Nos primeiros três dias, a terceira edição da revitalizada Frutos foi visitada por cerca de 25 mil pessoas. Este ano tem como novidade, entre outras, a recriação de um dos maiores ex-libris da cidade, a “Praça da Fruta”.
Logo à entrada, no Céu de Vidro, a inauguração oficial do certame, deu a conhecer à comitiva presidida pela presença do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, uma exposição intitulada “Tiragem- Edições em cerâmica para a cidade das Caldas da Rainha”, dos ceramistas Ana Sobral, Bolota, Carlos Enxuto, Elsa Rebelo, Francisco Correia, Mariana Sampaio, Mário Reis, Umbelina Barros, Vítor Agostinho e Vítor Reis. Esta mostra, realizada no âmbito do programa MOLDA, contêm diversas peças que percorrem diferentes tipologias e que se estendem aos domínios artístico, utilitário e experimental. Contando igualmente com a presença da diretora Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Elisabete Jardim, e de outros autarcas da região, a comitiva seguiu para a entrada do evento, acompanhada pela música dos elementos da Banda de Comércio e Indústria das Caldas da Rainha.
Antes de chegar à entrada da Feira dos Frutos, a comitiva passou pelos stands de artesanato, que este ano ficou na parte de fora do certame, junto ao coreto. Posteriormente seguiram para a feira, que nesta edição também modificou o espaço institucional para uma “área mais aberta”, com outros espaços de exposição.
Lá dentro, foi instalada a recriação da Praça da Fruta, que permite aos visitantes da feira comprar diretamente aos vendedores as frutas e os legumes, que costumam ter no mercado diário, bem como os stands individualizados das instituições.
Depois, durante mais de três horas, a comitiva visitou e cumprimentou os cerca de 200 expositores, divididos por áreas temáticas, terminando com um brinde na área dos vinhos e enchidos.
Para o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, a Feira dos Frutos é um “certame bastante interessante”, no que diz respeito à “divulgação daquilo que melhor se produz nesta região”. Além disso, considerou-a “diferente” das restantes, caracterizando-a como “uma feira da agricultura”, que dá a conhecer os dois produtos de “excelência da nossa agricultura” (frutas e legumes).
Igualmente se congratulou, o saber associar a cerâmica da cidade à feira, sendo “certamente uma aposta ganha”.
Já o presidente da Câmara Municipal, Tinta Ferreira, enalteceu mais uma vez o certame que “dá continuidade às edições anteriores”, mas com uma “diferença essencial, o início da feira e o espaço institucional”.
Para o autarca, o “certame este ano está com melhor qualidade”, quer no que diz respeito a uma recriação da Praça da Fruta, o que permite aos vendedores terem “um outra forma de estar e de expor”, bem como possibilita aos visitantes do parque apreciar o artesanato, sem ter que entrar necessariamente na feira. Tudo isso “permite-nos ter um espaço mais desafogado”.
No fundo, segundo o autarca, “pretendemos valorizar a fruta e as hortícolas, dando continuidade à tradição das feiras”. Apesar de este ano não haver muita pera para mostrar, uma vez que a colheita ainda não começou, considerou importante manter a “tradição de realizar-se o certame em agosto como forma de simbolizar a campanha da apanha”.
Igualmente destacou o facto de a feira estar a “caminhar para obter a certificação Evento Mais Saudável”, em que organização quer estar na “linha da frente das feiras eco sustentáveis”. Este “Selo Eco-Evento” é uma iniciativa da Valorsul que desafia os municípios organizadores de eventos a comprometerem-se com práticas de redução do impacte ambiental daí resultante e na gestão adequada de resíduos, promovendo a reciclagem e a valorização dos resíduos produzidos na feira, assim como a deposição e a recolha seletiva de plástico, papel, cartão e resíduos orgânicos.
Nesse sentido, os expositores dispõem de contentores adequados e a recolha é efetuada pela equipa de limpeza.
