“Felizmente conheço bem as escolas e o que distingue uma sociedade desenvolvida de uma sociedade atrasada chama-se aprendizagem”, salientou Guilherme d’Oliveira Martins, que foi ministro da educação no governo de António Guterres.
Convidado pela professora Lina Nicolau, coordenadora da Estratégia de Educação para a Cidadania de Escola, numa sessão dirigida a professores e que teve como tema educação e cidadania à luz do perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória, o orador sublinhou que conhecimento é a chave da “perspetiva humanista”. Para o docente universitário “mais importante do que fazer a pergunta é saber fazê-la”. Saber expressar e comunicar as ideias são, para o orador, fatores essenciais. O antigo ministro considera que um dos desafios que se colocam hoje às crianças que chegam à escola é o de conseguir orientá-las a utilizar corretamente a muita informação que já possuem, transformando-a em conhecimento. O orador lembrou que “eramos o país da Europa que visitávamos menos os museus e que íamos a espetáculos culturais, e agora fomos o terceiro de toda a europa a ter o maior número de atividade de envolvimento concreto de cidadania ativa em torno de todo o património cultural”. “Isto porque transformámos as escolas e bibliotecas escolares em centros de recursos, pontos de encontro, como placas giratórias, onde aprender é simultaneamente dialogar”, explicou. Questionado sobre o papel da escola nesta era digital, Guilherme d’Oliveira Martins disse que vai ser a instituição que “mais rapidamente vai ter que se adaptar porque os desafios estão a mudar”. “Estaremos nós em condições de responder ao desafio de termos um envelhecimento maior?”, questionou o responsável. Quanto a uma série de mudanças que se está a exigir aosprofessores, nomeadamente aos docentes mais velhosà beira da reforma que não têm vontade de se adaptarem aos novos tempos,o antigo ministro da Educação realçou a necessidade de encontrar“formas reais e eficazes de valorizar o professor e educador na sociedade”. “É indispensável encontrarmos formas de valorização e motivação que tantas vezes não são exclusivamente materiais”, salientou, o professor universitário. Guilherme d’Oliveira Martins recordou um inquérito recentemente feito a alunos do ensino secundário, onde a resposta mais frequente é que a escola é “uma maçada”. “Não podemos cruzar os braços com esta resposta”, adiantou, sublinhando que “os resultados e avaliações são importantes, mas o fundamental é a aprendizagem”. O político defende para a escola “novas estratégias que permitam a diversidade, flexibilidade e motivação”. “Uma cabeça bem feita, que é mais importante do que uma cabeça bem cheia”, declarou. Guilherme d’Oliveira Martins que é um apaixonado pelo patrono da escola disse que estará disponível para voltar ao estabelecimento de ensino para falar de “Raul Proença” (1884-1941), que foi “um dos “intelectuais mais ativos e influentes durante as primeiras décadas deste século”.
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