A “Casa do Arco” foi deixada, pelo seu proprietário, Jaime Umbelino (1916-2007) em testamento (datado do ano de 2006) para a Junta de Freguesia da Foz do Arelho, com a indicação de que a mesma fosse transformada em Museu. Um passo muito acertado.
A preservação da história ocorre quando mantemos vivos determinados dispositivos que a ela pertencem. A criação de uma Casa-Museu é um deles.
Um passo muito importante, para a concretização de um projeto dessa relevância para o concelho das Caldas da Rainha, acredito, deve ser o da busca – por parte do executivo da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, bem como da Câmara Municipal – de um apoio do “Comitê Internacional para Museus-Casas Históricas”, também conhecido por DEMHIST. Esse organismo foi criado pelo ICOM (International Council of Museums) no sentido de unir todos os representantes de Casas-Museus de diversos países, com o propósito de as fortalecer, dar visibilidade, e “…adaptar os museus a novas formas de comunicação contemporâneas, tirando partido das tecnologias e do mundo digital para uma maior partilha de conhecimentos sobre as coleções, e estabelecer mais ligações à sociedade…”.
As Casas-Museu (ou Museu-Casa) podem ser relevantes para toda a comunidade, no sentido de preservação e divulgação de uma determinada época, seja através da mostra de objetos, seja devido à arquitetura original do imóvel, seja através da manutenção de todo um ambiente em que o morador, bem como a sua família, viveu.
Destaco, entre muitas, algumas Casas-Museu, de relevância internacional (não será o caso da Casa-Museu Jaime Umbelino, que provavelmente será classificada de importância apenas nacional): Casa de Ruy Barbosa; Memorial Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai; Casa-Museu Guerra Junqueiro; Fundação Eça de Queiroz. Todas, de um prestígio à escala planetária devido à envergadura cultural de seus patronos.
Segundo o DEMHIST, são onze os conjuntos de características que definem as Casas-Museu: Casas de Personalidades; Casas de Colecionadores; Casas de Beleza; Casas de Eventos Históricos; Casas de Sociedade Local; Casas Ancestrais; Casas de Poder; Casas Clericais; Casas Modestas; Casas para Museus; e Salas de Época. O DEMHIST chegou à conclusão de que algumas dessas categorias não se podem ajustar à realidade portuguesa, sendo, então, sugerido que a Rede Portuguesa de Museus e o Instituto dos Museus e da Conservação, fossem os principais aferidores de cada caso.
No sentido de espírito de defesa da identidade nacional, naturalmente, a Casa-Museu Jaime Umbelino, vem preencher uma importante lacuna museológica do concelho das Caldas da Rainha. Espero que, esse espaço de cultura, abrigue também um polo de investigação acerca da vida e obra literária de seu patrono, um centro de pesquisa acerca da Vila da Foz do Arelho e uma biblioteca de excelência.
Aguardemos os novos desenvolvimentos. Por enquanto resta-me concluir dizendo que, todos os envolvidos nessa admirável viagem, estão de parabéns!
Rui Calisto
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