De acordo com o edil, “achamos que isso será uma mais-valia, pois sabemos que as pessoas gostam de frequentar espaços onde a garantia de sustentabilidade é grande”. Além disso tiveram em conta a distribuição dos stands pelo parque, no sentido de “garantir uma maior preservação dos espaços verdes”, que “não serão tão pisados pelas pessoas e teremos uma maior facilidade de recuperação”, indo assim ao encontro daquilo que está definido pelo plano de gestão, aprovado pela DGPC- Direção Geral do Património Cultural.
“60% daquilo que se produz já é exportado”
Em relação às alterações climáticas, sentidas nos últimos meses e a vinda do verão tardio, segundo o secretário de estado provocou “algumas situações”, que acabaram por ter alguma influência na produção, e por sua vez, no que diz respeito aproveitamento de oportunidades comerciais de exportação, em determinados mercados europeus.
“Tínhamos uma janela de oportunidades, mas, infelizmente este ano, tendo em conta o verão tardio, houve países que chegaram primeiro que nós”, explicou Luís Vieira.
Igualmente alertou para o facto de “estarmos cada vez mais preparados para conseguirmos dar uma melhor resposta”, a este tipo de problemas, bem como aproveitar o seguro de colheitas, que é cofinanciado pelo Ministério da Agricultura. No que diz respeito há fruta, não está previsto o seguro de base normal, mas, assegurou que no próximo ano, tendo em conta esta situação “podemos incluir este risco no seguro”.
Apesar de tudo, considerou que “esta foi uma situação acidental”, pois mesmo assim o “setor continua a exportar”. Além disso, frisou, que “temos excelentes organizações e bons produtores, que mostram claramente que a nossa agricultura está cada vez mais inovadora e profissional”.
No que diz respeito às exportações, o secretário de estado afirmou que “Portugal tem vindo a ter um desempenho extremamente importante no setor da hortofruticultura, quer em termos de produção, quer em termos de exportação”. Nesta área “60% daquilo que se produz já é exportado”, tendo no ano passado registado 1.352 milhões de euros em exportações.
Em termos de produto, Luís Vieira sublinhou que nos “seis primeiros meses deste ano tivemos um aumento de 2,4%, na produção, com especial realce para os frutos pequenos”, em que registou “um aumento mais de 34%”. Isto significa que “temos uma dinâmica de exportação, o que é extremamente importante”.
No caso específico da pera rocha, o secretário de estado salientou que o “primeiro semestre foi um caso interessante, pois aumentamos as exportações significativamente”, bem como “estabilizamos em termos de preço”. Tudo isto significa que foi colocado no mercado nestes seis primeiros meses” mais quantidade, a um preço mais ou menos idêntico aquele que ocorreu no primeiro semestre do ano anterior”. Portanto, “nós queremos é exportar mais e criar mais valor”.
Relativamente à produção da pera rocha, explicou, que “este primeiro semestre não correspondeu ao valor” comparativamente ao ano passado, pois só em 2017 foi exportado cerca de 110 mil toneladas, o que gerou 95 milhões de euros. “É um número extremamente importante pois é um ex-libris da fruticultura nacional”, frisou.
Na área da exportação, também se tem destacado outras produções, como o caso dos “frutos pequenos, que tem tido um êxito assinalável em termos de desempenho”. Nesse sentido, as framboesas como os mirtilos tem provocado o aumento das exportações em 34%, tendo no primeiro semestre deste ano, gerado cerca de 150 milhões de euros.
Apesar de “há cinco anos atrás tratar-se de produtos que não tinham valor nenhum na exportação”, atualmente tem “peso significativo” na balança das exportações, o que “mostra claramente que os nossos agricultores souberam encontrar algumas oportunidades, e ao mesmo tempo, apostar em determinados setores”.
Outro assunto que mencionou, foi a Barragem de Alvorninha, construída em 2005, e na qual se gastaram 6,5 milhões de euros, mas que não está a funcionar, porque suspeita-se da existência de fissuras na albufeira que deixam passar a água sob o paredão, e, em que a candidatura ao abrigo do programa comunitário do PDR 2020, por parte da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT), no valor de um milhão e cem mil euros, já foi aprovada.
Agora, segundo o secretário de estado, tem de ser feitos os estudos e a contratação pública, o “que demora muito tempo”.
