Os comunistas afirmam que não estão contra a realização da Feira dos Frutos, que decorreu de 17 a 26 de agosto, mas reclamam “um desígnio de promoção da qualidade e de igual modo estético, que é de todo contrário ao triste espectáculo de confrangedora pobreza visual agora realizado no Parque D. Carlos I”.
Por altura do evento, quem pretendesse atravessar o Parque D. Carlos I era “barrado por seguranças que informavam que a zona estava interdita devido a festejos”.
“O Parque D. Carlos I é, porventura, a única paisagem que a cidade pode ostentar como lugar de beleza. A indignação sentida ao ver o triste espectáculo que a utilização deste pequeno ecossistema está a ter repetidamente, leva-nos a tomar esta posição. Três pontos merecem a nossa crítica: O desrespeito que esta ocupação demonstra para com os fins para os quais o Parque foi criado; A lenta destruição desta zona verde e deste sistema ecológico; A manifesta desadequação do local às iniciativas temáticas propostas”, manifesta o PCP.
“O Parque D. Carlos I foi criado na continuidade das termas para a fruição das pessoas que aí procuravam tratamento, tornando-se depois património utilizado por toda a população das Caldas da Rainha e visitantes da cidade. Quem a visita não deixa de apreciar a atração natural que o parque constitui, fundamentada em toda a variedade que a natureza apresenta, e ainda no lago, na casa dos barcos, nos Pavilhões, no coreto, nas esculturas e no Museu Malhoa. O que se constata com estes eventos, seja sobre os frutos ou sobre cavalos e touros, é uma espécie de «feira popular» que preenche os espaços com barracas de gosto duvidoso, em que algumas terão vagamente a ver com o tema. Ao que lá se assiste é ao desvirtuamento dos fins daquele espaço de tranquilidade e beleza e ao desrespeito pelas peças de arquitectura ali fundadas”, referem os comunistas.
“A invasão dos espaços adjacentes ao Museu Malhoa com barracas, anúncios, vedações e automóveis, constitui uma afronta ao carácter e propósito do primeiro edifício projectado e construído em Portugal para utilização como Museu. Ignoram as autoridades que permitem este desmando, ao arrepio das recomendações constantes do estudo elaborado pelo arquiteto paisagista Caldeira Cabral, que todo o bulício e consequente poeira que durante mais de uma semana ali tem lugar, destrói lentamente a envolvência ambiental e também o acervo do museu. Não percebem as autoridades que essa destruição é lenta e não é visível senão a muito longo prazo, ou seja, atuam como se não fossem responsáveis pelo futuro do património do país”, indica o PCP caldense.
“Constitui uma afronta ao caráter das obras de arte e somos surpreendidos com a sua subalternização relativamente a publicidade de cervejas e supermercados que disputam com as esculturas o espaço vital que a obra reivindica, ou seja, peças de escultura tratadas como um candeeiro ou banco de jardim. É ridículo e ofensivo, e óbvio sinal das debilidades e contradições presentes, que para ir ao Museu Malhoa o visitante tenha de ser acompanhado por um ‘vigilante’”, comenta ainda o PCP.
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