O ministro da defesa quer o Exército capte o interesse de futuros candidatos em ingressarem na carreira militar. João Cravinho pretende manter viva a atração pelo Exército e afirmou que a questão salarial é importante, pelo que anunciou nas Caldas da Rainha que o governo está a preparar compensações monetárias mais atrativas.
A ESE, criada em 1981, após a extinção do Regimento de Infantaria 5, já formou 12551 militares. O “boom” foi na década de 90, com 14639 candidatos, altura em que também houve mais ingressos por ano – 151. Foi na década de 2000 que houve mais candidatas femininas – 1512. A década de 2010 é a que teve menos candidatos (6829) e menos ingressos por ano – 82 (5 femininos).
As razões que levam a estes números são de “natureza diversa”, explicou o ministro, apontando, por exemplo, que “quando a economia está a funcionar bem, significa que há muitas oportunidades alternativas de emprego e é preciso concorrer com essas possibilidades e que as Forças Armadas sejam atrativas o suficiente”.
À margem da cerimónia militar, o ministro revelou ao JORNAL DAS CALDAS que o governo está a trabalhar em vários fatores com o objetivo de aumentar a atratividade das Forças Armadas, e em concreto do Exército.
“O número de efetivos nas Forças Armadas é um desafio grande que temos pela frente, comum a muitos países europeus, e é um desafio de médio e longo prazo, não é algo que se possa resolver de um momento para o outro com um decreto”, sustentou.
“Venham por 6 ou 18 anos, a questão salarial é importante. Nós queremos militares que venham por vocação, mas obviamente também têm que ter condições razoáveis de compensação monetária. Aumentámos o salário para os militares do mais baixo escalão, que era de 580 até ao ano passado e passou para 630 euros“, relatou João Cravinho.
O membro do governo afirmou ter a convicção de que “apesar da natureza distinta do vínculo” que liga os militares ao Exército, “isso em nada faz diminuir a dedicação à instituição e ao país”.
A par de condições salariais até concorrenciais com as ofertas civis de trabalho, o Exército pretende melhorar as condições de alojamento nas casernas e está a trabalhar na implementação do plano de igualdade para atrair mais mulheres
Procura igualmente dar melhores habilitações, para que concluída a vida militar haja maior facilidade de reintegração no mercado laboral. O ministro disse estar a trabalhar para “criar melhores condições para o recrutamento, retenção e reinserção na vida civil”, para os militares que, no final da carreira, deixam o Exército. Na ESE, a certificação atingiu o nível 5, equivalente a curso técnico superior profissional, permitindo regressar à vida civil com qualificações úteis, o que será um incentivo para a entrada de militares.
A formação na ESE tem vindo a evoluir ao longo dos tempos: de 1981 e 1995 os militares tinham dois anos de formação e mantinham o 9º ano de escolaridade. De 1995 a 2002 passaram a ser três anos de formação, com saída equivalente a nível 3. De 2002 até ao ano letivo passado, entravam com o 12º e mantinham o nível 3 ao longo de dois anos de formação. O modelo agora terá quatro semestres (o primeiro na ESE). Os alunos entram com o 12º ano e saem com nível 5.
Este curso está organizado no primeiro semestre com disciplinas de formação geral e científica, que vão desde a ética e a liderança à história militar, a métodos de apoio à decisão, dando abrangência necessária para que o militar tenha habilitações mais elevadas. No segundo e terceiro semestres, a par do treino físico, táticas e exercícios militares, aposta-se na formação técnica. O quarto semestre, em contexto de trabalho, contempla uma formação prática, destacando-se o comando de homens.
O ministro afirmou que “acreditamos que trabalhando a vários níveis vamos nos próximos anos verificar a inversão da tendência” do decréscimo de interessados.
38º aniversário
A ESE tem como missão ministrar a formação inicial a todos os cursos de formação de sargentos dos quadros permanentes e mais recentemente, desde o fim das escolas práticas, a todos os cursos em regime voluntário e de contrato. Promove também cursos de promoção da carreira de sargento-ajudante e sargento-chefe.
Estão atualmente em formação 66 alunos (2 femininos) no 46º Curso de Formação de Sargentos (CFS), 64 (5 femininos) no 47º CFS e há 402 candidatos (43 femininos) no 48º CFS, em fase de concurso. Decorre também o 47º Curso de Promoção a Sargento-Ajudante, com 80 alunos (4 femininos), e o 35º Curso de Promoção a Sargento-Chefe, com 85 alunos (6 femininos).
Os militares do 1º CFS RV/RC19 que agora efetuaram juramento de bandeira eram todos civis e cumpriram as primeiras cinco semanas no Exército, depois da incorporação a 29 de abril, o que constituiu uma experiência que lhes deu outra maturidade.
O comandante da ESE, coronel Gonçalo Azevedo, no seu discurso, salientou o “profissionalismo”, a “competência” e o “empenhamento” de todos quantos serviram e servem o Exército e Portugal, na “casa mãe” dos sargentos, criada com a missão de conceber e ministrar a preparação militar, sociocultural, científica e técnica dos seus militares. Endereçou ainda, algumas palavras aos soldados instruendos do 1º CFS RV/RC19 que, perante os seus familiares e amigos, juraram estarem sempre prontos a lutar pela liberdade e independência da pátria, mesmo com o sacrifício da própria vida.
João Cravinho, na sua alocação, reconheceu ser “com profunda emoção que regresso à ESE”, unidade onde cumpriu o serviço militar obrigatório e onde lecionou aulas de inglês, no final da década de 80, no 17º CFS. Reconheceu o papel dos sargentos, “como elementos impulsionadores de um país mais coeso e mais preparado para os novos desafios que enfrenta”, identificando que a formação deve proporcionar “as ferramentas éticas, estratégicas, físicas e psicológicas” para estes militares enfrentarem novos desafios.
Dirigindo-se aos militares do 1º CFS RV/RC19, o ministro enalteceu o “compromisso inabalável com a República e com as instituições e os princípios que ela representa” assumido perante o estandarte nacional.
A ESE cumpre o “desígnio essencial de valorizar a juventude dos que aqui chegam e aliá-la à sabedoria da experiência que aqui ganham”, e nas palavras de João Cravinho, seja no cumprimento das missões internacionais que Portugal assume, seja na vida diária das unidades, “os sargentos continuam a ser elementos impulsionadores de um país mais coeso e mais preparado para os novos desafios que enfrenta”.
Para além do juramento de bandeira do 1º CFS RV/RC19, teve lugar a imposição das medalhas comemorativas das campanhas aos antigos combatentes da Guerra do Ultramar.
Após o desfile das forças militares na parada, as entidades convidadas efetuaram uma visita às casernas e ao Centro de Línguas do Exército, instalado na ESE desde 2014 com a missão de efetuar a aferição das capacidades linguísticas dos militares, relevantes em contexto internacional.
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