Apenas dois vendedores na recriação da Praça da Fruta
Uma das novidades deste ano é a recriação de uma mini Praça da Fruta no Parque. Logo no stand institucional é possível encontrar várias banquinhas onde os vendedores dispõem os seus produtos durante os 10 dias de feira, em vez de se prolongar o mercado na praça tradicional, como foi experimentado há dois anos.
Uma das vendedoras presentes, que ocupa três bancas, é a Regina Carreira. Depois de fazer o mercado, segue para a Frutos, onde marca presença com a sua banca para mais umas horas de trabalho.
Desde miúda que vende na Praça da Fruta, produtos que cultiva em casa e outros que compra, diretamente a “quem os produz”. Na sua banca é possível adquirir pêssegos, maçãs, peras, uvas, laranjas, nozes, feijão, entre outros.
Já o ano passado tinha participado na mini Praça da Fruta, que estava instalada logo a seguir à tenda institucional. “Gostei da experiência, pois muitos dos visitantes conheciam-me da praça, e paravam para falar e compram alguma coisa”, sublinhou a vendedora, adiantando que “no início do festival eramos muitos, e no final da feira acabamos por ficar só três”.
Como tal, este ano quando recebeu o convite para retornar à Frutos disse “logo que sim mas com a condição de que tinha de haver uma mudança na localização”, ou seja, “devíamos de ter qualquer coisa a representar a nossa praça”.
Para Regina Carreira, “esta ideia de recriar o tabuleiro da praça, bem como os candeeiros está fantástica”, bem como a “nossa localização”. Destacou ainda que o negócio está a correr “muito bem, pois as pessoas passam e compram antes de ir para o concerto”, ou então “para levar para casa”.
Igualmente lamentou, o facto de não haver mais vendedores da praça, a marcarem presença no evento.
Ao lado, está Ana Duarte, que vende frutas desidratadas. Há disposição de quem a visita tem um “leque de 17 variedades”, entre os quais kiwi, banana, mamão, dióspiro, abacaxi, laranja, manga, pêssego, entre outros.
A funcionar desde fevereiro, altura em que Ana Duarte decidiu investir noutra área, depois de passar algum tempo desempregada. De acordo com a vendedora, “nada melhor do que fruta, visto que estou numa terra de frutas”, sem falar que é “uma maneira saudável de comer fruta”.
“Todos os produtos são feitos por mim, desde a escolha do produto à confeção, pesagem e embalamento”, sublinhou a vendedora, que considera que esta é uma “boa forma” de divulgar os seus produtos, num espaço agradável, e que “melhor localização era impossível”.
Relativamente à recriação da Praça da Fruta, Ana Duarte “achou um máximo, aliás está uma miniatura perfeita”. Igualmente mostrou-se satisfeita por estar presente na feira e com a aderência que o público tem tido aos seus produtos.
Como tal, lamentou o facto de os outros vendedores não virem, pois “vão se arrepender”.
Lançamento da peça “Praça da Fruta”
A edição deste ano também é marca pelo “nascimento de um novo projeto”, da artista plástica caldense, Mariana Sampaio, que decidiu apresentar dois ex-líbris das Caldas da Rainha, a cerâmica e a Praça da Fruta, numa única peça.
Presente no stand institucional do expositor AIRO – Caldas Empreende, com os seus trabalhos, Mariana Sampaio aproveitou a ocasião para lançar a peça, “que é inspirada na nossa tão emblemática Praça”.
A ideia para o projeto surgiu através do concurso de desenho do novo logótipo da Praça da Fruta, que participou mas que “infelizmente não foi escolhida”. Mais tarde decidiu que valeria a pena investir e apresentar a ideia.
Como tal, aproveitou a sua participação na feira para apresentar “este novo projeto ao público”, que em breve estará disponível para venda em vários sítios da cidade.
A peça produzida pela Mariana Sampaio, que está a venda no certame, consiste num azulejo com um desenho ao centro. Essa ilustração é composta, segundo a ceramista, pela “inspiração na calçada da Praça da Fruta, mistura com as cobras, as caixas de fruta a fazer de coroa, bem como a couve, e ainda a nossa arte nova nos gradeamentos de um dos edifícios que ladeia o espaço”.
