Tempo soalheiro de inverno, brisa ligeira, bancadas com menos público de que se poderia esperar.
Nos dois minutos, ambos os lados trocaram pontapés longos, procurando ganhar posição no terreno. A partir de algumas conquistas em alinhamentos, os Arcuzenses procuraram atacar e conquistar supremacia territorial, contudo erros de manuseamento e infrações no “breakdown” iam gorando as tentativas.
O Caldas teve uma primeira oportunidade de assumir a liderança, aos oito minutos, a tentativa de transformação de um pontapé de penalidade, por Tommy Lamboglia foi desperdiçada.Tarde infeliz do exímio chutador Pelicano.
Os primeiros dez minutos da partida foram frenéticos, com muito ritmo, mas faltando capacidade de manuseamento e passe com precisão. Cláudio França, como de costume, partia com decisão para investidas a partir do seu meio-terreno, mas sem sucesso por falta de apoio.
Aos 16 minutos, na melhor oportunidade, o ponta Pelicano Diogo Vasconcelos produz uma perigosa jogada de ataque, mas novamente a falta de apoio no final gorou o ensaio eminente. Aos 19 minutos, nova oportunidade, com o mesmo Diogo Vasconcelos placado à entrada da linha de ensaio do CRAV, mas uma má opção do Caldas, tentando furar a defesa do CRAV, em vez de mover a oval para o lado onde tinha superioridade numérica.
1º Quarto: Caldas 0pts CRAV 0pts.
CRAV a jogar a favor do vento, mas sem capitalizar esta vantagem, devido à defesa eficaz do Caldas. Mais perigoso no ataque, os Caldenses perderam oportunidades, pelo fraco apoio ao portador da oval.
O Caldas necessitava de bola ao largo, com velocidade, evitando a maior capacidade física dos jogadores minhotos.
Nos dez minutos seguintes assistiu-se às duas equipas a lutar para obter vantagem territorial.
Jogo com muitos erros e infrações por ambas as equipes, mas no trigésimo minuto, o CRAV jogou rapidamente uma penalidade e marcou um primeiro ensaio, através do novo recruta, o poderoso 2ª linha Ebraheem Davids, bem convertido por Luis Salvado, que esteve exímio neste particular.
O Caldas teve uma oportunidade para reduzir a desvantagem, aos 35 minutos, mas Tommy Lamboglia falhou a conversão do pontapé de penalidade.
Aos 37 minutos, o CRAV teve por sua vez uma boa oportunidade, ao intercetar um passe para a ponta do Caldas, nos seus 22 metros, ganhando 50 metros em contra-ataque, mas a defesa Pelicana frustrou o lance. Um minuto depois, o “arrier” arcuzense, Luis Salvado tentou transformar uma penalidade, mas o pontapé, longo de meio-campo não resultou.
Nos últimos minutos da primeira parte, o árbitro Bruno Rodrigues viu-se obrigado a uma longa conversa com os dois capitães. O jogo tinha entrado num período de alguma disputa para além das regras e os jogadores precisavam de se acalmar e se concentrar em jogar Rugby. Na sequência dessas infrações disciplinares a terceira linha do CRAV foi amarelado e cumpriu os 10 minutos no “sin bin”.
Os Pelicanos mostraram o seu espírito e, no final do tempo de compensação, conquistaram uma excelente formação ordenada, empurrando o “pack” minhoto nos ´últimos 10 metros, controlando com precisão a oval robusto, obtendo um ensaio, não convertido.
1ª Parte: Caldas 5pts CRAV 7pts. Tempo extra 8 minutos.
Caldas com a iniciativa de ataque, mas a repetição de erros e a falta de apoio não permitiu traduzir em pontos esses momentos. O CRAV com uma equipa com superioridade física aproveitou a sua oportunidade de marcar. Sem a mesma velocidade de jogo do Caldas, mostraram-se mais coesos em áreas vitais nesta fase da partida.
O Caldas iniciou o segundo tempo, com intenção de ataque. Mas a indisciplina no jogo no chão e os numerosos erros no manuseio da oval colocaram em risco as boas chances em pontuar.
Tommy Lamboglia, surpreendentemente, perdeu outra penalidade aos 46 minutos. Mas dois minutos depois redimiu-se. A partir de um movimento rápido da esquerda, rompeu as linhas defensivas do CRAV e concretizou um segundo toque de meta para os Pelicanos, acrescentando a conversão.
