Q

Previsão do tempo

10° C
  • Sunday 8° C
  • Monday 12° C
  • Tuesday 17° C
10° C
  • Sunday 8° C
  • Monday 11° C
  • Tuesday 18° C
9° C
  • Sunday 7° C
  • Monday 11° C
  • Tuesday 18° C

Futuro da indústria em debate no Congresso Empresarial do Oeste

Mariana Martinho

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Meia centena de empresários e dirigentes de organismos públicos do Oeste refletiu sobre o “posicionamento do Oeste na estratégia 2030”, no Congresso Empresarial do Oeste, que se realizou na passada quarta-feira, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. Além dos desafios para a indústria, as empresas da região, que se queixaram da dificuldade em recrutar mão-de-obra especializada e apelaram às parcerias, foram alertadas pelo Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, para a necessidade de adotarem “um modelo de desenvolvimento circular”.
Cerca de meia centena de empresários esteve presente no congresso

Na abertura do congresso o presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM), Pedro Folgado, sublinhou que a região enfrenta vários desafios neste momento, quer ao nível da “competitividade”, com empresas e ecossistemas mais inovadores, quer ao nível do crescimento demográfico, do combate às alterações climáticas, da transição energética e da melhoria da qualificação da população.

Nesse sentido alertou para a questão da “preparação das gerações mais novas para um mercado de trabalho que requer novas competências”, de modo a “enfrentar o processo que assistimos de digitalização de economia”. Destacou ainda a necessidade de as empresas incorporarem o conhecimento e de aumentar a ligação entre a investigação e o mundo empresarial.

Outros imperativos que apontou prendem-se com o reconhecimento dos recursos endógenos da região, e a necessidade de “tirar o máximo proveito das potencialidades do território”, como o caso do mar, que tem “um enorme potencial económico”.

Mas para que isso aconteça, Pedro Folgado focou a necessidade de “uma rede viária” que aproxime os doze municípios, “nomeadamente o famigerado IC11″ (reclamado há décadas para ligar Torres Vedras ao Carregado) e a delegação de mais competências que afirmem a região.

Por fim, sublinhou que “um novo congresso” poderá repetir-se em 2020, com novas temáticas.

Presente também esteve o secretário de Estado das Autarquias, Carlos Miguel, que aproveitou para anunciar que a partir de janeiro de 2019 o Governo vai reforçar as competências das comunidades intermunicipais em matéria de planeamento regional, sem se sobreporem “às competências municipais”.

O governante explicou que a descentralização vai passar pelos julgados de paz, formação profissional, cartas sociais, promoção turística e gestão de captação de investimentos.

Esta atribuição vai ser replicada em todo o país e as comunidades intermunicipais vão também passar a dar parecer ao nível da oferta de cursos profissionais, verificando quais as necessidades de cada região, para evitar a sobreposição de oferta nos vários municípios e para “haver uma maior ligação entre as necessidades empresariais e a oferta educativa”.

No que diz respeito à promoção turística, “passam a poder fazer diretamente candidatura a fundos comunitários para eventos que considerem estruturais para a sua região”. Também vão ter “uma palavra na gestão de programas de captação e investimentos”, que deixam de ficar “só nas mãos da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal”. Ou seja, “temos aqui uma panóplia de competências que acabam por congregar aquilo que é planeamento da região e capacitação de ir à procura do próprio futuro”.

Igualmente referiu que as cartas sociais vão passar a “ter uma componente intermunicipal para que a cobertura regional possa ser mais equilibrada em cada um dos territórios”.

Em termos de execução de obra, a OesteCIM é a segunda da região Centro com um fundo executado e pago na ordem dos cinco milhões.

Ainda na abertura, o presidente da Câmara Municipal, Tinta Ferreira, referiu que “este é o momento de projetar o futuro dos tecidos económicos do país”.

Parcerias entre setores para alavancar economia

Dividido em cinco painéis, os autarcas, empresários e oradores analisaram as questões relacionadas com a inovação no setor agroalimentar e no mar, a definição de políticas públicas e o futuro empresarial, o futuro da indústria no Oeste, os novos paradigmas para o comércio e serviços, e o turismo e os desafios da sustentabilidade.

No que diz respeito ao futuro da indústria no Oeste alguns dos empresários convidados alertaram para as parcerias entre os setores, podendo assim ajudar a impulsionar a economia.

Carlos Barros, responsável do Grupo Barros e Moreira, sublinhou que “o ponto forte para as indústrias da região” também passa pelas parcerias, neste caso com os estabelecimentos de ensino superior. “Nós já fizemos muitas parcerias com a ESAD.CR, o que nos permitiu ganhar a nível internacional quatro prémios de design”, referiu o responsável, apelando ao investimento e criação de cursos industriais na região Oeste.

