-Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
Depois vendo o caso bem mais sério, disseram que as máscaras, já usadas em outros países como obrigatórias, até não faziam grande sentido, dando a entender que eram quase inconvenientes, em algumas situações. É claro – porque não as tínhamos. Agora sabendo que nesses países, em que o seu uso está generalizado e obrigatório, há poucas mortes e contágios, parece que nos querem dizer que afinal as máscaras já fazem algum sentido. E se, por acaso, tivéssemos máscaras para todos, talvez até viessem a decretar o seu uso obrigatório.
-Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
Então ainda não se lembraram que 10 milhões de portugueses enfiados em casa, poderão resolver facilmente, e de uma assentada, vários problemas? Basta que ordenem que em todos os lares, os lençóis e os cobertores sejam cortados em pequenos quadradinhos, do tamanho das máscaras e com um simples cordão, surgirão máscaras caseiras em “barda”. Deste modo facilmente poderá ser decretado o seu uso obrigatório.
-Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
Assim, esta nova e grande indústria caseira e nacional, manterá os portugueses em casa e, em vez de estarem passados da tola e a darem porrada nas mulheres, passarão a verdadeiros industriais de máscaras. Será pois este, também, o modo mais simples de acabar com a violência doméstica.
–Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
Com esta nova indústria em pleno funcionamento e, uma vez que, como diz o nosso presidente da república “os portugueses são sempre os melhores do mundo no que fazem”, poderemos, em breve, substituir os chinocas, com exportações até agora impensáveis, que acabarão, em última consequência, numa explosão económica, e na possibilidade de compra de bancos, companhias de seguros, companhias de gás e de electricidade, visto que as nossas máscaras serão as melhores do mundo, sem qualquer hipótese de concorrência. A sua qualidade será tal, que teremos máscaras de lençol para os países quentes e de cobertor para os países frios.
-Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
Já viram que, com esta nova situação, já não precisarão de mentir ao Zé Povinho, na questão das máscaras, ficando mesmo com ele “nas mãos”. Ficarão, assim, com as próximas eleições antecipadamente ganhas. Além disso, com máscaras de tal qualidade, poderão decretar a abertura das aulas, dos mercados, das lojas e sobretudo dos jogos de futebol. E com os jogos de futebol em pleno e, já agora, das procissões, que também poderão ser activadas, o povo estará definitivamente feliz e aos vossos pés. E se esta indústria tem surgido mais cedo, o 25 de Abril seria a maior comemoração nacional de sempre, e o 1º de Maio a verdadeira felicidade para todos os trabalhadores. Ou outro problema nacional, dado que os trabalhadores viraram, entretanto, industriais. No entanto a estes, de momento, faltar-lhes-á apenas, para completa felicidade, uma praiazinha e umas valentes bejecas.
– Mas, vocês andam mesmo aparvalhados!
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