A iniciativa inicial deste movimento começou por ocorrer no concelho de Peniche, quando um grupo de cidadãos, através de uma conversa, mostrou-se preocupado, com o potencial impacto que a Covid-19 poderia ter no direito à educação para todos. “A principal preocupação desta iniciativa é a existência de alunos, em muitos locais do país, sem internet ou qualquer dispositivo (computador, tablet ou smartphone), que lhes permita o acesso ao ensino a distância, ficando, por isso, expostos a um maior potencial de risco de exclusão social, e possível abandono escolar”, explicou a APEARP.
Nesse sentido, o “Reciclar para Aprender” procura juntar técnicos, famílias, estudantes, professores, amigos e conta com o apoio dos agrupamentos de escolas, empresas de vários ramos, órgãos autárquicos e outros parceiros, para tentar angariar computadores e equipamentos, que estão postos de parte e aplicar os vários R da economia circular – “Reutilizar, reparar, reciclar” – direcionando-os posteriormente para quem precisa, num espírito de educação inclusiva. Ao praticar o reaproveitamento esta iniciativa acaba por proporcionar também uma aprendizagem acerca das boas práticas ambientais.
Nas Caldas da Rainha, a APEARP decidiu replicar a ideia, que atualmente conta com o apoio da direção do agrupamento escolar, da comunidade de docentes e de voluntários de dentro e fora da escola. Segundo a APEARP, “o Reciclar para Aprender, não é um projeto que visa obtenção de quaisquer lucros e/ou benefícios, nem é exclusivo de uma entidade e/ou organização, pelo contrário, é um projeto aberto para que seja aplicado e replicado pelo país inteiro, através das comunidades locais”.
Neste momento, o “Reciclar para Aprender” nas Caldas da Rainha encontra-se numa fase inicial, onde a associação pretende primeiro evidenciar as necessidades, depois organizar-se e encontrar voluntários para que tudo possa funcionar devidamente. Apesar disso, o movimento nesta primeira semana já conseguiu recolher cerca de uma dezena de computadores, que agora irão ser avaliados e adaptados pelos voluntários (especialistas na área da informática), para garantir que posteriormente funcionem com as ferramentas necessárias, tornando-se desta forma aptos para entrega.
“Dos materiais cedidos existem por vezes casos em que temos o computador de secretária, mas falta o ecrã, teclado ou rato”, sublinhou a associação de pais, apelando assim a que “todos os que possam doar (empresas e/ou particulares) e tenham material deste tipo (computadores, ecrãs, ratos, tablets, entre outros) que não utilizem, que esteja danificado ou simplesmente ultrapassado”.
Quanto à forma de distribuição destes equipamentos, o grupo de voluntários explica que esta será feita de acordo com o critério estabelecido com o agrupamento, começando por serem uma prioridade as famílias com mais do que um estudante e o escalão de ação social.
Igualmente referiu que “é preciso, neste momento, ter a consciência de que o equipamento informático que está na arrecadação de muitos de nós, pode fazer a diferença na vida destas crianças ao permitir-lhes o acesso à aprendizagem”.
No caso do Agrupamento Raul Proença foram identificados “cerca de 350 estudantes que se encontram nesta altura ainda sem computador e sabemos que existiam ainda 174 sem acesso à internet”. Apesar destes terem sido os números detetados até ao momento, a associação de pais acredita que “as necessidades poderão ser na realidade maiores, pois poderão haver famílias que não responderam ao questionário e outras que na altura não se aperceberam que iriam ter necessidade de ter mais do que um equipamento, como nos casos de famílias com mais do que uma criança/adolescente”.
Para esta causa, o município caldense também disponibilizou equipamento de internet móvel, contudo, “há que realçar que com aulas telemáticas gastam-se muitos gigabytes de internet, que se traduzem em custos elevados”, referiu a APEARP.
Além deste movimento, a associação também está envolvida no projeto “Tools4edu”, onde esclarece as famílias sobre utilização das aplicações como o Classroom ou Zoom, e ainda “tentamos orientar ou encaminhar as famílias para as entidades competentes que pretendem continuar a usufruir do serviço de refeições escolares”. “Nesta fase, ainda tentamos perceber porque é que as famílias não recorrem a esse serviço e informando-as de que continuam a ter esse direito”, sublinhou a associação de pais, salientando ainda que “as refeições escolares podem também ser solicitadas por famílias que, ainda que não sendo do escalão A ou B, passem neste momento, por dificuldades devido ao abrandamento da economia”.
O grupo ainda presta ajuda, no que diz respeito ao apoio pedagógico a estudantes com Necessidades Educativas Especiais ou estudantes com maiores dificuldades e suas famílias.
Para quem quiser apoiar o movimento basta contactar a APEARP através do e-mail apearp2500@gmail.com ou através das redes sociais https://www.facebook.com/Apearp/.
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