado na semana passada “com a utilização de betão no ‘restauro’ da escadaria monástica ou a construção de uma rampa de acessibilidade na ala norte do Mosteiro”, considerando que “qualquer das situações é grave, pois estamos certos que, há outras formas de o executar sem prejudicar o património”.
Sustentando tratar-se de uma “atrocidade”, o PS de Alcobaça exigiu explicações.
A DGPC respondeu ser “uma informação falsa, que de modo algum corresponde à intervenção em curso neste monumento”, indicando que “as consequências desta mentira ultrapassam o âmbito local, afetando a reputação de Portugal – e do nosso património – no mundo, nomeadamente junto de instâncias como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)”.
Segundo a DGPC, encontra-se em curso no Mosteiro de Alcobaça a empreitada “Conservação e Restauro da Fachada Oeste e Norte Rebocada”, com conclusão prevista para julho de 2021. Dela fazem parte diversos trabalhos, entre os quais o tratamento da pedra da fachada da Igreja, a reparação e pintura de rebocos, caixilharias e gradeamentos e também a melhoria das condições de acesso exterior à nova Portaria-Bilheteira do Mosteiro.
“O acesso exterior compreende uma escadaria muito danificada pelo tempo e pelo uso. Os seus degraus apresentam deformações consideráveis e perdas muito significativas de material pétreo colocando em risco a sua utilização em condições de segurança. Nestas circunstâncias, e para preservar a escadaria, entendeu a equipa projetista não substituir ou reparar as pedras existentes – princípio da autenticidade – tendo optado por revestir os degraus em dois lances simétricos, junto do muro do varandim, por uma chapa de aço cortene (com o aspeto idêntico à guarda do varandim), revestida interiormente por um filme de borracha expandida”, explicou a DGPC.
Adiantou que “uma vez que a chapa de aço não pode ser colocada diretamente sobre uma pedra instável sem causar danos e de forma segura para o utilizador, a superfície dos degraus foi regularizada com recurso a uma argamassa de cal e areia separada da pedra por uma manta de fibra geotêxtil, o que permite que, em qualquer altura, possa ser removida – princípio da reversibilidade”.
“Ao longo destes dois lances de chapa de aço cortene que dão acesso ao varandim da fachada do Mosteiro – e consequentemente à nova portaria e à Igreja – será também instalado um corrimão, permitindo a circulação segura de fiéis e visitantes”, relatou.
Rui Alexandre desmentiu: “Entre as pedras monásticas e a argamassa não existe tela nenhuma”.
A empreitada em curso e a “Requalificação da Portaria e Loja”, concluída em dezembro de 2019, constituem as duas componentes com que a DGPC candidatou o Mosteiro de Alcobaça ao programa de financiamento europeu Centro 2020 e que dão cumprimento ao Plano Diretor 2016/26, aprovado para o imóvel.
Recentemente o Mosteiro de Alcobaça esteve também no centro das atenções devido ao Relatório do Património Mundial em Risco do Conselho Internacional de Monumentos (ICOMOS), que entende que o projeto de instalação de um hotel em espaços pertencentes ao Mosteiro merece um alerta de risco, baseado sobretudo na falta de observação das diretrizes da Convenção do Património Mundial.
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