Nasceram em França, a 400 quilómetros um do outro. Partilham o mesmo pai, a mãe é que não. Gérard Vautier tem 67 anos e vive em Portugal, na Nazaré. Com um nome quase idêntico, Gérald Vautier, o seu irmão, tem 55 anos e reside na Bélgica.
Foi a esposa do mais novo que no Facebook recebeu uma sugestão automática de amizade e ficou espantada ao ver a foto e o nome. Apercebeu-se logo que havia uma ligação familiar e estabeleceu contacto.
Gérald veio agora da Bélgica conhecer Gérard. O aeroporto de Lisboa foi o primeiro local onde se viram ao vivo. A emoção foi grande. “É uma felicidade indescritível. Aos 67 anos saber que se tem um irmão, não é todos os dias que acontece. É um momento excecional”, contou o irmão mais velho.
“O meu pai divorciou-se da minha mãe quando eu tinha dois anos e depois casou outra vez e teve filhos, mas nunca tive contacto com eles”, explicou.
Ao contrário de Gérard, o mais novo soube que tinha um irmão quando o pai morreu há 24 anos, mas tinha perdido a esperança de alguma vez saber onde o encontrar. “Nunca pensei que fosse possível achá-lo, porque o tempo nos separou. A tecnologia possibilitou este encontro”, manifestou Gérald.
Têm muito para falar e para descobrir um do outro, sabendo-se já que há mais duas irmãs, também do segundo casamento do pai – Christelle, de 52 anos, e Veronique, de 57, ambas em França.
Gérald é operário fabril em Tournai, na Bélgica. Gérard foi diretor comercial e está reformado, vivendo há seis anos na Nazaré. A distância entre as duas localidades é de cerca de 2000 quilómetros, mas durante uma semana os irmãos estão juntos.
“Quando vi a foto do Gérald pela primeira vez, exclamei: ‘Sou eu, só que mais novo’. É como se nos estivéssemos a ver ao espelho. É engraçado e bizarro”, manifestou Gérard.
Se é certo que o passado não volta para atrás, Gérald não quer perder mais tempo: “Não podemos recuperar o que foi feito e a dor que podemos ter sentido. Espero vir suficientes vezes e que permaneçamos em contacto como dois irmãos que ficaram amigos”.
Querem que a relação se torne duradoura e disfrutar o mais possível. Vão combinar mais encontros. Conhecer as famílias. E viver de coração cheio, com a alegria de ganhar um irmão, mesmo que tenha demorado décadas para que isso tenha acontecido.
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