O presidente do Conselho de Administração da Solancis, Samuel Delgado, desafiou os empresários da região a apostarem nas sinergias, “dentro e fora dos setores”, dando como exemplo a parceria que desenvolveu com uma empresa ligada ao calçado, onde o empresário constatou a capacidade de vários setores se conseguirem complementar e assim angariar novos mercados. “Foi uma experiência agradável beber essa informação de outro setor e trazer essa mais-valia para a pedra. Hoje temos um produto diferenciador”, explicou o responsável, destacando que há setores que podem impulsionar outros, como o caso do turismo. “Porque não trazer os turistas e fazer uma visita à pedreira?”, questionou.

António Peralta, sócio-gerente da Ivo Cutelarias, referiu que “temos de pensar no futuro e tentar sermos donos do que produzimos até ao consumidor final”.

Estas empresas têm em comum a mesma problemática – a dificuldade de recrutamento de mão-de-obra qualificada e não só. “Isto é um problema sério, que se acentua em vários sectores, e por muito que se automatize e mecanize, há certas tarefas que não dispensam a atividade humana”, referiu José Lima, da Casa Santos Lima.

Em representação do secretário do Estado da Agricultura e Alimentação, o adjunto Luis Caiano alertou os empresários para percorrerem “um caminho de exigência”, aproveitarem o “quadro de oportunidades inerentes à abertura do mercado de exportação”, interagirem com a rede de investigação para internacionalizar conhecimentos para as organizações e investirem em processos, produtos e recursos humanos para atingir os níveis de competividade.

Relativamente às políticas públicas no futuro empresarial e do empreendedorismo, Isabel Damasceno, da CCDR-Centro, salientou a importância dos fundos comunitários no apoio a projetos empreendedores, destacando o ambiente comum para a competitividade que se sente na Região Oeste e o importante papel desenvolvido pela comunidade intermunicipal.

Ministro do Ambiente alertou para a economia circular

No encerramento do congresso, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, destacou a importância da transição de um sistema económico linear para um modelo circular, e que até ao final do ano “mais de três milhões de euros vão ser dedicados à economia circular”.

De acordo com o ministro, a economia linear, “base de toda a atividade socioeconómica, está a falhar”, e se se quiser “alimentar, vestir, garantir a saúde e a habitação, produzir, comercializar e dar emprego aos dez mil milhões de pessoas que irão habitar este planeta” é preciso adotar “um modelo de desenvolvimento circular”.

Igualmente sublinhou que se até 2030 a transição para a economia circular for acelerada a estimativa de ganhos é de “1,8 biliões de euros, entre 1 a 3 milhões de empregos” e “a redução de 4% do total anual de emissões de gases que produzem efeitos de estufa na Europa”. E não querendo “ficar de fora deste movimento”, o Governo lançou o Plano de Ação para a Economia Circular, que engloba as medidas já lançadas de fiscalidade para os plásticos ou as agendas regionais que estão a ser desenvolvidas pelas comissões de coordenação.

João Matos Fernandes recordou ainda que “existem outras políticas em curso” como “a digitalização na administração pública, as compras públicas ecológicas ou o trabalho feito na indústria 4.0”. Por fim, desafiou o setor produtivo a não esperar “por soluções chave na mão” e a pôr em prática os princípios da economia circular no setor primário.

Caso contrário, “de um modelo linear que esgota esse recurso apenas decorrerá um resultado, a insustentabilidade”.

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Artigos Relacionados

Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste com dúvidas sobre fim das obras

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO) tem dúvidas sobre quando terminarão as obras de modernização e eletrificação da Linha do Oeste, desconfiando do anúncio da Infraestruturas de Portugal, dona da obra, que indicou o segundo semestre deste ano como data de conclusão, informação “confirmada pelo Gabinete do Secretário de Estado das Infraestruturas, em reunião realizada com a CPDLO em 9 de janeiro”.

linha

Oficina de banda desenhada sobre desabafos

A Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha vai receber, na tarde de 25 de janeiro, uma oficina de banda de desenhada com o tema “Um espaço para desabafar”.

oficinabd

Maria da Conceição Pereira continua como provedora da Misericórdia das Caldas

Maria da Conceição Pereira foi reconduzida na provedoria da Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha (SCMCR). A cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais para o quadriénio 2025-2028 teve lugar a 11 de janeiro, ao qual se seguiu um jantar de comemoração do Dia dos Reis com todos os colaboradores

tomadadepossemisericordia2