Constatámos com agrado a presença de muitos emigrantes, turistas estrangeiros, alguns a desfrutar das praias aqui tão próximas e que não deixaram escapar a oportunidade de presenciar um espetáculo agradável e de qualidade artística.
No que às lides diz respeito, coube ao cavaleiro António Telles abrir a praça lidando o 1º toiro da tarde, que não sendo manso, também pouco transmitia para que o cavaleiro de Coruche pudesse executar o seu conhecido toureio. Não foi a faena desejada, ainda assim Telles deixou bem colocadas duas farpas (ferros compridos), quatro bandarilhas curtas e duas de palmo. No toiro que toureou após intervalo, aí sim, foi António Telles ao seu grande nível, na sua forma clássica e frontal de tourear numa série de ferros custos fantásticos.
Filipe Gonçalves armou o taco, pintou a manta (ponham lá os termos que quiserem da gíria taurina) no 2º da ordem, um toiro com muita pata e a pedir messas ao cavaleiro, que recebeu na arena numa brega poderosa e vistosa de grande impacto. Depois as bancadas puderam vibrar com o enorme show dado por Filipe Gonçalves, nos ferros curtos em quiebros espectaculares, que eram intercalados com bregas ladeadas de grande efeito visual, ou de piruetas suicidas após as cravagens. Gonçalves remata ainda com uma sorte de violino e um ferro de palmo o seu grande triunfo. Sem estar mal, não voltou este cavaleiro a ser tão feliz no 5º toiro, que oferecia problemas e mais dificuldades ao toureiro.
Ao 3º toiro saído dos curros deu o jovem toureiro Francisco Palha uma lide muito assertiva, que o público reconheceu e aplaudiu. Mas é no 6º toiro a encerrar corrida que o toureiro de Vila Franca põe a bitola da sua atuação num plano muito elevado. Na retina ficou a maravilhosa série de ferros curtos, citando de longe, partindo das tábuas, para ter reuniões fantásticas com o oponente no meio da praça – sucesso absoluto confirmado nos aplausos da afición.
Forcados das Caldas de novo em grande plano
Mas se lidar toiros à portuguesa tem um sabor muito especial, nomeadamente no que toca à destreza dos cavalos, que atualmente fazem coisas maravilhosas nas arenas, as pegas são e serão sempre o prato forte das touradas. Estiveram em praça dois grupos de forcados, amadores de Santarém e amadores das Caldas da Rainha, que tiveram de enfrentar um curro de toiros bravos da ganadaria Val Soraia, com alguns a dar problemas aos forcados.
Salvador Ribeiro de Almeida, pelos de Santarém esteve mal com o toiro, pois metia-lhe as mãos pela frente antes do preto chegar à reunião, sendo a pega consumada a custo só na 3ª tentativa. Já o seu colega Joaquim Grave executou uma pega rijíssima de grande aparato visual, com o toiro a levá-lo de um lado ao lado oposto da praça. António Melo resolveu sem problemas, ao ser levado pelo toiro de cadeirinha, parecendo até fácil – o que nunca é.
Se as pegas são a pimenta e o sal, a grande emoção das touradas, que dizer dos forcados das Caldas que nesta temporada estão com atuações de grande nível e que nesta tarde somaram mais um grande triunfo?
Foram três pegas limpas, logo na 1ª tentativa, primeiro por António Cunha, depois Lourenço Palha e por fim Francisco Esteves faz uma pega enorme de praça-a-praça, a mais espetacular da tarde, das que fazem levantar as bancadas e pôr os espetadores ao rubro.
Parabéns aos empresários da praça, pelo êxito nas várias vertentes, numa corrida dirigida e abrilhantada de forma superior pela Banda de Música Comércio e Industria de Caldas. Que bonita, vibrante e bem executada, toda a música taurina que tocaram ao longo da tarde.
E mais não diria a não ser que quem afirma a bom pulmão que tourada não é arte nem cultura, então qualquer pessoa, incluindo esse grupo de céticos, pode saltar uma arena e lidar qualquer toiro.
Se tourear é ter arte e sentimento – ver touradas é ter sentimento e paixão.
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