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Em Peniche estudam-se algas como mais-valia para a ciência e para a economia

Marlene Sousa

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Cruzar o conhecimento científico, com a gastronomia e turismo na valorização dos recursos locais é o objetivo do Cetemares - Centro de I&D, Formação e Divulgação do Conhecimento Marítimo, integrado no MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente), do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), localizado no Porto de Peniche. A criação de pão, gelados, rações e cosméticos, ou até mesmo produtos para combater o cancro, tudo à base de algas, são alguns exemplos dos campos de investigação. A trabalhar nestas inovações está uma equipa composta por cerca de 50 investigadores e bolseiros, preparados para a Economia Azul. Do ponto de vista económico, o objetivo é trabalhar com as empresas para desenvolver produtos e colocá-los no mercado, tendo esta infraestrutura parceria com mais de 80 empresas nacionais e internacionais.
Sérgio Leandro subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, Maria Manuel Gil, coordenadora do MARE e João Paulo Jorge professor e representante da Citur

O desenvolvimento económico do Oeste com ligação à investigação é um dos objetivos do Cetemares – Centro de I&D, Formação e Divulgação do Conhecimento Marítimo, integrado no MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente), do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria).

O objetivo é valorizar os recursos marinhos através da investigação e do desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e processos produtivos, recorrendo a métodos sustentáveis.

“O intuito foi claramente alavancar a investigação na área dos recursos marinhos e fazer a interligação com as empresas para implementação de projetos que se traduzam em inovação”, disse, Maria Manuel Gil, coordenadora do MARE – IPLeiria.

O centro localizado no porto de Peniche tem três linhas de investigação: Biotecnologia Marinha; Aquacultura, Biologia Marinha e Sustentabilidade, englobando, ainda a área do Recursos Alimentares Marinhos. “Trabalhamos em estreita articulação com as empresas, porque só faz sentido fazer investigação se depois conseguirmos transferi-la para as empresas criando riqueza por parte das mesmas e desenvolvendo a economia da nossa zona”, sublinhou, a responsável.

Esta infraestrutura, exclusivamente dedicada à Ciência e Tecnologia do Mar tem parceria com mais de 80 empresas nacionais e internacionais. “Estas colaborações com as empresas tem permitido desenvolver tecnologias e produtos que estão, alguns deles, a ser comercializados no mercado nacional e no mercado internacional”, apontou Maria Manuel Gil, destacando o valor acrescentado e diferenciando das “empresas com produtos que se conseguem posicionar no mercado de forma diferente”.

Segundo, a coordenadora do MARE está em curso um projeto de investigação de valorização de algas que visa a criação de novos produtos farmacêuticos e alimentares.

O cruzamento da ciência aos recursos marinhos, está a enaltecer as algas, um “alimento do futuro” que está a ser analisado, debatido e degustado.

“Estamos a apostar na valorização científica e turística”, do potencial das algas invasoras, incorporando-as em produtos alimentares, rações e cosméticos”, disse, a responsável.

No edifício Cetemares, exclusivamente dedicada à Ciência e Tecnologia do Mar e que se distingue pelos seus laboratórios, pão de algas, bolachas, gelado e azeite de algas, são alguns dos produtos alimentares que têm vindo a ser desenvolvidos, e que já estão no mercado.

“Produtos esses que se pretende que sejam mais saudáveis, e a utilização das algas é importante porque nos permite reduzir a adição de sal nos produtos que estamos a desenvolver”, contou, a coordenadora do MARE, acrescentando que “as algas permitem também um enriquecimento noutros compostos em que há carência a nível nacional, como o iodo”. “As algas são o contributo e conseguimos ter aqui produtos com baixo teor de sal, elevada quantidade de iodo, ácido fólico e outros minerais”, apontou.

Avanços dos investigadores do Cetemares na pesquisa de compostos bioativos presentes nas algas está a potenciar também “produtos que aspiram combater o cancro”.

Um dos projetos em curso dedica-se à descoberta de “novos fármacos e de outros para combater o avanço da Parkinson”.

Compostos provenientes de algas podem ainda ser utilizados na cosmética em “artigos antienvelhecimento a usar pela indústria cosmética”.

O estudo contempla ainda a criação de “rações para animais, substituindo os medicamentos e aumentando o seu valor nutricional, muito para a aquacultura para estimular o sistema imunitário dos peixes”.