Os dez minutos seguintes foram dececionantes para Caldas. Pressionados por ataques poderosos dos avançados do CRAV foram cometendo várias penalidades nos “ruck”. O CRAV capitalizou estas infrações por três vezes, transformando aos postes aos 52 minutos, aos 58 minutos e aos 60 minutos, sempre por Luis Salvado.
3º Quarto: Caldas 12pts CRAV 16pts.
O jogo à mão do Caldas, bem pressionado pela defesa minhota, era lateralizado e sem profundidade. Sem soluções os Pelicanos procuraram usar força física contra uma equipa mais pesada. O jogo muito previsível não funcionou. O CRAV aproveitou as oportunidades que soube construir obrigando o adversário a penalidades no jogo no solo e através da qualidade do seu chutador construi a vantagem.
No minuto 63 e através de uma nova penalidade convertida com êxito, o CRAV aumentou a vantagem.
A indisciplina no “ruck” ia penalizando o Caldas tornando as coisas difíceis, mas não impedindo os Pelicanos de atacar com propósito. Aos 72 minutos o Caldas empatou. Nova formação ordenada conquistada, trabalho do “pack” avançado e o nº8 Filipe Gil a concretizar o terceiro ensaio. Transformação eficaz de Tommy Lamboglia e o placar em 19 -19.
O Caldas acreditava que podia chegar á vitória e mesmo ao ponto bónus, mas para isso teria que evitar mais penalidades. O CRAV insistiu na sua estratégia, jogo de avançados a procurar o erro e, aos 76 minutos, o Caldas infringe novamente e comete outra penalidade. Luis salvado não falhou e colocou os minhotos de novo na frente.
Nos últimos minutos os Pelicanos atacam implacavelmente a linha de meta do seu oponente. Em cima do final conquistaram uma penalidade à entrada dos 10 metros arcuzense, em posição central. Uma decisão crucial surge: chutar a penalidade e contentarem-se com um empate, ou tomarem a decisão por uma formação ordenada ofensiva e pressionam para a vitória com ponto bónus? O capitão do Caldas escolheu a opção corajosa e decidiu por uma formação ordenada. Uma abordagem positiva, admirável, no melhor espírito do Rugby.
O CRAV defendeu com firmeza até o fim, fazendo por merecer a vitória.
Resultado Final: Caldas RC 19pts (3E, 2T) / CRAV 22pts (1E, 1T, 5P).
Para Caldas, foi “um daqueles dias” que as equipas sofrem ocasionalmente. Muitos jogadores importantes não jogaram em toda a sua capacidade, alguns jogadores-chave acabaram por ter que ser substituídos por lesão, caso de Wilson Bento, o promissor 2ª linha, a tomada de decisão não produziu resultados positivos durante a partida, e talvez algumas das decisões da arbitragem, no jogo no solo, possam ter frustrado os jogadores Pelicanos.
Este resultado faz de Caldas uma má equipa? Claro que não. Cada equipa, independentemente do nível jogado, tem dias em que as coisas não dão certo. Os jogadores precisam refletir sobre como perderam este jogo. Tentar eliminar os erros e trabalhar duro nas sessões de treino, desenvolvendo planos de jogo com os quais os jogadores se sintam confortáveis. O Caldas teve muitos momentos positivos nesta partida e os Pelicanos devem-se concentrar nestes aspetos positivos. Com mais autoconfiança as vitórias vencedoras retornarão.
Arbitragem competente de Bruno Rodrigues.
Alinharam pelo Caldas RC: Alexandre Vieira, Bruno Martins, Caetano Perez, Claudio França, David Esteves, Diogo Vasconcelos, Filipe Gil (2E), Gonçalo Sampaio, Gonçalo Silva, José Maria Vieira, Leonardo Ferreira, Luís Gaspar, Mariano Farias, Mateus Neves, Oscar d’Amato, Ricardo Marques (Cap.), Rui Santos, Salvador Cambournac, Tomás Lamboglia (1E, 2T), Tomás Melo, Wilson Bento.
Treinador: Patrício Lamboglia
Diretor de Equipa: António Ferreira Marques
Fisioterapeuta: Érica Balseiro/Physioclem
Comissãrio de Jogo: Adelino Jacinto
0 Comentários