Cerca de duas semanas e meia depois de ter recebido a indicação que estava infetado, voltou à Nazaré “satisfeito por estar junto da minha família”, contou o canalizador, de 41 anos.
A deteção do vírus aconteceu numa altura em que pouco conhecimento havia destes casos. “Foi um bocado complicado porque como ninguém dentro do navio tinha essa informação. Foi lidar às escuras e não sabíamos contra o que estávamos a lutar”, relatou.
Com a função de canalizador há cinco anos na empresa Princess Cruises, Adriano estava no cruzeiro Diamond Princess desde 13 de dezembro. Soube da existência do vírus a bordo a 4 de fevereiro e continuou a exercer as suas funções, enquanto o navio ficou de quarentena, ao largo do Japão.
O teste à saliva foi feito no dia 20 de fevereiro, data prevista para regressar para Portugal, o que se tornou impossível por vir a confirmar estar contaminado.
Começou aí a luta, travada a partir de Portugal pela esposa, Emmanuelle Maranhão, para o retirar do barco e dar entrada num hospital, o que aconteceu dias depois. O alívio veio com os resultados negativos a novos testes realizados a 26 e 28 de fevereiro, que lhe permitiram obter o certificado de alta hospitalar que assegurava que Adriano Maranhão não estava contaminado, podendo regressar a Portugal.
Ao longo deste período só tomou dois comprimidos paracetamol. Nada mais, ou seja, não foi medicado para eliminar o vírus. Aliás, ainda não há nenhuma vacina. Como é que então se curou? “A única explicação que me deram é que já devia estar quase no fim do processo de incubação e que o meu corpo estava a expulsar o vírus. O meu sistema imunológico contribuiu para este sucesso”, sublinhou.
Contudo, reconheceu que “não estou imune e posso voltar novamente a ser contaminado por uma pessoa infetada”. Mas essa é uma situação comum a todas as pessoas.
Quanto ao estigma que poderá recair sobre ele nos primeiros tempos agora de regresso à Nazaré, admitiu que “as pessoas poderão ficar um bocado receosas em cumprimentar-me, mas eu compreendo e estou a encarar bem, e para além disso também eu posso apanhar o vírus em contacto com essas pessoas”. De qualquer forma, no seguimento das indicações das autoridades de saúde para as populações evitarem cumprimentos, beijos e abraços os contactos são já evitados.
Hélder Vigia, de 49 anos, técnico de manutenção, da Nazaré, e Daniel Silvério, de 54 anos, de Alcobaça, carpinteiro, que igualmente estavam a bordo do Diamond Princess mas que não acusaram o vírus, cumprindo no entanto um período de 14 dias de quarentena, também tiveram autorização de regresso a Portugal.
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