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Pai e madrasta de criança assassinada ficam em prisão preventiva

Francisco Gomes

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Os dois suspeitos da morte de Valentina Sofia Teodoro Fonseca, a menina de nove anos que foi encontrada morta num eucaliptal na freguesia da Serra d'El Rei, em Peniche, vão ficar em prisão preventiva, de acordo com as medidas de coação determinadas nesta quarta-feira por um juiz de instrução criminal no Tribunal de Leiria.
O pai da criança, num momento em que ainda decorriam buscas

O pai, Sandro Bernardo, de 32 anos, está acusado de homicídio qualificado, violência doméstica e profanação de cadáver. A madrasta, Márcia Bernardo, de 38 anos, está acusada da autoria de um crime de homicídio qualificado por omissão e sob dolo eventual, e profanação de cadáver.

Os fortes indícios deste crime apontam para que a criança tenha morrido por intervenção direta do pai e que a madrasta tenha assistido e encoberto a morte.

O corpo de Valentina foi autopsiado para se determinar como morreu. O resultado preliminar aponta para uma morte violenta, com agressões em vários pontos do corpo, lesões na cabeça e indícios de asfixia, que terão sido provocados na casa de banho da habitação, no Bairro do Capitão. As causas da morte só serão confirmadas depois de exames laboratoriais.

O funeral de Valentina realizou-se na terça-feira, no cemitério de São Brás, no Bombarral, vila onde residia com a mãe, exceto quando passava alguns dias com o pai e a madrasta, que foram detidos por fortes indícios de terem assassinado a criança na casa onde a acolhiam temporariamente, em Atouguia da Baleia, no concelho de Peniche.

O cadáver da menina, que tinha sido dada como desaparecida na madrugada da passada quinta-feira, foi descoberto na manhã de domingo, na sequência dos interrogatórios efetuados ao pai e à madrasta, que estão “fortemente indiciados dos crimes de homicídio e ocultação de cadáver”, revelou Fernando Jordão, coordenador do Departamento de Investigação Criminal de Leiria da Polícia Judiciária, numa conferência de imprensa no domingo, ao lado do comandante do destacamento da GNR das Caldas da Rainha, capitão Diogo Morgado, e do comandante dos bombeiros voluntários de Peniche, José Rodrigues, forças operacionais que estiveram envolvidas em buscas, induzidas por um pretenso desaparecimento voluntário.

Na sequência dos interrogatórios feitos pela PJ a Sandro e a Márcia e outras inquirições, nomeadamente ao filho da madrasta, de doze anos, que vivia com o casal juntamente com outras duas crianças, de quatro anos e um bebé de poucos meses, filhos de ambos, o cadáver seria encontrado na freguesia da Serra d’El Rei, a cerca de seis quilómetros de distância da habitação. Terá sido transportado num Renault, que pertence a Sandro. Estava tapado com arbustos.

Os motivos que levaram ao crime não foram revelados, mas foi descartada a argumentação de ter sido um episódio acidental, como alegam os detidos. Contudo, a criança não estava referenciada por maus tratos.

O caso motivou a revolta da população, enganada desde o primeiro momento em que se desencadearam as buscas pela menina, na sequência da queixa apresentada pelo pai junto da GNR de Peniche, na manhã da passada quinta-feira.

Ao final da tarde o desaparecimento tornava-se público, numa publicação no Facebook, em que um tio da criança relatou que “ela saiu de casa pela manhã”, adiantando que “quando o meu irmão acordou ela já não estava em casa”. A menina tinha vestido “um pijama, chinelos brancos e um casaco azul”.

Segundo o familiar, “não é a primeira vez que a menina foge de casa”. Em abril do ano passado, quando estava com o pai e madrasta a viver na cidade de Peniche, foi encontrada na rua dizendo ter saudades da mãe. Na altura o caso foi comunicado à comissão de proteção de menores, mas arquivado posteriormente por se considerar que a criança não estaria em risco.

Ao longo do dia a GNR não descobriu o seu paradeiro e foram então envolvidos meios da Proteção Civil e dos bombeiros. As buscas, alargadas ao perímetro da freguesia, que tem 46 quilómetros quadrados de área, contaram com a utilização de cães pisteiros e com recurso a drones, para uma pesquisa aérea da zona, e no fim de semana chegaram a contar com grupos organizados com cerca de cem pessoas, incluindo escuteiros. No total estiveram envolvidos 600 elementos, que palmilharam a freguesia mais do que uma vez.

“Estamos todos impacientes à procura da menina, é como procurar uma agulha num palheiro”. A declaração, emotiva, era de Afonso Clara, presidente da junta de freguesia de Atouguia da Baleia, e evidenciava que estavam a ser esgotadas todas as possibilidades para encontrar Valentina.

Filha de pais separados, a criança, que morava habitualmente com a mãe no Bombarral, estava na altura na residência do pai e da madrasta, onde se encontrava há vários dias,

Apesar de ser uma zona residencial ninguém se apercebeu de alguma situação anormal. A Polícia Judiciária, com inspetores e uma equipa forense, recolheu vestígios na habitação, para realizar exames periciais em laboratório. Os técnicos do Laboratório de Polícia Científica, unidade da Polícia Judiciária de apoio à investigação criminal, procuraram despistar a eventual existência de sinais de crime, um dos cenários que estavam em aberto.

Os familiares da criança, quer do lado paterno, quer o lado materno, divulgaram apelos nas redes sociais, no sentido de que se alguém tivesse informações sobre a menina contactasse as autoridades policiais.

O pai trabalhou numa indústria conserveira de Peniche e preparava-se para emigrar para a Bélgica com a companheira, doméstica. Para além da justiça, ambos enfrentam agora a fúria de Portugal inteiro.

A madrasta da menina fica em prisão preventiva na cadeia de Tires, enquanto que o pai vai para o Estabelecimento Prisional de Lisboa. O julgamento poderá demorar meses a ser realizado, tendo em conta a investigação e elaboração do processo, e possivelmente só acontecerá em 2021.

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