Segundo, Maria Manuel Gil, fazendo a interligação entre Biotecnologia Marinha e Recursos Alimentares Marinhos, as pesquisas de compostos presentes nas algas podem ajudar a aumentar o tempo de vida útil de produtos frescos. “Temos no centro como exemplo um projeto que já está a terminar, que é a utilização de extratos de algas para aumentar o tempo de vida útil da maçã fresca fatiada”, explicou.

“Foi desenvolvida também uma película que tem incorporados extratos de algas que libertam constituintes que permitem prolongar o tempo de vida útil do alimento fresco que é guardado naquela embalagem”, adiantou, a responsável.

O centro tem um projeto europeu sobre a utilização de “algas invasoras” das quais existem muitas na costa Portuguesa e em Espanha. “Essas algas invasoras são um problema e uma ameaça, e estamos a perceber como as podemos aproveitar, pois algumas não podem ser para a área alimentar, mas podem ser utilizadas noutras áreas”.

De acordo com a coordenadora, o projeto que passa por transformar “algas marinhas invasoras, que geram problemas ecológicos e que representam uma ameaça para o ambiente, numa oportunidade de negócio”.

Segundo, Maria Manuel Gil, neste momento temos já alguns milhões de euros de financiamento para projetos de investigação com base nos recursos marinhos de duas tipologias. “Por um lado, na investigação fundamental, ou seja, aquela que não é tão rapidamente aplicada diretamente às empresas ou que não tem uma visibilidade tão rápida, e projetos de investigação aplicada em que há uma parceria direta com as empresas e que tem produtos rapidamente comercializados no nosso país e além-fronteiras”.

Oficialmente inaugurado em 2015, o Cetemares – é a sede do MARE do IPLeiria. É neste edifício localizado no porto de Peniche que trabalha diariamente cerca de 50 pessoas designadas a diversos projetos. “A equipa é composta por 30 investigadores séniores e de carreira e ainda bolseiros pós-doutoramento, estudantes de doutoramento e de mestrado e bolseiros de investigação preparados para a Economia Azul”.

Citur – Vários projetos ligados ao turismo

O Politécnico de Leiria, através do Nid / Citur – Núcleo de Investigação de Destinos Turísticos, sediado na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche, com o Turismo Centro de Portugal estão a trabalhar no novo projeto: “Observatório de Turismo”, destinado a “monitorizar de forma permanente” o impacto do turismo na região, sobretudo nas vertentes económicas, sociais, culturais e ambientais”, disse, João Paulo Jorge professor e representante da Citur.

“Se quisermos saber quantos turistas vêm a Peniche, é muito difícil obter esse dado diretamente”, relatou João Paulo Jorge, sublinhando que o Observatório de Turismo do Centro vem “preencher uma lacuna com que nos deparamos na análise dos indicadores turísticos do Centro de Portugal”.

Segundo este responsável, o projeto envolve os 100 municípios e estruturas turísticas como hotéis, que abrangem o Turismo Centro de Portugal. “A plataforma já existe e os parceiros comprometem-se a introduzir os dados de uma forma frequente de modo a que se possa ter acesso a dados mais atualizados das estatísticas relacionadas com o turismo e com a restauração”, adiantou o professor.

Desenvolvido com o apoio técnico e científico do Instituto Politécnico de Leira (IPL), o Observatório assenta num Sistema de Monitorização da Atividade Turística (SMAT) que, segundo este responsável, “cumpre na íntegra os requisitos preconizados pela União Europeia através do “European Tourism Indicators System (ETIS)”.

João Paulo Jorge espera que a plataforma entre em pleno funcionamento no final deste ano de modo a “traçar um quadro, permanentemente atualizado, da atividade turística da região Centro de Portugal”.

O Núcleo de Investigação em Surfing e Sustentabilidade das Áreas Costeiras, (NIS) é também uma atividade autónoma integrada no Centro de Investigação Aplicada em Turismo (Citur). Segundo este responsável funciona como foco para a investigação inovadora e de qualidade no que se refere ao turismo de surf e sua sustentabilidade.

Dos cerca de 30 projetos em curso no Citur existe um estudo que está a iniciar-se, em parceria com a Universidade da Madeira, sobre a “capacidade de carga turística das praias e em relação ao mergulho nas Berlengas”. “A atividade do mergulho tem que ter alguma atenção em particular por forma a que o atrativo permaneça sem gerar conflitos em termos dos próprios utilizadores daquele território”, apontou Sérgio Leandro, subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar – (MARE- IPLeiria), acrescentando que “é importante perceber a capacidade em cada local de mergulho”. “Esta questão da certificação para a sustentabilidade tem muito a ver com a própria organização da atividade que é desenvolvida na praia”, adiantou.