Os azulejos estão disponíveis em várias cores, consoante o “gosto de cada pessoa”. Existem as cores mais típicas da cidade que são o verde, o amarelo mel e o castanho manganês, como também outro tipo de cores, um “bocadinho mais modernas e arrojadas”. Em breve também terá para venda um íman para o frigorífico, com o mesmo desenho do azulejo.
Além destas peças, Mariana Sampaio também tem em exposição alguns dos seus trabalhos de cerâmica de autor, que são “inspirados no trabalho feito pelos meus bisavós, no croché e renda”. Igualmente explicou que são “uma espécie de homenagem a elas, que muita influência tiveram em mim”.
A artista também produziu um caixa de cerâmica, que irá acompanhar futuramente os pastéis Bordalo. No fundo, o objetivo é que “as pessoas quando compram os pastéis, acabam por levar a caixa com uma lembrança da cerâmica da cidade”.
Sessões temáticas, frutas, e tascas com comes e bebes
Mas nem só de cerâmica vive o evento. Há também um espaço ligado à fruta e legumes, e alguns dos seus derivados, como doces e compotas.
Pelo recinto também há outros espaços dedicados à venda de produtos biológicos, nutrição e bem-estar, maquinaria, e muita gastronomia do concelho.
Encontra-se ainda um espaço dedicado às famílias com crianças, com insufláveis, pinturas faciais, e ainda uma área reservada a demonstrações ao vivo de cozinha, com chefes nacionais, e restaurantes e bares.
Novidade é também o espaço “Vamos à horta”, na Rua dos Plátanos, onde é possível ver as sementes a germinar e todo o processo de crescimento das plantas, fazendo assim uma ligação do certame com o agricultor.
O serviço de estafetas continua pelo segundo ano consecutivo. A quem requisitar o serviço é oferecido um saco reciclável, que depois pode ser entregue, para recolha, junto ao secretariado da feira e em frente ao Hospital Termal. Tal como no ano passado, o certame promove um conjunto de sessões temáticas, na Casa dos Barcos com uma série de entidades para falar sobre o setor, tendo as primeiras abordado como evitar os acidentes nos trabalhos agrícolas, o que é um produto biológico para o consumidor e a água é um recurso limitado.
Há ainda videomapping, animação itinerante, DJ’s e demonstrações de atividade física.
Carolina Deslandes, Aurea e O Mundo da Sara animaram as primeiras noites da Frutos
A animação continua a ser um dos pontos fortes da Frutos, tendo o recinto dos concertos sempre cheio. Este ano não fugiu à regra, a primeira artista a pisar o palco do certame foi a Carolina Deslandes, que cantou e encantou os fãs com a interpretação dos temas “A Vida Toda”, “Avião de Papel” e o “Circo de Feras” dos Xutos & Pontapés.
“Escolhi o “Circo de Feras” para fechar o meu disco e o meu concerto. Decidi fazê-lo porque o primeiro concerto que vi na vida foi dos Xutos & Pontapés, às cavalitas do meu pai”, disse a cantora durante o concerto.
Do espetáculo também fez parte o seu primeiro single, que chegou às maiores rádios nacionais, o “Não É Verdade”, bem como o tema “Mountains”, dueto com Agir e que se tornou um sucesso sem precedente.
Na noite seguinte foi a vez de subir ao palco, uma das juradas no concurso “The Voice”, Aurea, que deu um concerto eletrizante e que não deixou ninguém indiferente. Lançou recentemente o seu quarto álbum, “Confessions”, que de imediato atingiu a primeira posição do top de vendas. Do alinhamento constaram temas como “Secretly”, “Scratch My Back”, “Done With You”, “Okay Alright” ou “I didn’t mean it”.
Já domigo foi o dia dedicado aos mais pequenos, com a presença de um dos maiores fenómenos infantojuvenis da atualidade, “O Mundo da Sara”. A talentosa Sara e os seus amigos, que vivem aventuras fantásticas e inesquecíveis fizeram as delícias dos mais novos.
Antes do espetáculo houve o desfile da estilista caldense, Edite Norte e a eleição da Miss Frutos 2018, que foi entregue à candidata Tânia Dinis.
0 Comentários