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Dom Fafe

Associação da Benedita apoia imigrantes de origem indiana em Portugal

Mariana Martinho

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Dom Fafe é o nome da associação literária sediada há dois anos na Benedita, que promove projetos em áreas relacionadas com a cultura, a educação e a interação intelectual, apoiando assim autores e artistas, portugueses e estrangeiros, que se dedicam a causas altruístas. Este projeto literário, que consiste na “ideia de atender as questões sociais via arte e literatura”, também apoia imigrantes de origem indiana em Portugal, nas questões relacionadas com a sua integração.
Uma das iniciativas promovidas pela associação

Com o lema “Aprender é servir”, a associação resulta de “uma aspiração dos seus fundadores, pessoas ligadas ao ensino e à escrita”. Composta por professores, intelectuais, investigadores e artistas, a Dom Fafe dedica-se a causas altruístas, como por exemplo a emancipação de mulheres, a injustiça social, a migração e a diáspora. Promove ainda “um diálogo intercultural através de publicações de livros, que criam uma consciência critica sobre esse mesmo assunto”, explicou o secretário da associação e professor, Saikiran Datta, exemplificando com “quatro casos”.

Um deles é obra “A Mulher de Véu e Outras Histórias da Índia”, que debate sobre o tema de mulheres, entre outros”, sublinhou o professor, adiantando que trata-se de um livro inserido na coleção de quatro obras da autoria de um escritor indiano residente em Portugal, Surinder Datta, que celebrou, no ano passado, 50 anos de carreira literária. Na obra, o autor retrata as mulheres como seres emancipadas, elevando o seu estatuto social. “Cada uma no seu estado de emancipação, o autor germina, dentro da consciência masculina, o lado feminino – o emocional e o criativo”, explicou Saikiran Datta.

Além dessa obra, o projeto literário também destacou o livro “O Círculo Luminoso”, que está na sua segunda edição, e que celebra a mulher, indicativo do rumo da consciência humana no século XXI, o “PapaDon”, uma ficção dramática da atual sociedade indiana, “Ser e Tornar Consciente”, uma obra literária e filosófica, e mais recentemente o livro “Ensinamentos de Xadrez”, de José Cavadas. Direcionada para os alunos na idade escolar, o objetivo é de inculcar interesse num desporto que treina a mente e desenvolve capacidades como a disciplina e o raciocínio.

“O lado educativo foi o critério de seleção deste livro, já que as habilidades os preparam para enfrentar a vida e vencer os obstáculos através de soluções ponderadas”, frisou o secretário da associação.

Atualmente, a Dom Fafe está a trabalhar numa obra sobre Angola, de um historiador conhecido. Trata-se de um estudo académico numa perspetiva histórica e antropológica sobre a vida do povo angolano, onde este realça o estatuto da mulher angolana e os hábitos e costumes dos vários grupos étnicos.

Além dos livros, a associação também está empenhada em destacar os artistas nacionais e internacionais, partilhando os seus portefólios através da plataforma virtual onde estes podem exibir as suas criações, fotografias, esculturas ou pintura, dentro dos temas sociais.

Igualmente dão apoio aos imigrantes de origem indiana em Portugal nas questões relacionadas com a sua integração. Neste âmbito, Saikiran Datta explicou que facultam apoio na resolução de problemas do quotidiano, quer linguístico, quer educativo ou outros pontuais. “Temos vindo a criar uma ponte de ligação entre eles e as diversas entidades e serviços públicos através de tradução telefónica para eliminar a barreira linguística e, ao mesmo tempo, permitir uma integração saudável na sociedade portuguesa”, referiu, adiantando que que são vários os alunos oriundos da Índia que receberam o apoio da associação, no sentido de prosseguir com os seus estudos em Portugal.

No que diz respeito à vertente social, a Dom Fafe também está atualmente a desenvolver o projeto “Go Girl (Bora Miúda)”, que parte da iniciativa de uma jovem de 15 anos, que pretende criar uma plataforma de sensibilização das alunas da região Oeste sobre os problemas da saúde feminina. “Trata-se de mais um aspeto que debate a emancipação de jovens alunas”, frisou o responsável.

A par disso, o professor espera, “em breve, reiniciar as atividades culturais e literárias com o público, que foram condicionadas este ano com a pandemia”, como por exemplo um projeto-piloto que aguarda o arranque do ano letivo. Neste caso específico, trata-se de uma iniciativa, em parceria com o Agrupamento de Escolas Marinhas de Sal, de integrar os alunos indianos nas escolas portuguesas, em que “serviremos de uma ponte de ligação entre a escola e a comunidade de imigrantes indianos residentes no concelho de Rio Maior, de forma a eliminar as barreiras de comunicação e as diferenças culturas que as escolas portuguesas enfrentam”.

A associação também está estabelecer parcerias com outras escolas, que mostraram interesse nos seus programas literários e educativos.

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