Quanto ao controlo de visitação às Berlengas, este responsável falou noutro projeto que passa pela criação de um espaço físico onde o visitante pode conhecer as Berlengas sem se ter que deslocar à ilha. “É um projeto que se chama “À porta das Berlengas” com meios de suporte com aplicações para divulgar a ilha”, divulgou.

Está ainda em curso a elaboração do Plano Municipal Estratégico para o Turismo em Torres Vedras e há a proposta para também elaborar o plano para o município da Nazaré.

O impacto económico na região do Campeonato Mundial de surf em Peniche é outro projeto onde já foram publicados quatro relatórios com o valor de cerca de dez milhões de euros por cada evento.

Aquatropolis promove desenvolvimento da aquacultura

Para combater o grande défice em Portugal da tecnologia em Aquacultura, nasceu o projeto Aquatropolis para promover o “desenvolvimento sustentável da aquacultura”.

As empresas Compta, a ALGAplus e Domatica, o Politécnico de Leiria, através das Escolas Superiores de Turismo e Tecnologia do Mar e de Tecnologia e Gestão, o Instituto Politécnico de Tomar e o Tagus Valley – Parque Tecnológico do Vale do Tejo formam este consórcio, que tem por missão promover a inovação, o desenvolvimento tecnológico e a internacionalização de tecnologia portuguesa para o desenvolvimento sustentável do setor da aquacultura.

Um dos principais objetivos do consórcio Aquatropolis é, segundo Sérgio Leandro, promover a democratização das tecnologias de ponta no setor, permitindo que a esmagadora maioria do tecido empresarial ibérico da aquacultura disponha de recursos tecnológicos para a otimização das operações, redução dos riscos e incertezas que afetam o processo produtivo, e com ela garantir mais rendimento aos produtores e a qualidade e a segurança alimentar para o consumidor final.

ESTM com recorde de estudantes internacionais

Na ESTM vão iniciar a breve prazo o “grau” de “doutor” nas Ciências e Tecnologias do Mar. “Temos uma classificação de excelente, o que será um garante dos doutoramentos”, sublinhou Sérgio Leandro, adiantando que “já acolhem vários estudantes de doutoramento e agora formá-los é uma grande oportunidade”.

Quanto a alunos internacionais, a ESTM é cada vez mais atrativa. “No próximo ano letivo vamos ultrapassar alguns números muito interessantes em termos de estudantes internacionais quer a nível de licenciaturas quer a nível de mestrados, fruto, do investimento estratégico do Politécnico de Leiria em países sul-americanos e também do Brasil que está a acordar novamente com Portugal como destino de formação a nível de ensino superior”.

Empreendedorismo no novo Parque de Ciência e Tecnologia do Mar

O subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar falou também do projeto com a Câmara de Peniche para a criação de um Parque de Ciência e Tecnologia do Mar intitulado “Smart Ocean”, que ficará perto do Cetemares. “O nosso grande objetivo é tentar motivar os alunos a enveredar pelo empreendedorismo”, disse o responsável. “Temos a formação e investigação e faltava esta plataforma de transferência para a economia para a captação de empresas”, adiantou o subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar. O objetivo é que várias empresas no Porto de Pesca vão para o parque tecnológico. “Vai surgir na zona portuária em setembro a aquacultura de corvina, um projeto piloto”, revelou Sérgio Leandro.

Na ESTM e em Peniche estão sediadas as unidades de investigação em Turismo –Citur – Centro de Investigação Aplicada em Turismo e em Recursos Marinhos – Mare- IPLeiria – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, este último com instalações no moderno edifício de investigação denominado Cetemares, permitindo uma maior interação com o mar e a indústria devido a uma localização privilegiada no porto de Peniche.

O edifício Cetemares conta com cerca de 2000 m2 de laboratórios providos com os mais modernos equipamentos na área da biologia, pescas, aquacultura, biotecnologia, química, microbiologia e tecnologia dos alimentos e também vários espaços dedicados à formação e transferência do conhecimento, tornando esta a única infraestrutura do Oeste dedicada exclusivamente à Ciência e Tecnologia do Mar.

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