Atualmente, com o aumento do acesso à informação, os consumidores passaram a ser pessoas mais conscientes, sobre os produtos com aditivos químicos que podem estar ligados a doenças.
Alguns desses produtos biológicos do Oeste, como o azeite, o óleo, as frutas e os hortícolas, estiveram expostos no stand da COOPSTECO – Cooperativa de Serviços Técnicos e Conhecimento, durante a Frutos 2018.
Segundo Sandra Martins da Coopsteco, o “futuro passa pela agricultura biológica“, pois é um setor em “crescimento no Oeste como em todo o país”. Contudo, “não existe produção suficiente para dar resposta à procura”.
Na opinião da responsável, as “pessoas estão mais conscientes, não só em termos de saúde, mas em termos ambientais”, pois “estamos a falar de uma agricultura, que não explora o solo ao máximo e não polui os aquíferos”. Além disso o consumidor procura cada vez mais, por “produtos sem resíduos e químicos”.
Relativamente à agricultura biológica referiu que é uma atividade sustentável, que pode ser praticada infinitamente, que não esgota os recursos naturais. Esta área tem igualmente cativado muitos jovens agricultores, que optam por ter um “estilo de vida mais saudável”.
Em termos de preços, Sandra Martins explicou que varia muito, havendo produtos que são “fracamente mais caros como o açúcar ou a carne, mas também há outros que nem por isso”.
Alertou ainda para o facto de o consumidor ter em atenção o certificado. “Em caso de dúvidas deve solicita-lo, para garantir que não é nenhuma aldrabice”, frisou.
A Coopsteca também promoveu ao logo do certame algumas sessões temáticas, bem como deu suporte técnico aos agricultores. Além disso também informou e esclareceu os consumidores, que “paravam no stand para perguntar ou saber um pouco mais sobre a nossa experiência”.
Estado deve castigar “quem polui os recursos hídricos”
“Água não é um produto comercial qualquer, mas sim uma herança que deve ser protegida, defendida e tratada como tal”. Esta foi uma das ideias defendias pelo engenheiro agrónomo e ecologista, Eugénio Sequeira durante uma das conferências organizada pela Coopsteco, no âmbito das Jornadas Técnicas da Feira dos Frutos.
A iniciativa, que realizou-se no passado dia 20 de agosto, na Casa dos Barcos, permitiu que o especialista, que preside à Liga para a Proteção da Natureza, alerta-se para o “princípio poluidor-pagador”, em que o Estado deve castigar “quem polui os recursos hídricos”. Contudo, sublinhou que em Portugal a “única lei que se cumpre é a da gravidade”.
Segundo o investigador, o país está “fortemente dependente dos caudais vindos de Espanha, uma situação que vai ser agravada com as alterações climáticas”.
“Atualmente 60 % da água do Tejo é desviada”, indicou Eugénio Sequeira, alertando para outras ameaças que os recursos hídricos sofrem diariamente, como o caso da rega, que utiliza “80% do total da água consumida” em Portugal. Igualmente alertou para a salinidade da água, “uma vez que o sal na água da rega leva a que as plantas e solos fiquem secos”, bem como a constante ameaça da erosão costeira.
Outro aspeto criticado foi o caso do Alqueva, que na sua opinião, é “um sucesso imediato”, no entanto, “não é sustentável”. “Será aceitável, para ganhar lucros, pôr em causa a sustentabilidade, a saúde pública e o futuro abastecimento alimentar?”, questionou o investigador, criticando a construção de barragens, visto que “os rios sofrem de poluição a montante”, originando posteriormente problemas.
Na sua opinião, “as albufeiras para a produção de eletricidade não são isentas em termos de produção de gases de efeito de estuda”. Indicou ainda que Portugal é um dos países com mais área construída por habitante, o que pode ter influência na quantidade de água, que “não se infiltra e que é retida”.
Por tudo isto, salientou que “está nas mãos do ser humano a decisão” relativamente à utilização do solo, lamentando o facto de “não se estudar” antes de qualquer decisão, dando como exemplo a quantidade de água que o solo aguenta e a renovação dos aquíferos.
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