Desde já importa frisar que lidou com um touro que foi uma doçura de animal, investindo sempre mas sem qualquer ponta de maldade. Mas vamos a esta importante e monumental faena, começando “Cuqui” de joelhos em terra por desenhar um farol, continuando a lacear de capote, seguindo-se já de pé bonitas e elegantes chiquelinas.
No segundo tércio, nas banderilhas, o jovem matador esteve simplesmente poderoso e dominador, colocando dois pares soberbos, rematando com uma sorte de violino espetacular e foi novamente de joelhos que começou a sua grande e memorável faena de muleta.
Primeiro toureando com a mão direita por derechazos aqui e ali intercalados com molinetes, para depois pela esquerda desenhar naturais templados, bordados com gosto e maestria, que rematava com poderosos passes de peito. Não esquecer os passes circulares a chamar o touro de costas, a fazê-lo rodar sobre si próprio, não se cansando o público de aplaudir de pé, gritando “Toureiro…toureiro…toureiro…”, rendido e disposto a estar ali até à noite a ver tourear o triunfador e herói da tarde.
“Cuqui”, menos conhecido no seu país do que em Espanha e México, alcançou a sua alternativa em agosto de 2018 na cidade mexicana de Tiguana. Para quando condições para o toureio a pé em Portugal?
E o resto foi só paisagem? Claro que não. Os dois Telles (António Ribeiro Telles e Manuel Telles Bastos), que estiveram muito abaixo da sua bitola nos primeiros dois touros da tarde, terão ficado envergonhados com a tamanha lide a pé, pois metendo esporas aos cavalos, eles também atingiram depois do intervalo um plano mais elevado.
António Telles, que lidou o 4º da tarde, um touro bravo sempre pronto a investir, deu aso a que o cavaleiro da Torrinha se recriasse na ferragem curta de muito boa nota, próximo de uma atuação à Telles.
O seu sobrinho Manuel Telles Bastos também subiu muitos pontos na escala quando lidou o último touro que fechou a corrida. Elegante, muito arrumado na montada, ligando muito ao touro, fez boas bregas, colocou ferragem a condizer, dando um cheirinho do seu caraterístico toureio clássico.
Dos forcados das Caldas o que há a dizer? Em quatro pegas, três à primeira tentativa não é bom, é ótimo! No entanto, em alguns elementos notou-se que quando citavam o touro, recuavam tarde e que por isso mesmo recuavam pouco. Falta de corridas é o que é, mas tem que se viver no atual contexto.
E é no atual contexto que se vê interromper a centenária feira anual, sempre festejada desde os tempos sem memória no dia 15 de Agosto. Porém, a tradição da tourada nesta data não caiu. Ficou de pé, graças a Paulo Pessoa de Carvalho, forcado que foi empresário e que é aficionado com paixão.
O público agradeceu o esforço na organização da corrida (com venda de bilhetes limitada) comparecendo, esgotando o que por lei estava à venda.
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