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Produtores têm que se adaptar às alterações climáticas

Calor estragou até 25% da produção de pera rocha

Marlene Sousa

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A primavera chuvosa e o início de verão primaveril com temperaturas amenas para a época e as ondas de calor em agosto prejudicaram a produção da pera rocha e da maçã. A produção da pera rocha está com uma quebra de 20% a 25%.
Produtor do Bombarral revelou que o setor tem vindo a ter mais dificuldades em conseguir contratar mão-de-obra sazonal

A produção de pera rocha deste ano, cuja colheita iniciou há duas semanas, tem este ano quebras entre 20% a 25% devido ao calor em agosto, devendo ficar entre as 180 a 190 mil toneladas, abaixo das 220 mil anteriores, disse Domingos dos Santos, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (ANP), que representa o setor.

Ao JORNAL DAS CALDAS, este responsável indicou que “a conjugação de chuva, na altura da floração e a onda de calor nos dias 3 e 4 de agosto, queimou e parou o crescimento da fruta”.

“Tínhamos uma previsão de quebra de cerca de 10% em relação à colheita anterior, mas com o calor em agosto prevê-se uma quebra de 20% a 25%”, afirmou Domingos dos Santos.

O responsável explicou que “o calor queimou a fruta que estava mais exposta ao sol e essa ficou logo incapaz de ser comercializada”. Além disso, o “choque de calor criou um choque térmico tão elevado que veio atrasar o crescimento da fruta”, afirmou.

A OesteCIM deu início, no mês de maio, ao processo de elaboração do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Oeste (OestePIAAC). Para este responsável, é uma iniciativa fundamental porque os produtores “precisam de linhas de orientação na área da agricultura, para conviver com as alterações climáticas que afetam cada vez mais a produção da fruta”. “Também é necessário um sistema de seguro adaptado à realidade da região Oeste”, adiantou.

No entanto, o presidente da ANP sublinhou que “apesar do calibre ser um pouco mais pequeno, o que vai ser comercializado é de excelente qualidade”.

Das 210 mil toneladas produzidas na campanha anterior, o setor exportou 92 mil, acima das 54 mil da campanha de 2016/2017, e faturou 80 milhões de euros.

Quanto à exportação deste ano, Domingos dos Santos diz que como há menos pera rocha, “vai haver uma melhor valorização”. “No ano passado a valorização ficou muito aquém das expectativas por diversos fatores, entre eles o excesso de frutas nos mercados, agora este ano esperamos conseguir preços mais rentáveis”, salientou.

Brasil, Reino Unido, Marrocos, França e Alemanha são os cinco principais mercados de destino desta fruta.

A ANP possui cinco mil produtores associados, com uma área de produção de 11 mil hectares.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Hélder Joaquim presidente da Cooperativa Agrícola do Bombarral, também disse que houve uma quebra da produção da pera rocha que ronda os 30% e em alguns produtores a quebra chega aos 40%.

Referiu que o “calibre da pera rocha é semelhante à do ano passado”. Apesar da quebra de produção, a qualidade é “excelente”.

O principal produto da Secção de Frutas da Cooperativa Agrícola do Bombarral é a pera rocha e tem uma área de exploração de 400 hectares desde pereiras e macieiras.

A Cooperativa Agrícola do Bombarral exporta uma parte da produção para os mercados estrangeiros. Os principais mercados desta cooperativa são Inglaterra, Irlanda, França, Holanda, Brasil e Rússia.

Defendida mais investigação

O produtor do Bombarral e responsável pela empresa Royal Pera, Nuno Gabriel, indicou que se esperam colheitas com menos 25% a 30% daquela fruta do que no ano passado.

Quanto à maçã, também prevê uma ligeira quebra, em comparação com 2017, no qual se bateram picos de produção.

Nuno Gabriel afirmou que a quebra na pera rocha é mais acentuada porque “muita queimou com aqueles dias de calor que veio de repente em agosto”. Adiantou ainda que a falta de sol quando deveria ter vindo, também afetou a produção. “Qualquer dia andamos a apanhar peras em dezembro”, manifestou o empresário, que considera que os agricultores têm que se adaptar às alterações climáticas.

O produtor, que tem uma área de produção de 35 hectares de pera rocha e maçã royal, defende mais investigação para ajudar os produtores a adaptarem-se ao clima e também para combaterem os fungos. “A presença da estenfiliose continua a afetar as produções de pera rocha, e era importante que a indústria química ajudasse a resolver problema”, salientou.

A colheita mobiliza muitos trabalhadores. Nuno Gabriel revelou que o setor tem vindo a ter mais dificuldades em conseguir contratar mão-de-obra sazonal, não só pelo atraso no arranque da campanha face ao aproximar do fim das férias dos estudantes, mas também por não haver pessoas.

A alternativa passa por recorrer a empresas de trabalho temporário que recrutam trabalhadores estrangeiros (africanos e asiáticos, nomeadamente de Bangladesh, Nepal e da antiga Birmânia (Myanmar).

O responsável pela empresa Royal Pera diz que exporta cerca de 80% da sua fruta, nomeadamente para França e Marrocos.

Frutalvor com uma quebra de pera rocha

Na Central Fruteira Frutalvor, nas Caldas, já se iniciou a campanha e os produtores já começaram a entregar a pera rocha na cooperativa.

A produção de pera rocha deste ano arrancou com quebras nos 25%, estimou, Carla Simões, engenheira responsável pela gestão da Frutalvor. “A pera rocha foi afetada porque o mau tempo veio no momento de floração”, especificou. Segundo esta responsável, na agricultura as condições climáticas têm muita influência na campanha de cada ano. No entanto, vincou que a qualidade é “excelente”.

Cerca de 60% da faturação resulta da exportação. Mas para Carla Simões, “o mercado nacional continua a ser importante, e apesar da quebra não vai faltar boa fruta com o sabor a que estamos habituados”.

A Frutalvor é uma cooperativa de fruticultores e organização de produtores, constituída por 24 produtores associados e mais cerca de 10 produtores das Caldas da Rainha.

A pera rocha é produzida nos concelhos entre Mafra e Leiria, sendo os de maior produção os do Cadaval e Bombarral.

A pera rocha do Oeste possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia.

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