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Seis arguidos condenados por assaltos à bomba em multibancos

Francisco Gomes

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Nove homens e quatro mulheres - com idades entre 24 e 60 anos, foram julgados pelo Tribunal de Coimbra acusados de envolvimento no assalto à bomba a 87 caixas multibanco espalhadas pelo país, algumas nas Caldas da Rainha.
Um dos alvos foi o multibanco que existia no Pavilhão da Expoeste, nas Caldas da Rainha

Cinco destes arguidos foram condenados a penas de prisão efetiva – dois deles a dezassete anos, um a catorze anos, um a dez anos e outro a nove anos e meio. Sete foram absolvidos e um foi condenado a pena suspensa.

A leitura de sentença decorreu no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, depois de grande parte do julgamento ter decorrido na Faculdade de Direito, devido à pandemia da covid-19, de forma a assegurar o distanciamento físico entre arguidos, advogados, assistentes e juízes.

Os assaltos ocorreram nos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Leiria, Coimbra, Porto e Braga, mas a situação considerada mais grave ocorreu em Vila Nova de Poiares e por isso foi o Tribunal de Coimbra, que tem a jurisdição, a julgar este gangue.

Roubaram 2.105,780 milhões de euros, entre 4 de setembro de 2016 e 11 de dezembro de 2017. Nos treze assaltos realizados na região Oeste (entre Alcobaça e Arruda dos Vinhos) os arguidos arrecadaram 322.58 mil euros.

Três dos principais suspeitos, de 29, 30 e 32 anos, residentes na zona de Sintra e Alcobaça, seriam os cabecilhas da rede e foram detidos pela Polícia Judiciária quando regressavam de mais um assalto, cujo método era com recurso a explosões dos terminais de multibanco.

Os assaltantes antes de concretizarem os roubos tentavam perceber se as caixas teriam muito dinheiro, pelo número de movimentos efetuados que lhe aparecia nos extratos das consultas de saldo, e verificavam também o modelo do equipamento, preferindo a versão mais antiga, com menos mecanismos de segurança. Também pulverizavam as câmeras de videovigilância com tinta em spray, para evitar serem filmados.

Andavam fortemente armados com espingardas metralhadoras automáticas AK-47, também conhecida como Kalashnikov, e revólveres. Usavam rádios portáteis emissores/recetores para comunicar entre si, evitando o uso de telemóveis. Atuavam de cara coberta com capuzes e gorros. Levavam mudas de roupa que vestiam após aos assaltos.

Regra geral o método consistia na utilização de uma botija de gás acetileno, que era explodido próximo do orifício de saída das notas do multibanco depois de incendiado um rastilho.

Normalmente introduziam uma mangueira na ranhura de saída das notas e ligavam a botija de gás à outra extremidade da mangueira, provocando uma explosão, após a qual retiravam as gavetas com o dinheiro do multibanco, numa operação de poucos minutos.

Fugiam em carros de alta cilindrada, onde por vezes colocavam matrículas furtadas a outras viaturas. Em alguns casos apareceram pessoas, que foram ameaçadas.

O grupo tinha apoio logístico em Loures, Cascais e em Évora de Alcobaça. Arrendava garagens e armazéns para guardar os veículos e o material utilizado nos crimes, entre armas, botijas de gás, baterias, mangueiras, fios elétricos e extintores.

Já as companheiras de dois dos principais membros do grupo intermediavam contactos com outros membros e ocultavam artigos utilizados nos assaltos, recorrendo normalmente às quatro garagens de que dispunham em Loures, Oeiras, Cascais e Alcobaça.

A ação do grupo acabou quando, após um furto em Torres Novas, ao chegarem ao armazém de Alcobaça com o dinheiro, foram intercetados por elementos da PJ e da GNR, que acabaram por detê-los.

Em Oeiras, a 13 de dezembro de 2017, foi localizada a base do grupo de assaltantes.

Cenários de destruição

Os multibancos que foram alvo de explosão estavam em diferentes tipos de estabelecimentos. Na Benedita, a 16 de setembro de 2016, o ataque rendeu 36.290 euros. A máquina multibanco estava instalada na padaria Jomafel, no IC2, e foi assaltada pelas 03h00. Tinha sido carregado na véspera.

Quatro indivíduos foram vistos a saírem com o cofre nas mãos. Um deles estava armado com o que parecia ser uma caçadeira. Algumas notas ficaram espalhadas no chão. O assalto durou três minutos. O estabelecimento estava fechado mas no piso superior encontravam-se dois padeiros a fazer pão. Não sofreram nada, a não ser um grande susto.

Os prejuízos no estabelecimento ascenderam a 50 mil euros, tendo em conta a destruição de uma obra de arte em vitrofusão e do vidro da padaria, entre outros estragos, como rachas nas paredes.

Quatro dias depois o grupo atuava em Ferrel, no concelho de Peniche. De um banco no centro da localidade eram retirados 37.080 euros.

