Carlos Filipe falou com o JORNAL DAS CALDAS no final de uma sessão de esclarecimento sobre esta espécie predadora que decorreu, no passado dia 30, no auditório da Câmara.
O combate a esta espécie invasora está nas prioridades do município, pelo ainda impacto negativo que esta representa para a agricultura e para as explorações agrícolas do concelho e da região, comprometendo seriamente a produção de mel e seus derivados, não esquecendo o elevado risco ecológico que representa para a saúde pública e economia local.
Atento a esta problemática da vespa asiática o Município das Caldas da Rainha, através do seu Serviço Municipal de Proteção Civil, promoveu uma sessão de esclarecimento sobre esta espécie predadora.
É uma espécie para eliminar, mas não deve ser encarada com medo nem causar alarme. Diz este especialista que a vespa asiática constitui uma ameaça para a saúde pública, reagindo de modo bastante agressivo quando sente os ninhos ameaçados, “incluindo perseguições até algumas centenas de metros”. Isto é, se alguém tentar destruir um ninho de vespas sem as devidas precauções, as vespas asiáticas podem atacar. “A não ser que as vespas sejam provocadas, elas não se tornam agressivas sem motivo e não são mais agressivas do que as vespas europeias”, explicou Carlos Filipe.
Os ninhos costumam ser implantados em locais de difícil visibilidade, geralmente nas copas das árvores, por vezes a mais de meio metro de altura. Com a folhagem, torna-se ainda mais difícil detetá-los, sobretudo no período entre junho e setembro. É no outono, com a queda das folhas, que se tornam mais visíveis.
Ninhos encontrados em sótãos, estores e varandas
O membro da direção da Associação de Modelismo do Centro de Portugal explicou que vespa asiática tem alastrado e que os ninhos têm sido encontrados em vários locais estranhos, e aí pode representar um perigo maior, porque a probabilidade de alguém mexer nos ninhos é também maior. “Instalam-se em sótãos, varandas, estores, garagens e até já foi encontrado um dentro de uma bota que estava numa arrecadação e nesses casos, as pessoas vão mexer e as vespas podem tornar-se agressivas”, adiantou.
Carlos Filipe disse que em Portugal houve cinco mortes, três das quais foram de pessoas que “entraram com tratores em terrenos com silveiras e acidentalmente destruíram ninhos de vespas, que ao sentirem-se ameaçadas, atacaram”. O último caso foi um homem de Tondela a cortar um pinheiro que tinha um ninho e foi atacado e acabou por falecer.
As vespas asiáticas colocam em perigo a biodiversidade, nomeadamente as abelhas e a produção de fruta. “Ela ainda não atacou a pera rocha porque é apanhada verde, porque na fruta madura já há grandes prejuízos”, alertou o responsável.
Segundo Carlos Filipe, um ninho com 50 cm de diâmetro demora 4 a 5 meses a construir e um mais pequeno com 20 cm demora 2 a 3 meses.
O dirigente da AMCP esclareceu que, inicialmente, as técnicas de combate à vespa asiática não eram as melhores, nomeadamente queimar ou remoção do ninho à noite sem extermínio das vespas, acabando por originar a replicação de ninhos.
“Mas, atualmente, o sistema é ao contrário, não retiramos o ninho, alimentamo-lo com feromonas para atrair todas as vespas, mortas posteriormente com recurso a inseticidas. O objetivo é que o maior número de vespas recolha ao ninho, atraído pelas feromonas, antes de o ninho ser destruído e para isso precisamos no mínimo de 48 horas para ter a certeza que todas vêm ao ninho e assim consegue-se controlar esta epidemia”, esclareceu o elemento da AMCP.
Carlos Filipe não garante que em 2020 haja menos vespas velutinas, porque o fator de risco continuam a ser os “ninhos não identificados, porque temos uma grande dificuldade em identificar e há muitos em floresta que não são intervencionados”. “Todos os municípios estão a dar a devida atenção a este problema e estamos a conseguir travar, agora é preciso diminuir os fatores de risco que são os ninhos que não são localizados e os mal intervencionados, que nos criam alguns problemas”, referiu.
A sessão contou ainda com a intervenção de Nuno Silva, apicultor, que mostrou várias armadilhas para capturar vespas e entregou alguns exemplares desenvolvidos em garrafas e garrafões de plástico.
A iniciativa contou com a presença de 50 pessoas, nomeadamente apicultores que estão preocupados com a vespa asiática que está a espalhar-se pela região e ameaça seriamente a produção de mel.
Gui Caldas, técnico responsável pela Proteção Civil na autarquia das Caldas da Rainha, revelou que tem recebido ocorrências de munícipes a informar da presença de ninhos de vespas asiáticas, em que 80% correspondem a falsos alarmes. “Daí a importância desta sessão de esclarecimento para informar a população e para não gerar pânico social”, declarou.
O coordenador revelou que são as Câmaras Municipais com o Serviço de Proteção Civil que estão a gerir esta problemática e defendeu que “algo tem que ser feito porque os apicultores estão a sofrer com estragos nos seus apiários”.
A vice-presidente da Câmara das Caldas, Maria João Domingos, também se mostrou preocupada com os apicultores e considerou “importante dar uma resposta a estas pessoas no sentido que se sintam em coesão para fazer uma abordagem a um problema que está a afetar esta atividade económica e que rapidamente vai passar a outras”.
Apesar de haver poucas situações no concelho das Caldas, a autarca quer garantir “que não haja um crescimento e para isso é necessário que cada um tome a responsabilidade da vigilância e alertar para não destruírem os ninhos, porque além ser perigoso não resolve o problema”.
No caso de deteção de ninho de vespa velutina deverá contactar o Serviço Municipal de Proteção Civil através do telemóvel 926663490 para que sejam de imediato acionados os meios adequados.
0 Comentários