A concentração juntou perto de cem enfermeiros, um terço dos que prestam serviço no hospital local, levando-os a afirmar ser um sinal que se a greve for alargada a todos os hospitais do país haverá uma grande adesão.

Consideram que a requisição civil decretada pelo Governo não tem lógica. “Quisemos dizer aos colegas que estão a fazer greve cirúrgica que estamos com eles e dizer que a requisição civil decretada pelo Governo, não tem razão de ser porque nós não acreditamos que os colegas que estão envolvidos na greve estejam a faltar aos cuidados mínimos”, disse Nuno Pedro, enfermeiro no serviço de Pediatria do Hospital das Caldas da Rainha.

Sobre os efeitos da paralisação nas listas de espera de cirurgias, o enfermeiro disse que “a greve iniciou-se já com um problema grave de listas de espera”.

Munidos de cartazes com palavras de ordem, velas e cravos brancos, os enfermeiros insurgiram-se contra o que dizem ser “intoxicação de opinião pública”, sublinhando que “os cuidados mínimos estão a ser cumpridos” e a luta dos profissionais “tem sido feita de forma correta”.

“Os cravos brancos simbolizam a paz porque esta vigília é de enfermeiros para enfermeiros”, adiantou.

Quanto ao dinheiro que paga a greve dos enfermeiros (angariada através de crowfunding), Nuno Pedro tem a certeza que é “honesto”, dando o exemplo que se cada enfermeiro der 40 euros, não é nada difícil chegar aquela quantia”.

Convocado através das redes sociais o movimento partiu de “um grupo espontâneo que entendeu que devia fazer alguma coisa”, explicou Nuno Pedro, frisando tratar-se de “uma iniciativa apartidária, sem qualquer ligação a sindicatos ou ordens profissionais”.

Segundo o enfermeiro, a falta de negociação está a levar a que os enfermeiros continuem com a greve. “O que queremos é que o nosso trabalho seja reconhecido e que o Governo faça um planeamento e ver o que é possível de uma forma alargada, mas tem que se negociar”, afirmou, lamentando que “a saúde esteja sempre em segundo plano”.

“Em 2001 disseram-nos que podíamos ser licenciados com a promessa de que em 2006 íamos passar a técnicos superiores e ter um vencimento de enfermeiros licenciados, porque nós fizemos o investimento, por exemplo os educadores de infância que eram bacharéis, nessa mesma altura os que fizeram o complemento chegaram à secretaria das suas escolas, entregaram o diploma e automaticamente começaram a receber por licenciados, nós fomos aguardando e nunca mais aconteceu”, lamentou.

“Eu fiz a minha licenciatura em 2004 e em 2011 fui aumentado 50 euros”, contou, acrescentando que as declarações da ministra da Saúde de que “em 2011 todos os enfermeiros foram aumentados 200 euros, não corresponde à verdade”.

Cerca de 300 enfermeiros prestam serviço no Hospital das Caldas da Rainha, uma das três unidades do Centro Hospitalar do Oeste, que no total emprega cerca de 600 profissionais de enfermagem.