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Homenagem a Cavém e Vítor Martins, antigas glórias do futebol do Benfica

Francisco Gomes

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Cavém e Vítor Martins, duas figuras históricas do futebol português e do Sport Lisboa e Benfica, ligadas a Alcobaça, foram alvo de uma sessão de homenagem promovida pelo Município daquele concelho, na passada sexta-feira, no auditório da Biblioteca Municipal.
Debate com Mário João, José Augusto, Simões, João Malheiro, Paulo Inácio, Hilário e Eurico

A cerimónia contou com a presença de familiares, amigos e de personalidades como as antigas glórias do futebol Simões (o mais jovem campeão europeu), José Augusto (bicampeão europeu), Mário João (bicampeão europeu), Hilário (o homem que mais anos jogou no Sporting e mais jogos fez no clube de Alvalade) e Eurico (o único jogador que foi bicampeão pelo Benfica, Sporting e F.C. Porto), para além de João Malheiro (ex-jornalista e atual comentador televisivo), que moderou um debate.

Domiciano Cavém nasceu em Vila Real de Santo António, a 21 de dezembro de 1932, mas residiu e trabalhou em Alcobaça durante vários anos e faleceu no hospital de Leiria no início de 2005, aos 72 anos, após uma batalha contra a doença de Alzheimer.

Começou por representar o Lusitano, clube da sua terra natal, depois jogou no Sporting da Covilhã. Cavém chegou ao Benfica em meados da década de 50 (foi jogador do clube da Luz de 1955/1956 a 1969/1970, e em 1969-1970 representou Os Nazarenos).

Na altura o Sporting tinha mais títulos que o Benfica, panorama que então mudou. Em 14 épocas, disputou 542 jogos com a camisola encarnada (125 golos). Conquistou nove títulos de campeão nacional e quatro Taças de Portugal. Foi bicampeão europeu pelas “águias”, em 1961 e 1962, e jogou nas finais de 1963 e 1965. Foi 18 vezes internacional de 1957 a 1965, marcando cinco golos. Fez o golo decisivo na final de Taça dos Campeões Europeus de 1961-62, contra o Real Madrid.

Atuou, inicialmente, como extremo-esquerdo, depois como médio, e finalmente, como defesa-direito. Só não jogou como guarda-redes e ponta-de-lança.

Vítor Martins, natural de Alcobaça, era conhecido como Garoupa entre os amantes do futebol e do Benfica. Estreou-se no campeonato português com um golo, a 1 de dezembro de 1969, marcando o último da goleada por 6-0 frente ao U. Tomar. Começou no banco, mas Otto Glória acabou por chamá-lo ao lugar de Toni. Na Luz, contabilizando o que fez em todos os escalões, efectuou 515 jogos e marcou 136 golos – na I Divisão atuou em 149 encontros e apontou 23 golos.

Nascido no dia 27 de Março de 1950, esteve nove épocas ao serviço dos encarnados, foi seis vezes campeão nacional e conquistou duas Taças de Portugal.

Chegou ao Benfica aos 18 anos. Aos 19 já se estreara na equipa principal. Até 1977/78 foi presença regular na equipa. Formado no Os Nazarenos, era um médio com visão ampla, com baixa estatura mas suficientemente robusto para resistir ao choque. Conduzia a bola com segurança, saía bem das situações de aperto (tinha capacidade de drible) e pegava bem na bola.

Representou a seleção nacional por três vezes. Aos 27 anos, num jogo com o Chaves para a Taça, lesionou-se num menisco e foi submetido a intervenção cirúrgica. A operação correu bem mas, nas horas imediatamente a seguir, teve uma embolia e ficou com diversas partes do corpo paralisadas, tragédia que pôs fim prematuro à carreira. Trabalha atualmente ao serviço do clube da Luz na área de prospeção de mercado.

Os dois alcobacenses “foram benfiquistas que tanto elevaram o nome de Alcobaça e representaram Portugal a nível internacional”, foi sublinhado pelo apresentador António Fraqueiro, na sessão realizada em Alcobaça.

Alguns nomes ligados ao futebol, como Toni, Shéu, Veloso e Álvaro Magalhães, que não puderam marcar presença, transmitiram as suas palavras de homenagem através de um vídeo. O maestro António Victorino d’Almeida, assumido benfiquista, também teceu à distância algumas considerações sobre os jogadores. Sobre Vítor Martins disse que “colocava-se sempre no sítio onde a bola ia cair, era um homem com perspicácia a jogar”. Em relação a Cavém, reconheceu que “foi uma das figuras que contribuíram para uma das maiores alegrias da minha vida, a segunda taça europeia ganha pelo Benfica”.

Alguns amigos dos jogadores também deram o seu testemunho sobre eles, destacando que foram “grandes valores do futebol português”.

O presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio, vincou a “enorme humildade com que estes dois homens sempre pautaram as suas vidas apesar da projeção internacional das suas carreiras. Alcobaça e os portugueses de uma maneira geral prestam hoje uma justa e devida homenagem a estes dois grandes talentos”.

O autarca manifestou que os jogadores foram protagonistas de “feitos que ficarão para sempre na história de Portugal”.

A iniciativa, organizada pela Câmara de Alcobaça e pela Sometimes Happens, contou com o apoio do Grupo Medioeste (Jornal das Caldas, Região da Nazaré, Jornal Oeste Online e Rádio Mais Oeste), tendo culminado com um jantar no Museu do Vinho de Alcobaça.

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