É neste contexto que é chocante constatar que há quem ainda não tenha percebido a tragédia que vivemos e continue a comportar-se como se estivéssemos em época de normalidade.
Vem isto a propósito das iluminações de natal.
Como é que é possível no momento atual gastar-se o que se gasta nesta iniciativa? Se juntarmos os gastos efetuados um pouco por todo o país, estamos a falar seguramente de milhões de euros, que seguramente seriam mais bem aplicados em linhas de apoio ao comércio em dificuldade.
Os tempos são de exceção e algum pudor deve persistir antes de se decidir gastar estes montantes exorbitantes, apenas porque se acha que dessa forma se levanta a moral dos habitantes (o que além de ser muito subjetivo é ainda mais discutível) .
Segundo li na imprensa local, este ano vai-se investir nas Caldas mais de 150 mil € em animação de Natal, onde os projetos de iluminação orçam cerca de 108 mil € (sem contar com a conta final da eletricidade que certamente será muito salgada neste período). A Câmara contribui com 80% (no total cerca de 120 mil €) para esta despesa.
Como é possível desbaratar-se este dinheiro neste momento de grande crise, em que todos os tostões deveriam ser contados para acudir às situações verdadeiramente críticas?
Não seria mais razoável optar por um projeto de animações natalícias mais moderado e razoável, gastando um quarto ou um quinto desse valor e aproveitar essas poupanças para investir, por exemplo, num fundo de apoio aos comerciantes locais mais afetados pela crise?
Não quero com isto dizer que não deva haver iluminações e animações de natal na cidade e no concelho, mas não precisa de ser este exagero que até do ponto de vista ecológico é grotesco e chocante.
Celebremos o natal, embelezemos a nossa terra, mas com dignidade e responsabilidade tendo em conta os tempos em que vivemos…com um verdadeiro espírito de natal!
0 Comentários