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Saúde no Oeste “razoavelmente bem” apesar de mortalidade elevada

Mariana Martinho

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O Oeste regista uma percentagem inferior à do continente de esperança média de vida. A taxa de mortalidade é mais elevada no Oeste do que no resto do país. Mas ainda assim, a saúde na região Oeste Norte está “razoavelmente bem”, em comparação com o que se passa no restante país, por exemplo ao nível de vacinação e saúde oral, relatou o delegado de saúde pública, Jorge Nunes, com base no “Perfil de Saúde 2017”, elaborado pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Oeste Norte. Esse documento, que foi apresentado na passada quinta-feira, na sede da OesteCim, nas Caldas da Rainha, tem como intenção a preparação do próximo Plano Local de Saúde 2019-2021, que pretende adquirir um maior número possível de parceiros da comunidade, direta ou indiretamente relacionados com a saúde.
A sessão contou com a presença de vários elementos ligados à saúde

O documento elaborado ao longo do ano de 2017 teve como base o anterior plano local de saúde, referente ao triénio 2014-2016, que foi prolongado até final de 2018.

Este perfil, segundo Jorge Nunes, revela que os problemas de saúde no Oeste têm sido “mais ou menos os mesmos”, em comparação com o resto do país, embora com algumas especificidades a nível local. Mesmo assim “conseguimos ter excelentes indicadores, em termos de vacinação e saúde oral, melhores do que a região de Lisboa e Vale do Tejo”.

Com base na experiência acumulada do anterior plano de saúde, o ACeS vai procurar definir as estratégias para o novo plano para 2019-2021, englobando uma “vertente de promoção e prevenção mas também da parte clínica e da parte hospitalar”.

As estratégias para o próximo plano passam pela intervenção nos espaços e grupos populacionais prioritários, com especial ênfase na promoção, prevenção e deteção precoce das doenças, através dos rastreios. Além disso prevê inovação nas intervenções e promoção de boas práticas clínicas.

Para o coordenador da USP Zé Povinho do ACeS, “o objetivo é contribuir para melhoria da saúde das pessoas em conjunto”.

Já a diretora executiva do ACeS Oeste Norte, Ana Pisco, referiu que “o objetivo é iniciar um trabalho que já foi feito em anos anteriores e iniciar uma nova fase de construção, com base nas necessidades em termos de saúde dentro dos seis concelhos”. Presente também esteve a vereadora da ação social, Conceição Pereira, que alertou para a necessidade de ser feito um trabalho em rede, em parceria com a rede social.

“Um retrato da região Oeste”

O perfil de saúde da Região Oeste Norte, que abrange uma área territorial total de 1057km2, engloba vários indicadores, que foram explicados pela enfermeira especialista em saúde comunitária, Fátima Neves. Um deles é o facto da pirâmide etária refletir um índice de envelhecimento “bastante elevado” em relação à região de Lisboa e Vale do Tejo e do restante continente.

Neste momento a região tem uma população estimada de 171642 habitantes, ou seja, menos 4656 do que em 2011. Isto significa que “se há 17 anos achávamos que tínhamos uma população envelhecida porque a base da pirâmide estava muito estreita, a coisa não melhorou mesmo nada”.

De acordo com a enfermeira, “temos menos crianças e jovens adultos até 35 anos, e muito mais idosos, com mais de 85 anos”, sobretudo nos concelhos de Óbidos e de Bombarral.

Igualmente referiu que o índice de juventude tem vindo a diminuir, enquanto que o índice de envelhecimento, bem como de dependência está aumentar. Ou seja, “temos cada vez mais idosos a nosso cargo e menos pessoas em idade ativa para tomarem conta deles”.

Em relação à esperança média de vida, o “Oeste regista uma percentagem inferior à do continente”, mas tem tendência a “aumentar”.

Outro dos indicadores é a taxa de natalidade, que continua em decréscimo, desde 1997. Esta apresenta um índice sintético de fecundidade de 1,2, “muito abaixo dos desejados 2,1 para renovação geracional”.

