Muita diversão mais do que competição. Este o espírito da corrida de burros que há 50 anos se realiza à volta da capela de Ferrel, em Peniche. Uma autêntica aventura para os 40 concorrentes, entre os quais quatro mulheres, com peripécias, quedas e momentos hilariantes, para além do orgulho em manter a tradição que dá nome à terra e que lembra o papel que os burros tiveram noutros tempos.
“Eram utilizados na lavoura e serviam para carregar os donos até ao local. Foram uma mais-valia há anos nesta terra, pela função de transporte”, indicou Gilberto Alves, da organização
Apesar de alguns participantes terem experiência de montar a cavalo, encontraram dificuldades em cima dos burros. Mas não faltou espetáculo.
“É muito difícil porque o burro é muito teimoso e faz doer. É muito diferente de andar a cavalo, que é mais fofinho”, contou Andreia Simões.
Daniel Mateus relatou que “monto a cavalo, sou daqui e sempre achei muita piada à corrida e este ano decidi correr. É experiência muito boa”.
O truque para uma boa montada tinha várias explicações. “É conforme o burro. Há uns melhores, outros piores”, manifestava Ivan Teodoro.
Graça Rosário afirmava que “tem que se ter um bom equilíbrio”, mas apesar da experiência foi quem deu a pior queda, que a deixou a sangrar num braço, o que não a impediu de continuar.
O vencedor do primeiro prémio, uma viagem aos Açores, foi António Jorge, que explicou a fórmula do sucesso:
“É treinar o burro um dia antes. Falámos um bocadinho para ele ir com calma e assim foi, e ganhou”, brincou.
O público que assistiu à corrida também se divertiu imenso. Associada à corrida e à diversão está a intenção de valorizar um dos maiores recursos da freguesia de Ferrel, que para além da praia do Baleal é conhecida como a “terra dos burros”. Há mais de meio século era um animal essencial para os habitantes de Ferrel poderem trabalhar. Hoje em dia já não, porque há menos agricultores e mais tratores do que burros.
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