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“Diários fotográficos em estado de emergência”

Fotojornalista caldense é um dos editores do livro “Everyday Covid”

Mariana Martinho

EXCLUSIVO

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Mais de 500 imagens, recolhidas por 87 fotógrafos e fotojornalistas portugueses, que procuraram captar o quotidiano português num ano marcado pela pandemia da Covid-19, estão reunidas num livro, que pretende ser "um documento para memória futura". Esta obra, intitulada “Everyday Covid – Diários fotográficos em estado de emergência”, foi lançada precisamente nove meses depois do início do projeto, que começou com uma página na rede social instagram e conta com a coordenação do fotojornalista caldense Miguel A. Lopes, em parceria com o fotojornalista Gonçalo Borges Dias.
Miguel A. Lopes, um dos responsáveis pelo projeto

Passava pouco mais de uma semana desde o início de março do ano passado e a pandemia já entrava em Portugal. Foi neste cenário de conversa, em que “tempos complicados se avizinhavam”, que os dois fotojornalistas, Miguel A. Lopes e Gonçalo Borges Dias, decidiram criar um sítio onde os fotógrafos pudessem partilhar publicamente as fotografias que se iam registando sobre os acontecimentos relacionados com a Covid-19.

Nesse sentido, os fotojornalistas decidiram lançar o “desafiar” num grupo de WhatsApp que já reunia, há cerca de um ano, dezenas de profissionais da área, de modo a “angariar mais interessados em participar no projeto”, contou o caldense Miguel A. Lopes.

A plataforma surgiu, então, na rede social Instagram como um “diário visual”, onde “passados dois dias de ser criada a página Everdaycovid já tinha contava com quase 500 fotografias publicadas”, recordou o fotojornalista da Agência Lusa, adiantando que o número excessivo de publicação de imagens devido ao interesse de participação de mais de 100 fotógrafos portugueses espalhados por todo o país e até em Macau, e pelo crescente número de acessos, acabaram por fazer “crashar” a conta do Instagram. Face a isso, os coordenadores decidiram passar a selecionar diariamente as fotografias que iam ser partilhadas na página.

“Desde o dia 16 de março até 13 de junho que um grupo de oito editores, uma verdadeira “task-force”, em formato de curadoria de grupo online, André Dias Nobre, Ângelo Lucas, Gonçalo Borges Dias, Gonçalo Delgado, João Pedro Almeida, Miguel A. Lopes, Rui Soares e Rui Miguel Pedrosa, se reunia todas as noites através da plataforma Zoom para editar e escolher as fotografias a publicar, projetando também novas ideias para os dias seguintes”, explicou o fotojornalista caldense, adiantando que “tentámos criar uma linha editorial e ter um critério mais apertado naquilo que era postado na página”.

“No instagram participaram 119 autores”

Durante três meses, o Everydaycovid funcionou diariamente, com a partilha de imagens relacionadas com a pandemia da Covid-19, “estruturadas em vários formatos: reportagem, documental, retrato de sociedade e diários caseiros”. “A ideia era retratar ao máximo e da melhor maneira tudo o que estávamos a viver”, explicou Miguel A. Lopes, esclarecendo que “o isolamento, a nova realidade das máscaras, a dinâmica dentro dos hospitais, lares, desinfeções nas ruas, momentos políticos e até funerais, tudo isso deu imagens”.

Na página, que neste momento já não publica fotografias, houve de tudo, desde o confinamento às pessoas em casa em teletrabalho, bem como as missas sem ninguém, elementos policiais a questionar condutores ou vários tipos de entregas de bens a seniores, o que se passava nos supermercados ou quando esgotaram os stocks de vários produtos nalgumas farmácias. “Todos esses aspetos da pandemia, que fez com que mudássemos a nossa vida naquele período, estão retratados nas imagens partilhadas na página”, apontou o fotojornalista, que preferiu captar os procedimentos em funerais, as ruas vazias, os hospitais e a atualidade noticiosa, num resumo da sua visão dos cerca de dois meses e meio de confinamento.

Durante o projeto, o grupo recebeu perto de cinco mil fotografias, das quais foram postadas perto de 1000, e colocadas no livro apenas 500. “Na rede social participaram 119 autores diferentes, mas nem todos foram para o livro”, esclareceu.

“Um documento para memória futura”

Com o fim do confinamento, em junho, os mentores perceberam que essa aventura devia ir mais longe e materializar num “documento para memória futura”, ou seja, num livro, sem que nenhum dos autores tivesse que ter algum gasto com ele. “A maioria dos profissionais estavam sem trabalho ou em situações de trabalho bastante precárias, espelhando bem o cenário que se vive hoje em dia no jornalismo nacional — um meio com futuro incerto e angustiante para quem faz dele profissão, e como tal não era viável fazer dessa maneira”, comentou Miguel A. Lopes, acrescentando que este conceito também acabou por ser uma forma terapêutica para muitos fotógrafos, que a única maneira tinham de fotografar era através da janela.

Sem qualquer incentivo financeiro, o grupo pensou inicialmente em recorrer à plataforma de crowdfunding para conseguir editar o material fotográfico, mas posteriormente conseguiu o apoio necessário para editar o livro, que tinha como um número mínimo 2500 exemplares.

O livro, que contou com apoio da Presidência da República, foi apresentado “precisamente nove meses depois do início do projeto”, que acabou por lhe dar o mesmo nome.

Lançado no início de dezembro do ano passado, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, o “Everyday Covid – Diários fotográficos em estado de emergência” é um volume onde a imagem ocupa 99% da área disponível e onde as fotografias seguem a mesma cronologia da página do instagram. “Precisamente por isso não colocamos números nas páginas, mas sim datas”, explicou o caldense, adiantando que as fotografias estão acompanhadas de legendas, que respondem às perguntas “quem, onde, quando e como”, e ainda dos números da pandemia divulgados diariamente pela DGS.

Constam imagens dos bastidores do dia em que foi decretado o primeiro estado de emergência, captadas pelo fotógrafo oficial do presidente da República, e ainda oito imagens de situações do quotidiano na zona.

O livro, que tem cores relacionadas com o branco dos médicos e o verde das máscaras, também foi editado com intuito de ser acessível a todos, por isso conta com apontamentos em braille e um áudio, de modo a facilitar um contacto com o trabalho aos invisuais ou pessoas com visão reduzida. Pode ser adquirido através do site www.everydaycovid.pt por 29,90€. Após o pagamento de todas as despesas de publicação, o projeto pretende fazer chegar os lucros das vendas deste livro a pessoas necessitadas, através de iniciativas.

Neste momento, Miguel A. Lopes afirmou que “não está previsto continuar com o projeto, visto que muitos de nós já começaram a trabalhar e como tal é difícil manter o projeto”. Além do everdaycovid, o fotojornalista também tem imagens suas em cinco livros de fotografias.

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