Três homens encapuzados assaltaram a caixa multibanco, que tinha sido carregada com dinheiro na véspera. A população acordou em sobressalto ao ouvir uma explosão cerca das 03h30. O rebentamento provocou danos no edifício e num automóvel que se encontrava estacionado perto.

No dia 19 de outubro, de um multibanco em Vimeiro, Lourinhã, foram subtraídos 23.280 euros. Faltavam quinze minutos para as 04h00 quando os moradores da Rua do Cabecinha foram acordados por um enorme estrondo proveniente das instalações de uma delegação bancária. A explosão danificou a máquina e as próprias paredes de vidro da instituição, por onde dois assaltantes entraram, enquanto outro os esperava num carro. O multibanco havia sido carregado no dia anterior. Acederam à gaveta-cofre e fugiram com o dinheiro.

No dia 23 de outubro, a explosão no supermercado Frescos do Oeste, no Bombarral, rendeu aos larápios 41.800 euros. O alerta foi dado às 04h15 e os três assaltantes estavam armados e ameaçaram um funcionário que estava a trabalhar na padaria. Ficou um cenário de destruição. O carregado do posto ATM com dinheiro também tinha sido muito recente.

No dia 13 de dezembro, de um banco em Alenquer foram roubados 31.970 euros. O assalto ao multibanco foi registado pelas 04h45.

Em 2017 prosseguiram os assaltos. No dia 23 de fevereiro, por volta das 06h00, uma caixa de multibanco no exterior de uma agência bancária no Vilar, no concelho do Cadaval, ficou destruída. Os larápios levaram 15.910 euros.

A 4 de março, pelas 05h30, foi a vez de um banco junto à rotunda da Fonte Luminosa, nas Caldas da Rainha. O facto de ser uma zona residencial não intimidou os larápios, que levaram 22.280 euros. As portas de vidro ficaram partidas, o que permitiu a entrada na zona do multibanco. Uma câmera de vigilância ficou destruída com o impacto da explosão.

A 13 de maio protagonizaram um assalto num banco em Óbidos (12.200 euros) e na junta de freguesia de Salir de Matos, nas Caldas da Rainha (9.750 euros).

Eram 4h05 – a hora marcada por um relógio a pilhas que deixou de funcionar nessa altura devido à explosão, que fez estremecer o edifício da autarquia e cair as pilhas – quando os larápios atacaram a caixa multibanco.

A atuação foi rápida e após a explosão foi forçada a entrada na junta de freguesia, com arrombamento da porta de alumínio, para terem acesso ao armário onde estava a caixa multibanco. Escancarada pela violência do rebentamento, foi fácil aos assaltantes levarem as maletas com o dinheiro. A caixa tinha sido carregada com notas dias antes.

Os estragos provocados foram grandes – danos no monitor de um computador, numa fotocopiadora e noutros equipamentos. A caixa multibanco ficou inoperacional. Só recentemente – quase um ano e meio depois – foi instalado um novo multibanco em Salir de Matos.

No dia 27 de maio de 2017, em Vimeiro, Alcobaça, os ladrões atuaram pelas 05h17, atacando o terminal de uma agência bancária na rua principal da localidade. A explosão provocada destruiu os vidros do banco e abriu o armário do ATM, de onde foi retirado o cofre com as notas (12.430 euros).

No dia 3 de junho foram efetuados assaltos em bancos em Atouguia da Baleia, no concelho de Peniche, e na Foz do Arelho.

O primeiro assalto ocorreu cerca das 04h00 em Atouguia da Baleia. Após a explosão três indivíduos entraram no banco e aí partiram o vidro que dá acesso à caixa Multibanco, levando o cofre (19.390 euros). Os três estavam cobertos com um capuz e tinham uma máscara branca. Fugiram num carro com matrícula espanhola.

Uma hora depois aconteceu o assalto na praia do concelho das Caldas da Rainha. Um indivíduo ficou na rua a ver se vinha alguém, outro deu uma marretada na vitrina e depois um terceiro assaltante foi ajudado a carregar uma caixa com o dinheiro (46.020 euros).

A câmera de videovigilância foi pintada de negro para impedir a captação de imagens. Um carro alugado por turistas franceses que se encontrava junto ao banco sofreu danos devido à explosão.

No dia 9 de setembro, o alvo foi o Pavilhão de Feiras e Exposições Expoeste, nas Caldas da Rainha. O crime ocorreu às 05h30 e, além da explosão da caixa multibanco, os suspeitos partiram os vidros laterais e entraram dentro do edifício para retirarem as caixas com o dinheiro (14.180 euros). Os assaltantes provocaram danos no edifício estimados em cerca de três mil euros.

No dia 26 de outubro, atacaram uma agência de seguros no Carregado, Alenquer (9.580 euros). O assalto ocorreu pelas 05h45. A seguradora ficou com o vidro das montras partido e foram provocados danos em viaturas.

Dos 87 assaltos, o grupo não conseguiu concretizar 16 porque a explosão não foi suficiente para abrir o cofre. No período de atuação de gangue ocorreram assaltos semelhantes que poderão ter sido protagonizados por outros grupos.

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