Os presidentes de Câmara do distrito de Leiria e da região Oeste estão preocupados com o aumento de casos ativos de Covid-19 nos últimos dias. Os autarcas têm expressado em mensagens às populações a necessidade de mudar os comportamentos que neste período pós-confinamento têm levado ao crescimento do número de doentes infetados.
A necessidade de não se por em causa todas as precauções tomadas até agora e ter as devidas providências e cautelas para conter o crescimento de uma eventual segunda vaga de Covid-19, são os alertas deixados.
Com o regresso ao trabalho em muitas empresas, com as esplanadas dos cafés a voltarem a funcionar, com o início da época balnear, entre outras permissões, os autarcas pedem à população para estar ainda mais atenta, cautelosa e cumpridora das recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), porque os números de casos ativos de Covid-19 têm subido nesta terceira fase de desconfinamento no país.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, Gonçalo Lopes, revelou que numa reunião por videoconferência no passado dia 5 foi “manifestado por todos os participantes bastante preocupação quanto aos comportamentos da população neste período pós-confinamento, e expressa a necessidade de sensibilização junto das populações para o seguimento das medidas profiláticas emanadas pela DGS”.
Neste sentido, a comissão decidiu solicitar ao Instituto Politécnico de Leiria a elaboração de um flyer sobre medidas de sensibilização à população, a ser distribuído massivamente pelo distrito, de forma a incrementar as medidas de mitigação da Covid-19.
Ricardo Fernandes, presidente da Câmara do Bombarral, afirmou que “comportamentos menos cuidados, como infelizmente temos assistido neste momento de desconfinamento, poderão colocar em risco as vidas. Não vamos deitar a perder todo o esforço que foi feito ao longo de meses”.
Jorge Vala, presidente da Câmara de Porto de Mós, alertou que “esta fase de desconfinamento tem estes riscos e exige que a responsabilidade de cada um se sobreponha à vontade de se entender que já voltou tudo ao normal, porque não voltou”.
André Rijo, presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, comentou “obviamente há muito caminho a percorrer e tudo a fazer para não deitar todo este esforço a perder. E portanto, passo a passo, temos de continuar firmes nesta luta, que não nos deixa tréguas e que exige de nós um compromisso máximo”.
“Apelamos de forma incisiva que mantenham o distanciamento social recomendado, a higienização frequente das mãos, a etiqueta respiratória e o uso correto da máscara de proteção individual. Apelamos também para que não mandem as máscaras, luvas ou lenços utilizados para o chão”, pediu Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas da Rainha.
Analisando a situação epidemiológica na região Oeste nos dias 1 e 8 de junho constata-se que houve mais 99 casos confirmados (passaram de 341 para 430), sendo que são mais 61 casos ativos. O número de recuperados passou de 201 para 228 e houve uma morte, a primeira, no concelho de Torres Vedras.
Caldas da Rainha regista mais 17 casos ativos, sendo agora 27 no concelho. Foi a maior subida, mas Alenquer é o concelho com o maior número de doentes ativos – 81 (mais 6).
Alcobaça (mais 9) e Torres Vedras (mais 3) têm 16 doentes ativos. Bombarral tem 13 (mais 11), Lourinhã 10 (mais 5), Peniche 9 (mais 8), Sobral de Monte Agraço (mantém) e Arruda dos Vinhos 6 (mais 1), Cadaval 4 (mais 1), Nazaré 2 (menos 1) e Óbidos 1 (mais 1).
Os casos na Nazaré são todos “do mesmo agregado familiar”, de acordo com a Proteção Civil Municipal.
Caldas estende medidas de apoio por mais três meses
“Estão a ser realizados mais testes e é provável que o número de casos suba nos próximos dias”, afirma o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, adiantando que o aumento “resultou sobretudo em contexto de atividade profissional fora do concelho ou de pessoas de fora que vêm trabalhar cá”.
O Município vai estender até 30 de setembro (mais três meses) as medidas de apoio económico às famílias, empresas e comerciantes mais afetados pela crise pandémica.
Redução na fatura da água para as famílias economicamente mais afetadas e isenção completa do pagamento de tarifas e de diversas taxas de comércio relacionadas com a ocupação do espaço público (esplanadas, quiosques e publicidade) para as empresas que tenham tido quebra nas receitas, são duas das medidas.
A autarquia vai continuar a isentar o pagamento mensal das tarifas de lugares de estacionamento nos parques subterrâneos às empresas que se encontrem encerradas ou que tenham perda de faturação de 40% ou mais.
O Fundo de Emergência Social foi reforçado para ajudar as pessoas que não tenham condição de assumir as suas despesas essenciais.
Alcobaça fiscaliza lares e empresas
“As minhas preocupações estão a confirmar-se. A segunda vaga latente na grande área metropolitana de Lisboa tem tendência a alastrar-se para a região Oeste. Três novos casos recentes dizem essencialmente respeito a trabalhadores das nossas empresas que foram prestar serviços de construção civil ou de outra índole a Lisboa”, transmitiu Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça.
“Os nossos trabalhadores e as nossas empresas têm de ter o máximo de cuidado nas suas deslocações para a zona de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente a nível do uso de meios de proteção individual (viseiras, mascaras e luvas) e cumprir o distanciamento social”, declarou o autarca.
O presidente da Câmara de Alcobaça revelou também que foi efetuada uma ação, em conjunto com as autoridades locais de saúde, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e com a GNR, em três empresas “onde laboram trabalhadores agrícolas estrangeiros e sazonais oriundos de India, Nepal, entre outros países”.
Foi igualmente realizada uma vistoria a “três lares ilegais do concelho”, na perspetiva da prevenção e de uma eventual deteção de possíveis focos de Covid-19.
“Faço aqui um apelo e um alerta: com o início da época balnear, devemos estar ainda mais atentos, cautelosos e integralmente cumpridores das recomendações da DGS. O crescimento de uma eventual segunda vaga de Covid-19 ainda pode ser evitado se todos tomarmos as devidas providências e cautelas. Teremos que continuar a trabalhar para termos uma economia com viabilidade, mas não podemos por em causa todo o trabalho que fizemos até agora”, vincou Paulo Inácio.
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