O que é a Diabetes?
A glucose é um açúcar e representa a principal fonte de energia para todas as células do nosso corpo. Na diabetes o nosso organismo não tem a capacidade normal de a utilizar o que significa que este açúcar permanece mais tempo em circulação no sangue o que analiticamente se traduz em hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue).
Na grande maioria dos casos de diabetes este fenómeno de hiperglicemia é consequência de múltiplos factores, sendo os mais importantes a resistência do organismo em utilizar a insulina (conhecida como insulino resistência) ou uma produção deficitária desta hormona por parte do nosso pâncreas.
A insulina promove a entrada da glicose nas células e portanto promove a sua utilização pelas mesmas ao mesmo tempo que regula os níveis de açúcar no sangue.
Como se faz o diagnóstico da doença?
Muitas vezes as pessoas não têm queixas, sintomas. Quando estes existem são normalmente a sede excessiva, a vontade anormal de beber muita água, o aumento da frequência com que urinamos, o cansaço e a perda de peso.
Para que o médico possa confirmar o diagnóstico da doença devem ser constatados os níveis elevados de açúcar (glucose) no sangue. Isso pode fazer-se através da medição da glicémia no sangue após um jejum de 8 horas; se os valores forem superiores a 126mg/dL é diagnóstico de diabetes.
Numa pessoa com sintomas podemos medir a glicémia mesmo sem ser em jejum e se o resultado for superior a 200mg/dL também é indicativo de doença. Igualmente podemos avaliar a velocidade com que o organismo processa a glicose realizando uma prova de sobrecarga com esta substância e medindo os seus níveis sanguíneos após uma e duas horas.
O seu médico pode também pedir a avaliação daquilo a que chamamos hemoglobina glicada (HbA1c) que no fundo nos mostra uma média dos valores de glicose sanguínea dos últimos 3 meses.
E a diabetes é sempre igual?
Não, podemos diferenciar 3 tipos principais de diabetes. A diabetes tipo 1: mais comum em pessoas mais jovens, na qual há uma produção insuficiente de insulina que deve então ser fornecida farmacologicamente no dia-a-dia.
A diabetes Gestacional na qual se constatam valores de glicose elevados no sangue durante a gravidez e a diabetes tipo 2, a mais comum e mais relacionada com o estilo de vida praticado. É a diabetes tipo 2 que é mais comum em pessoas obesas e com excesso de peso, sobretudo acima dos 40 anos.
É o tipo de diabetes que mais se relaciona com os nossos hábitos alimentares, com o sedentarismo e o stress.
Quais as suas consequências?
As pessoas com diabetes têm um risco cardiovascular aumentado e portanto têm uma maior probabilidade de sofrer de doenças do coração, como por exemplo angina de peito, enfarte do miocárdio; e também doenças vasculares do cérebro como o acidente vascular cerebral (AVC), mais conhecido por trombose;
Além disso, a longo prazo a diabetes deteriora a função dos rins, aumenta a probabilidade de sofrer de problemas de visão (cataratas, glaucoma, retinopatia, cegueira), diminui a velocidade com que as feridas cicatrizam, diminui a qualidade das nossas defesas (sistema imune), promove a disfunção sexual e as doenças neuropáticas.
Como podemos tratar a doença?
Devemos ter em conta os 3 pilares do tratamento: a alimentação saudável, a prática de exercício físico e os fármacos. Todos têm como objetivo o controlo dos níveis de glicémia.
É essencial ter uma alimentação equilibrada, completa e variada com base na conhecida roda dos alimentos. Portanto, fazer 6-7 refeições diárias, comer sopa de legumes, saladas e fruta fresca, evitar os abusos no álcool, nas carnes gordas, nos açúcares e no sal, beber água.
Muitas vezes a alimentação do diabético deve ser adaptada e calculada, mas estes princípios são fundamentais. Não devemos descurar o exercício físico aeróbico pelo menos 3 vezes por semana, que deve ser adaptado à condição física de cada pessoa.
O tratamento farmacológico é feito com prescrição médica e também ele é adaptado a cada pessoa e à gravidade da sua doença de forma individualizada.
Nesta perspectiva é importante rastrear e tratar outras condições que podem aumentar o risco cardiovascular como pode ser o colesterol elevado, a hipertensão arterial e o tabagismo.
E durante a pandemia, o que deve uma pessoa com diabetes fazer?
Em declarada pandemia ou não a diabetes é uma doença crónica e precisa sempre de ser medicamente acompanhada. Uma diabetes bem controlada atrasa o aparecimento das complicações a largo prazo.
Até mesmo as pessoas que ainda não estão diagnosticadas mas que se revejam em alguns do sintomas de alerta, como a sede excessiva ou o aumento da frequência com que urinamos, não devem adiar procurar ajuda médica.
As unidades de saúde já retomaram a atividade clínica e estão preparadas para realizar em segurança exames, consultas e tratamentos.
E podemos prevenir?
Sim, podemos prevenir. Podemos desde cedo promover hábitos de vida saudáveis. Podemos ensinar, partilhar e praticar exercício físico, podemos e devemos torná-lo divertido e estimulante.
Podemos combater o sedentarismo apagando mais vezes a televisão e os ecrãs. Podemos ter atenção ao nosso peso e tentar sempre atingir aquele que para a nossa altura é o ideal.
Podemos ter atenção ao que comemos e a quanto comemos, devemos fazê-lo de forma consciente; já dizia o pai da medicina moderna, o grego Hipócrates: “Que o teu alimento seja o teu medicamento”.
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