Este projeto, que tem a duração de 20 minutos, surgiu há três anos, quando o realizador estava a preparar uma adaptação para cinema do conto “Madalena”, de Miguel Torga, onde o ator Fernando Mora Ramos iria interpretar a personagem do avô almocreve. Contudo, o projeto, que já se encontrava na fase final da pré-produção acabou por não se tornar viável, pois não conseguiu entrar em acordo, em relação aos direitos autorais.
Na sequência desta cessação, o realizador solicitou ao também encenador Fernando Mora Ramos, que lhe escrevesse um pequeno guião para realizar, visto que “já tinha todo o elenco mobilizado”. Nesse sentido, nasceu “Uma SMS para Antígona”, que é um filme de baixo orçamento, menos de dez mil euros, mas que tem um texto fantástico, com várias camadas e leituras”.
Miguel Costa também explicou que “Fernando Mora Ramos, que interpreta o encenador na média metragem, tentou criar uma analogia entre o drama da Antígona, filha de Édipo, com o drama da personagem principal, a Maria”, que em “SMS” tenta vencer a crueza do pragmatismo de uma sociedade insensível aos dramas e necessidades pessoais.
Segundo o realizador, “Maria é uma aluna de teatro, quer ser atriz mas não tem meios para sustentar o desejo, e por isso trabalha num supermercado uma parte do dia e na outra ensaia “Antígona”, de Sófocles. E, de repente, há uma sobreposição de problemas como a questão de uma sepultura digna para o irmão e no supermercado direitos elementares são-lhe negados, não a deixam interromper a “laboração” e ir à casa de banho. Além disso a personagem principal acaba por engravidar e o pai da criança desandou”.
No fundo, segundo Miguel Costa, “o ator foi buscar esta analogia, no sentido, que a personagem principal também tem os seus ideais e que luta, mas que acaba para ficar com uma criança nos braços e perde o sonho de continuar no teatro”.
O filme, que tem a duração de 20 minutos foi rodado pelo concelho das Caldas durante cerca de oito dias, na última semana de agosto e na primeira de setembro de 2018.
A escolha do local deveu-se ao “amor” que o realizador tem pela cidade e ainda pela “curiosidade de ver como estes espaços iam ficar na ficção”. Nesse sentido escolheu como pano de fundo para abertura a calçada portuguesa, que pavimenta o tabuleiro central da Praça da República, onde um vagabundo cantor, que funciona como metáfora para o artista livre, encontra no chão pisado por milhares de pessoas, uma moeda, a sua fonte de alegria.
Além da “Maria”, a média metragem conta ainda com a presença de diversos caldenses no elenco, como é o caso do Tito em cameo e o coro formado por António Vicente, Filipe Ferreira, Manuel Gil, Virgílio Pimenta e Vítor Duarte.
Para Miguel Costa, que não estava à espera de tantas pessoas, foi “muito bom ver o pequeno auditório cheio”. “Eu, como qualquer pessoa que faça trabalhos artísticos, gosto que os trabalhos sejam vistos, principalmente no cinema. Sem falar que a reação do público é muito importante para os atores e produtores do filme”, relatou.
Na exibição do filme também esteve presente o presidente da Câmara Municipal das Caldas, Tinta Ferreira, que explicou que a autarquia deu o seu contributo para que este filme pudesse ser concretizado. “É um filme muito bonito, que igualmente dá a conhecer e valoriza a nossa cidade”, sublinhou.
A pelicula contou ainda com o apoio da RTP e de diversas empresas e instituições.
Estreia de um documentário na RTP2
Além do “Uma SMS para Antígona”, o realizador caldense também vai estrear nesta quarta-feira, dia 2 de outubro, pelas 23h15 um documentário sobre a “A Voz do Operário”, que realizou por encomenda para a RTP2.
“Fui convidado pela diretora de programas do canal para realizar o documentário, que versa sobre a história da Sociedade de Instrução e Beneficência “A Voz do Operário” e a sua dimensão no presente”, explicou Miguel Costa, adiantando que além de uma evolução narrativa consubstanciada por depoimentos e imagens, conta também com diversas recriações históricas demonstrativas do trabalho operário dos tabaqueiros e da fundação da instituição.
Uma das cenas do documentário foi gravada na antiga sede do Partido Comunista Português, em Caldas da Rainha, onde alguns figurantes também são caldenses.
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