A ideia nasceu em Cascais através de Nuno Botelho, cidadão que se lembrou de pegar numa caixa, encher com bens alimentares e colocá-la num jardim, para quem precisasse de ajuda alimentar. Pouco tempo passou até que os vizinhos se apercebessem e começassem também a contribuir.
Entretanto, Nuno criou um grupo nas redes sociais -@caixa.solidaria- não só para informar as pessoas da localização da caixa, como para incentivar outras a replicar a iniciativa nos seus bairros, de forma a que cada um “leve o que precisar, deixe o que puder”.
De norte a sul, foram já várias as cidades que receberam a iniciativa nos últimos dias, contando atualmente com 1505 caixas solidárias registadas por todo o país. No caso das Caldas da Rainha, o projeto chegou há cerca de uma semana, e atualmente, conta doze caixas solidárias, de acordo com a página.
Duas delas instaladas na cidade, uma na Avenida da Independência Nacional e outra no Bairro dos Arneiros, junto ao Quiosque da Fonte Luminosa, são da iniciativa da caldense Cristina Pinto em co-autoria com Sofia Sousa e Liliana Dias.
Cristina Pinto conheceu a Caixa Solidária através do Facebook, onde atualmente estão “quase sessenta mil membros”. “Andava a pensar numa forma de fazer qualquer coisa e tornar-me útil à sociedade, e acabei por descobrir nas caixas solidárias uma forma de o fazer”, explicou a caldense.
Para além de replicar a ação nas Caldas da Rainha, Cristina Pinto decidiu partilhar o cartaz nas redes sociais de modo a atrair a atenção das pessoas, que não tardaram a abraçar a causa. “Os caldenses que estavam no grupo abraçaram a ideia, replicando as caixas em vários pontos da cidade”, frisou, adiantando que assim “acabamos por ajudar pessoas, que realmente precisam de ajuda, e que acredito que são cada vez mais”.
As caixas solidárias funcionam com base numa “ideia simples, que ao mesmo tempo é genial”, sendo que a “única coisa que é preciso fazer é que alguém tenha a iniciativa de colocar uma caixa na zona onde mora”. Além da caixa é preciso “deixar um cartaz de forma a identificar a iniciativa e posteriormente as pessoas acabam por proativamente irem lá depositar alimentos para que outras pessoas possam ir buscar”.
No fundo, “a ideia é que os que podem, possam partilhar, e que aqueles, que não podem, possam ir buscar alimentos, de forma suprimir as necessidades básicas”. Além de bens de primeira necessidade, previamente higienizados, Cristina Pinto apela a que as pessoas deixem bens de higienização pessoal, bem como bens alimentares para animais de companhia, ou seja, “tudo aquilo que não se estrague e que possa ser depositado nas caixas para que as pessoas possam levar com segurança”.
Natacha Sklyaruk tem um café junto ao Centro de Saúde das Caldas da Rainha e deixou pão. “Devemos ajudar quem mais precisa, e hoje como sobrou pão resolvi entregar aqui para as pessoas que realmente precisam”, frisou.
O apelo à solidariedade é crescente e apesar de a caixa estar há poucos dias na rua, a resposta dos habitantes junto à Fonte Luminosa tem sido “muito boa”, referiu o responsável pelo Quiosque Fonte, Ricardo Filipe, adiantando que “quem tem menos recursos é quem mais tem contribuído para a caixa”, que é higienizada várias vezes ao dia. Igualmente referiu que “quem vem buscar os bens alimentares, vem sobretudo durante o período da noite”, garantindo-se assim a privacidade necessária.
Para além de outras caixas colocadas na cidade, a ação já chegou a Tornada (junto à farmácia), Bairro Social, Salir de Matos (junto ao salão paroquial) e A-dos-Francos (no átrio da Junta de Freguesia).
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