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Solidariedade europeia

Francisco Martins da Silva

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A solidariedade entre os Estados europeus é a base da construção da Europa. Por isso, deve ser sempre sublinhada a importância de sermos um continente solidário e de darmos a mão aos que nada têm. Esta é uma obrigação moral acrescida para os europeus.

No entanto, apesar do pequeno Aylan Kurdi morto numa praia da Grécia e das constantes imagens de náufragos no Mediterrâneo, a opinião pública, em vez de pressionar os políticos para acolher estas pessoas, adere a discursos hostis como os dos governantes italianos, húngaros, checos ou turcos.

A crise económica dos últimos anos e a consequente escassez leva a que muitos europeus passem a ver os que querem sentar-se à sua mesa como rivais e não como comensais. Terá de haver uma grande mudança de política nas questões sociais que leve os cidadãos europeus a compreender e a aceitar os imigrantes e refugiados ou a sociedade fracturar-se-á.

A maior parte dos que chegam através do Mediterrâneo provêm da África subsariana, do Iémen, Etiópia e Somália. Há também a guerra na Síria, perante a qual a Europa a única coisa que fez foi pagar à Turquia para conter os refugiados e impedi-los de chegarem às nossas fronteiras. Mas um dos países de onde mais se foge, por causa de uma guerra longa e interminável,?é o Afeganistão.

Venham de onde vierem, estas pessoas são diferentes por terem vivido experiências de?muito sofrimento, e não são fáceis?de acompanhar. E muitos dos nossos países, em vez de lhes oferecerem um ambiente de paz em que possam reconstruir a sua vida, não fazem mais do que prolongar o seu tormento.

Desde logo, é inadmissível que morram pessoas no mar, porque há formas de as fazer chegar em segurança — criando corredores humanitários, vias legais para que estas vítimas?de perseguição e violência possam chegar à Europa em segurança, anulando as infames possibilidades de negócio dos traficantes.

Enquanto esta crise persiste, a solidariedade europeia é posta à prova, com fortes possibilidades de continuar a falhar miseravelmente. Haverá três acções simultâneas que evitarão esse falhanço. Uma dessas acções é apostar nos jovens — os jovens já interiorizaram que as migrações são um fenómeno estrutural do nosso tempo e que vivemos numa Europa dos povos, na qual é possível moverem-se e sentirem-se em casa em cada país. Nas escolas, falando dos direitos de cidadania europeia, promovendo o encontro de refugiados com estudantes, semeando a mensagem da diversidade e da solidariedade, construiremos uma sociedade mais humana e generosa.

Uma outra acção é dar sempre a informação correcta — a comunicação social tem o dever de contrapor os dados da realidade ao discurso populista dos que alimentam o medo, a xenofobia e o racismo. Os refugiados no mundo são 68 milhões e 500 mil. Em 2017 chegaram à Europa menos de 500 mil — uma percentagem muito distante da “invasão” que alguns governantes como os da Itália, Hungria, República Checa ou da Turquia reclamam.?

Uma terceira acção, e seguramente a mais determinante, é, de imediato, resolver os conflitos internos dos países de origem e investir nas suas infra-estruturas, para que migrantes e refugiados não precisem de o ser e tenham a possibilidade de viver dignamente nas suas terras.

Nas conclusões do Conselho Europeu de Junho último foi dito e ficou escrito que o fenómeno migratório não deve ser afrontado por cada Estado, mas que toda?a Europa se deve implicar. Foi a única referência explícita à solidariedade e à importância de estarmos todos juntos, de sermos Europa. É suficiente, no entanto. Sejamos europeus, sejamos solidários.

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