O que me faz persistir é uma voz amiga que me diz sempre: escreve, ficará alguma coisa do que vivemos, as aventuras da cerâmica e as outras.
Chego a invejar os autores menores, porque conseguem escrever ficção, chegar ao seu fim.
Nem o livro sobre Cerâmica das Caldas que se intitularia: De Dona Maria dos Cacos a Ferreira da Silva, será concluído.
Os textos apenas precisariam de correções e acrescentos, mas, por razões de agenda, os necessários complementos de imagem, fotografias das peças e respectivas marcas, não estarão disponíveis.
Mesmo assim, não resisto a incluir neste preâmbulo o prefácio que tinha preparado para o efeito.
De Dona Maria dos Cacos a Ferreira da Silva
Ter nascido no quarto número seis do Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, no final da tarde do dia 2 de Setembro de 1953, foi a razão primeira.
Ter crescido na rua da Liberdade, entre a farmácia, as lojas das louças e as pastelarias, também ajudou.
Mais de meio século depois destes primeiros passos, falo sobre a obra de gente criativa da minha terra, que soube transformar o barro em arte que espalhou pelo mundo.
Escrevo com paixão de colecionador, para recordar a fabulosa saga da Louça das Caldas.
Detetado o interesse, nacional e internacional, pelo tema, impôs-se-me esta tentativa esforçada, modesto contributo para a “estória” desta produção, na ausência de dados sobre “todos” os fabricantes (em especial os menos conhecidos: de Manuel Mafra e Rafael Bordalo Pinheiro sabe-se muito…felizmente!).
Apesar das pesquisas em arquivos nacionais e municipais, são reconhecidas as lacunas sobre a biografia dos ceramistas, respetivas marcas, localização de lojas e oficinas, caraterização das matérias-primas utilizadas: barros, engobes, corantes, vidrados…tantas coisas que eu não sei.
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