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Secla: A preservação da memória

Rui Calisto

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A Secla foi uma das maiores empresas de Portugal e a sua história está, inevitavelmente, na vida de muitos portugueses. Fundada no ano de 1947, encerrando, porém, a atividade, 61 anos depois, em 2008, sob o pretexto de que a globalização e o crescimento da concorrência asiática a levaram à ruina, neste momento, o que se pode fazer para salvaguardar a sua memória (já que o seu pecúlio edificado está à beira do abismo)?
Rui Calisto

A herança cerâmica, biográfica (relacionada com gestores, operários e criadores) e bibliográfica pode, e deve, ser preservada. A recuperação e a manutenção da grandeza histórica das reminiscências da Secla são, no fim de contas, uma imposição civilizacional.

Ao incitarmos a preservação da memória, estamos a estimular a sensação de pertença e a exaltar o orgulho da população. Além do que, incentivamos o resgate de inúmeros valores, que, transmitidos de modo correto, podem servir para firmar uma missão social importante.

Se tomarmos em nossas mãos a história da Secla, naturalmente, responsabilizamos todos os caldenses, no que trata ao conhecimento da sua própria história.

A memória da Secla é importantíssima para a manutenção da personalidade do concelho das Caldas da Rainha, sendo, portanto, indispensável que se dê o primeiro passo para a sua proteção efetiva.

A criação da “Casa-Museu Espaço Secla” (na parte frontal do edifício-mãe, através da elaboração de um protocolo com os donos do imóvel) seria um passo gigantesco para a conservação da história da marca e o primeiro passo para a recuperação da sua herança cerâmica.

Outro ponto com elevada importância (e que já poderia ter sido colocado em prática) é o da criação de um site institucional (talvez sobre a alçada da Câmara Municipal das Caldas da Rainha), onde seja possível explanar, cronologicamente, os 61 anos da empresa. Dividindo-o em etapas (1947/1957; 1958/1968; 1969/1979; 1980/1990; 1991/2001 e 2002/2008), para que todos os anos pudessem ser, de facto, minuciosamente perscrutados e esclarecidos.

A existência de um site, dessas dimensões, permitirá o restabelecimento da biografia de cada um dos operários e criativos, bem como da bibliografia existente sobre os próprios, e sobre a empresa em si. Sendo, genuinamente, o grande responsável pela coleta, conservação, organização e divulgação de toda a documentação relacionada com a Secla, reforçando, assim, a reputação, a cultura, os valores e as crenças dessa instituição.

Neste ano, assinala-se o Ano Europeu do Património Cultural, incentivado pelos “objetivos de promoção da diversidade cultural, do diálogo intercultural e da coesão social, visando chamar a atenção para o papel do património no desenvolvimento social e económico|…|”. Pelo que, também por este aspeto, o ano de 2018, seria o ideal para iniciar-se um projeto de preservação da memória da instituição em apreço.

Se assim não for, assistiremos à destruição do historial da Secla, o que desvinculará os caldenses das suas raízes, apartando-os da consistência direta das coisas que os rodeiam. Permitindo, inclusive, que deixem de compreender porquê são necessárias as metamorfoses na economia, na política, na cultura e/ou na área social. Se deixarmos de ter lembranças, a vida não terá sentido, pois, não conseguiremos chegar inteiros ao nosso destino.

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