Alcina Sousa, enfermeira chefe da Obstetrícia da maternidade no Hospital das Caldas, teve conhecimento do projeto desenvolvido em Braga, que teve origem na Dinamarca, e resolveu avançar com ele nas Caldas pedindo a colaboração da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar. “Contatámos as mentoras do projeto em Braga e avançámos com uma parceria, o que implica que aqui nas Caldas, no Espaço Rainha, as nossas voluntárias façam os nossos polvos e depois enviamo-los para a sede do movimento em Barcelos para serem certificados, ou seja, para analisá-los e ver se estão conforme as regras e medidas certas”, disse ao JORNAL DAS CALDAS, Manuela Paula, da direção da Liga e coordenadora do voluntariado. O tamanho destes polvos, feitos com linha 100% de algodão e fibra antialérgica, não ultrapassa os oito centímetros, e os tentáculos esticados não podem ter mais de 22 centímetros, sob risco de os bebés se enrolarem neles, explicou.
Segundo esta responsável, “já foi enviada para Barcelos a nossa primeira remessa de 21 polvinhos do “Amor das Caldas” para serem certificados”. “Em Barcelos conferem-nos e lavam-nos, mas a esterilização dos polvos vai ser no hospital das Caldas”, adiantou.
Participaram nesta primeira fase do projeto nas Caldas as voluntárias Zulmira, Alda, Joana, M. De Jesus, Esmeralda, Clara, Fátima e Manuela.
Depois de certificados, os polvos regressarão às Caldas e serão entregues à Maternidade do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), para serem oferecidos aos bebés da Neonatologia. Os polvos de croché são colocados dentro da incubadora, junto aos bebés prematuros.
A coordenadora declarou que “os tentáculos dos polvos assemelham-se ao cordão umbilical, levando os prematuros ao conforto do útero materno. A cabeça suave junto ao corpo fornece o aconchego, segurança e apoio que muitos não sentem, pois por vezes nem podem ser tocados pelos seus pais”.
Manuela Paula está disponível para passar para quem queira os seus conhecimentos, assim como a receita para fazer os polvos. “É um trabalho muito simples, mas que requer um certo cuidado, já que se tem de cumprir umas certas regras”, apontou, acrescentando que a Liga está aberta a pessoas que queiram ajudar a fazer os “polvinhos que vão direitinhos para a nossa maternidade, para acalmarem os bebés prematuros”.
Quem estiver interessado pode aparecer no Espaço Rainha, no Hospital Termal, às terças e quintas, das 14h30 às 18h00.
Manuela Paula gostava também de criar um polvo novo amarelo, diferente e criativo, para ser mascote da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar e para oferecer a outros bebés na maternidade. Como colocou o projeto dos polvos na página do Facebook, a coordenadora do voluntariado tem tido vários pedidos de pessoas que gostavam de adquiri-los. Refere que poderá eventualmente essa mascote ser feita para vender e a verba reverter a favor dos projetos da Liga no Hospital das Caldas.
O projeto “The Danish Octo Project” nasceu em fevereiro de 2013 na Dinamarca, quando um grupo de voluntários se prontificou a confecionar e doar polvos de croché executados com linha 100% algodão. Segundo os promotores do projeto na Dinamarca, a “experiência tem mostrado que os bebés passam a respirar melhor, regulam os batimentos cardíacos e aumentam os níveis de oxigénio no sangue”. Atualmente a iniciativa espalhou-se e encontra-se em funcionamento em outros países.
Chegou a Portugal, em 2017, pelo Movimento “Um polvo de amor”, pelas mãos de um grupo de voluntárias que se encontram ligadas ao serviço de neonatologia de Braga.
Quando os primeiros 21 polvos forem entregues ao serviço de neonatalogia das Caldas, a Liga de Amigos vai também dar à maternidade 15 almofadas de amamentação feitas pelas voluntárias e que são muito práticas e cómodas, tanto para as mães como para os bebés. “É importante a mãe estar confortável e relaxada e estas almofadas permitem que o bebé fique apoiado, evitando o esforço dos braços ao segurar nele”, indicou Manuela Paula.
Liga comemora 25 anos com Gala
O grupo que se reúne no Espaço Rainha também está a fazer, a partir de camisas de homem, vestidos para meninas que vão ser enviados para crianças em África.
A caminhada solidária promovida pela Farmácia Rosa em 2017 reverteu a favor da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar. “Deram-nos 750 euros e nós com essa verba comprámos cobertores e flanela cem por cento algodão, de onde se fizeram lençóis para cama de bebé”, explicou Manuela Paula, sublinhando que trabalham “em franca cooperação com o serviço social que sinaliza todas as grávidas ou recém-mamãs mais carenciadas e dentro das necessidades que têm damos-lhes o que precisam”.
Helena Mendes, assistente social no CHO, destacou a importância do “Espaço Rainha”, que abriu portas em 2016 e que recebe roupa, acessórios e brinquedos, que depois são entregues às famílias mais carenciadas. “Está situada num espaço fulcral e para nós funciona como um serviço SOS quando precisamos de roupa para doentes que têm alta e por diversas razões o seu vestuário não está em condições”, explicou, revelando que as profissionais do hospital trabalham em estreita ligação com os elementos da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar. A técnica elogiou ainda a “disponibilidade fantástica dos voluntários”.
Ser voluntário num serviço de saúde requer naturalmente preparação e personalidade adequada. Assim, a Liga tem inscrições abertas para novos voluntários e os candidatos terão uma ação de formação em abril deste ano de modo a garantir a preparação.
Ajuda na alimentação dos doentes, apoio nas consultas externas, apoio a doentes mastectomizadas, serviço de cabeleireiro e barbeiro aos doentes internados, distribuição de jornais e revistas pelas enfermarias e salas de espera, são entre outras, algumas das atividades do voluntariado.
A Liga dos Amigos do Centro Hospitalar das Caldas, que foi fundada em 1993, comemora este ano o 25º aniversário, que vai ser assinalado com uma gala com atuações “Prata da Casa”.
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