Q

Previsão do tempo

14° C
  • Monday 20° C
  • Tuesday 22° C
  • Wednesday 17° C
14° C
  • Monday 21° C
  • Tuesday 22° C
  • Wednesday 17° C
16° C
  • Monday 22° C
  • Tuesday 22° C
  • Wednesday 17° C

Nada pacífico, para o oceano

Francisco Martins da Silva

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Atribui-se ao filósofo Anacársis (século VI a.C.) originário da Cítia (actual Irão), o seguinte ditado: «Há três tipos de pessoas: as que estão vivas, as que estão mortas e as que estão no oceano». Hoje, o perigo e a incerteza do oceano não é só para os que lidam com ele. Pelo que nos dizem os cientistas marinhos, se os que estão no oceano não o deixarem em paz, em breve haverá apenas o segundo tipo de pessoas. Poderoso e ainda em grande parte desconhecido, o oceano e´ vital para o ser humano.
Francisco Martins da Silva

Em tempos de degradação ambiental, mudanças climáticas e ânsia por novos recursos naturais que põem em causa a sustentabilidade do planeta, os países costeiros como Portugal viram-se para o oceano com redobrada avidez. Mas esta perspectiva rapace já não é aceitável. Preventivamente, as Nações Unidas designam a próxima década (2021-2030) a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável.

Segundo o ecologista Carl Safina, no livro Song For the Blue Ocean, o oceano estende-se muito além das suas águas, ao ponto de nos envolver interiormente, como podemos verificar ao provar as nossas lágrimas.

Esta ubiquidade salina do oceano é das ideias mais unânimes entre os cientistas portugueses. O oceano, afirmam, espalha-se nos ventos, nas nuvens, no oxigénio, na chuva e na neve. Deste modo, o oceano embebe o espaço emerso e adentra o nosso corpo através do ar que respiramos, da água que bebemos e da comida que ingerimos.

Há muito que é tido como certo que o oceano é a origem da vida. Há cerca de 4,5 milhões de anos, a atmosfera terrestre continha quase só carbono e nitrogénio. Não havia oxigénio nem vida. Das profundezas do oceano surgiram moléculas orgânicas simples que geraram outras moléculas cada vez mais complexas, até serem capazes de carregar DNA. Estas unidades químicas foram as primeiras formas de vida.

Os cientistas portugueses consideram que o oceano não representa apenas o princípio e a continuidade da vida no planeta, mas, por estar em risco, pode, também, significar o nosso fim.

O aquecimento e a subida do nível da água e a sua acidificação, as marés de plástico, crude e esgoto doméstico, a mineração no solo oceânico, a sobrepesca e a consequente redução da biodiversidade marinha estão a tomar proporções catastróficas. Ou seja, a conduta humana tornou-se área de intervenção prioritária, para os cientistas do oceano. A degradação social e ecológica do planeta tornou urgente nova ética de relacionamento entre os humanos, e entre os humanos e o meio envolvente.

O cientista do oceano Gui Menezes, actual secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores, considera que para comunicar e divulgar ciência se deve ir ao encontro das emoções, para melhor entendimento do trabalho dos cientistas. Uma vez que a racionalidade não surtiu efeito, apela-se agora ao sentimento. Talvez nos comova verificar que delapidámos e destruímos quase tudo e que já há pouco para explorar e lucrar… Entretanto, vislumbra-se a possibilidade de também assentar arraiais colonizadores e extractores de recursos naturais em Marte. Lá não há oceano e a distância desvanece a consciência.

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Últimas

Artigos Relacionados

Unidade Local de Saúde do Oeste com 57 vagas para médicos

Foi publicado em Diário da República o número de 57 vagas para recrutamento de médicos recém-especialistas para a área hospitalar, para a área dos cuidados de saúde primários e para a área de saúde pública, na Unidade Local de Saúde do Oeste.

medicos

Homem esfaqueado em festa

Uma festa na associação da Lagoa Parceira, nas Caldas da Rainha, foi palco de uma zaragata em que um homem foi esfaqueado no pescoço, na madrugada do passado dia 20.

Ana Bacalhau cantou a liberdade no CCC

“A Liberdade está a passar por aqui” foi o concerto que Ana Bacalhau levou na véspera de 25 de abril ao Grande Auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.

bacalhau 1