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Foz do Arelho

São necessários mais estudos para confirmar se vestígios filmados são do Roumania

Marlene Sousa

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As imagens captadas por um drone e as filmagens subaquáticas dos destroços do navio afundado em frente à aberta da Lagoa de Óbidos, realizadas pelos caldenses Miguel Castro e Pedro Ramalhete são ou não do vapor inglês Roumania que naufragou na Foz do Arelho na madrugada de 28 de outubro de 1892? Depois dos mergulhadores terem dado uma entrevista à SIC sobre esta recente descoberta, a história do Roumania voltou à luz da ribalta. Miguel Castro e Pedro Ramalhete, em colaboração com arqueólogos, estudiosos e historiadores, procuram agora mais vestígios que comprovem ou não que aqueles destroços do navio que estão em frente à aberta são realmente do Roumania. Há quem considere que as imagens captadas possam ser de outro navio que naufragou na Foz do Arelho, como o S. Domingos, que transportava carvão entre 1910 e 1920 e afundou sem ninguém ter morrido. Miguel Castro e Pedro Ramalhete esperam outra oportunidade com maré baixa e com o mar junto à aberta calmo, para voltarem a mergulhar e fazerem outras avaliações com a ajuda das novas tecnologias, com o objetivo de provar se é ou não o Roumania.
O navio visto de cima

Miguel Castro, que é mergulhador há cerca de 30 anos, contou ao JORNAL DAS CALDAS que tendo em conta as descrições da época considera que o navio que encontrou é o Roumania. No entanto, diz que está aberto a colaborar com a comunidade científica para juntos arranjarem provas concretas que provem que os vestígios são ou não do vapor inglês que naufragou matando 106 pessoas. “Eu e o Pedro pretendemos fazer outro mergulho para de uma vez por todas confirmar ou descartar a hipótese de ser o Roumania”, apontou o caldense, que tem já há algum tempo interesse por este naufrágio. No entanto, sublinhou que as avaliações feitas através das suas fotografias, por um inglês que está a escrever um livro sobre este navio há vários anos, “coincidem com o Roumania”. O mergulhador adiantou que pretende confirmar fisicamente porque esta avaliação foi feita através da “análise das proporções entre o comprimento e a largura, que são exatamente as do Roumania”.

Segundo Arlindo Correia (http://www.arlindo-correia.com/061010.html), que tem um blogue sobre o acidente, assim como relatos de familiares das vítimas, o Roumania media de comprimento 364 pés (110,95 m) e de largura máxima 38 pés (11,58 m).

O mergulhador das Caldas explicou que no dia 31 de dezembro aproveitou que a aberta estava fechada e foi fazer um passeio levando um drone para fazer umas filmagens para promover o seu projeto de turismo de natureza que vai brevemente implementar na Foz do Arelho. Houve uma conjugação de fatores que não são comuns e que lhe permitiu captar com o drone fotografias do navio afundado, que na altura estava mais descoberto devido ao movimento das areias.

“O mar estava calmo, com pouca ondulação, a aberta estava fechada e a ausência de sedimentos que vêm da lagoa permitiu que a água ficasse transparente”, disse Miguel Castro, que depois de ver as imagens aéreas do navio naufragado ficou surpreendido que “não era só o mastro que lá estava, mas sim toda uma estrutura que o suportava”. Depois, convidou o seu amigo Pedro Ramalhete, que tem um centro de mergulho em Peniche, para mergulharem no local e filmarem os destroços do navio. “Eu nunca imaginei que o barco fosse tão grande. Numa das imagens consegue-se ver a proporção entre o barco e uma das escavadoras que estavam a abrir a aberta, que parece que cabem seis escavadoras no navio”, contou o mergulhador.

Miguel Castro pretende deixar todos os registos desta nova descoberta documentados porque “pode não voltar a repetir-se” e vai partilhar as imagens com todas as entidades que solicitarem, nomeadamente o Serviço de Arqueologia da Câmara de Óbidos que desenvolve várias atividades nos planos do levantamento, estudo, proteção, valorização e divulgação do património arqueológico do concelho. “Estes novos registos podem ser importantes para o conhecimento daquele naufrágio, sendo ou não sendo o Roumania”, salientou.

O caldense referiu ainda que a reportagem na televisão deu a este assunto mais visibilidade e tem-lhe chegado “muita informação que se está a reunir sobre outros naufrágios na zona e vou tentar retratá-los e reportá-los em colaboração com outras entidades porque trabalha-se melhor em equipa para se poder fazer uma compilação e uma organização sistemática dos náufragos na Foz do Arelho”.

Historiadora não descarta a hipótese de ser o barco inglês

Margarida Araújo, da associação PH, que tem estudado sobre este naufrágio, disse ao JORNAL DAS CALDAS que quando viu a reportagem na SIC decidiu de imediato reportar que aquelas filmagens não eram do Roumania porque “tinha 90% de certeza que não era”. Por uma “via de intuição” sempre achou que o navio tinha naufragado na zona da Serra do Bouro, sabendo agora que estava “errada”.

Por outro lado, esta historiadora disse que tem o testemunho oral de Celeste Sales Henriques, mãe de Henrique Sales Henriques, que “disse que quando era miúda sabe que houve um naufrágio na Foz do Arelho de um barco chamado S. Domingos que transportava carvão entre 1910 a 1920, onde não morreu ninguém, daí não ter a repercussão que o naufrágio do Roumania teve”.

No entanto, Margarida Araújo colocou uma interrogação neste testemunho, revelando que é o “único” que tem.

Adiantou que tem “dúvidas” e não descarta a hipótese de ser o Roumania ou “outro barco que naufragou naquele local”, revelando que “serão necessários mais estudos para se tirarem conclusões mais corretas”.

A historiadora destacou a importância das filmagens de Miguel Castro e de Pedro Ramalhete. “Para além da beleza e uma condição única de tempo que não sabemos quando se vai repetir, nos levarão brevemente a conclusões concretas e tiveram o mérito de colocar o assunto adormecido em cima da mesa, dando um novo impulso a que se descubram mais coisas”.

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