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Os desejos ridículos do ministro da Educação

Francisco Martins da Silva

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Atribui-se a Platão a afirmação de que a burla e o ridículo são as injúrias que menos se perdoam.
Francisco Martins da Silva

O ridículo coincide com a burla na negação da seriedade e da credibilidade.

No que se refere à actividade docente, a sociedade e o Ministério da Educação querem, há muito, fazer do ridículo e da burla um objectivo.

Querendo que os professores sejam o que toda a gente sabe que não são, estão a querer fazer deles burlões ridículos. Psicólogos, pedopsiquiatras, mães adoptivas, guardadores, animadores, adivinhos, “educadores especiais”? Quem lhes pode perdoar? São os mesmos que querem esta distorção fraudulenta do papel e do estatuto dos professores que, depois, os desprezam por isso mesmo.

Prosseguindo esta linha mendaz, o ministro da Educação, acintosamente o mesmo da falhada e conflituosa legislatura anterior, deseja que, de agora em diante, todos os alunos do ensino básico passem de ano. Todos. Para isso, está a contar com os professores. Em recente entrevista ao jornal Público, o ministro manifesta o desejo de que os professores “trabalhem de forma intensiva e diferenciada com os alunos que revelam mais dificuldades”. Como se fosse humanamente possível, na escola de massas, o professor praticar o ensino individualizado em turmas numerosas onde proliferam os mais diversos problemas que exigem resposta especializada. Talvez com um professor de cada disciplina especializado em cada aluno problemático, quem sabe? E, magnânimo, o ministro dispõe-se até a “reforçar a autonomia dos professores na tomada de decisão pedagógica”. Este ministro fará ideia do que fazemos nas aulas? Como pudemos resistir até hoje sem esta generosa autonomia?

O que realmente deseja o ministro é que os professores, personificando o heterónimo profissional mais adequado — curandeiro, talvez? —, produzam, justificado por pilhas de relatórios, formulários e actas, o feitiço da aprovação universal, para que o Estado poupe 250 milhões de euros por ano. Tal objectivo tinha de ter um embrulho bonito, e a estafada e confusa ideia de “inclusão” é o laçarote eufemístico que ata este revolucionário processo de “ensino-aprendizagem”. Quem poderá levar a sério uma escola assim? Quem perdoará aos seus professores a conivência? Burla ridícula.

Na referida entrevista ao jornal Público, o ministro da Educação, descontraidamente sentado num banco de jardim, conclui, sorridente, que “a chave, neste caso, é encontrar as melhores estratégias para apoiar e alavancar o sucesso de todos os alunos”… Estratégias? Mais truques é o que ele espera, para concretizar algo que sabe que é honestamente impossível com os meios existentes — aprovar todos os alunos.

Quando os professores vêem que este ministro da Educação é o mesmo do mesmo governo que cometeu a ilegalidade de lhes negar o direito mais básico de quem trabalha, que é a contagem do tempo de serviço cumprido, e os deixa entregues a si próprios num ambiente de permanente indisciplina, enxovalhos e agressões físicas, ficam incrédulos perante tais desejos delirantes de colaboração. Em situações de desfaçatez como esta, a nossa perplexidade indignada pode sempre recorrer à mais célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro.

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