Ainda na área da natalidade, o perfil indicou que a idade materna ao nascimento do primeiro filho está “aumentar bastante”, enquanto em 1990 rondava os 24 anos. Neste momento as mulheres optam por serem mães aos 30 anos, registando-se nos 28,2%. Mas nem tudo é mau, no caso das interrupções voluntárias da gravidez, a tendência na região tem-se mantido abaixo da média nacional, bem como no que diz respeito aos recursos e acessibilidade à saúde o ACeS Oeste apresenta um número de consultas em unidade de saúde primários por habitante superior à média nacional, correspondendo a 2,4 consultas por habitante no ano 2015.

Taxa de mortalidade “acima da média nacional”

Outro dos indicadores é a taxa de mortalidade, que se regista “mais elevada no Oeste do que na região de Lisboa e Vale do Tejo”, tendo como causa os diabetes, doenças cardiovasculares, tumores malignos, suicídios, entre outras. No que diz respeito à mortalidade por tumor maligno do cólon e recto, “a nossa média é superior” à média nacional entre os indivíduos do sexo masculino dos concelhos de Nazaré e Alcobaça.

Já a taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, o concelho de Peniche destaca-se dos restantes.

Os dados também revelaram que há um excesso de uso dos serviços de urgência hospitalares, tal como uma capacidade de internamento hospitalar inferior à da região de Lisboa e Vale do Tejo e continente. Contudo, em 2016 verificou-se que 41,7% dos episódios de urgência correspondeu as “falsas urgências”, isto é, episódios classificados como um grau de prioridade baixo.

Igualmente o número de consultas dentro do tempo adequado tem vindo a decrescer desde 2014, situando-se na ordem dos 66% no ano de 2016. “Estamos a ter uma resposta mais tardia no que diz respeito aos doentes que são reencaminhados dos cuidados de saúde primários”, referiu. Além disso, o perfil aponta para uma capacidade de internamento hospitalar limitada na região, o que se prenderá possivelmente com a existência de 1,2 camas hospitalares por mil habitantes no ACeS Oeste Norte, quase metade da média registada na região de Lisboa e Vale do Tejo e continente.

No que diz respeito às doenças transmissíveis de declaração obrigatória, o perfil registou a tuberculose como a doença que teve maior número de notificações, seguida por algumas doenças sexualmente transmissíveis e tosse convulsa. Podemos verificar ainda que, no quadriénio de 2013-2016, houve maior número de novos casos de VIH/SIDA (por 100.000 habitantes) nos concelhos de Caldas da Rainha e Alcobaça, tendo baixado nos concelhos de Nazaré e Bombarral.

Outro dos fatores que influencia a saúde é a educação, em que se regista que acima dos 65 anos há “uma grande taxa de indivíduos sem escolaridade”, bem como a taxa de desemprego e o ganho mensal em todos os concelhos está abaixo da média nacional, havendo aqui também desigualdades de género com uma disparidade salarial média de 10%.

Prioridades Estratégicas para 2020

O novo plano tem como prioridades investir na saúde ao longo do ciclo de vida, capacitando os cidadãos, combater as doenças transmissíveis e não transmissíveis, fortalecer os sistemas de saúde centrados nas pessoas, bem como a capacidade de resposta em saúde pública, nomeadamente a vigilância, preparação e resposta a ameaças, e por fim, desenvolver comunidades resilientes e ambientes protetores.

Além disso tem a visão de reduzir a mortalidade prematura, abaixo dos 70 anos, melhorar a esperança de vida saudável aos 65 anos, reduzir os fatores de risco relacionados com as doenças não transmissíveis, especificamente a obesidade infantil e o consumo e exposição ao tabaco, tendo em vista a obtenção de “mais valor em saúde”. Para isso recorre-se a “quatro eixos estratégicos” como o acesso, qualidade, políticas saudáveis e cidadania, sendo este “o ponto fulcral da nossa intervenção”.

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