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“Golpe das Caldas”, que abriu caminho ao 25 de abril, relatado em banda desenhada

Mariana Martinho

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Foi há 44 anos, na madrugada de 16 de março de 1974, que uma coluna militar do Regimento de Infantaria 5 saiu rumo a Lisboa para derrubar o governo. Mas o “Golpe das Caldas” falhou, acabando por ser o arranque para a revolta de abril. Tudo isso e outros pormenores vividos naquela data estão agora disponíveis em banda desenhada no livro “Nascida das Águas e o 16 de março de 1974”, da autoria do mestre José Ruy.
Convidados para estar na cerimónia comemorativa

A obra foi lançada na manhã da passada sexta-feira, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, pela Câmara Municipal, e procura relatar com o máximo rigor histórico os momentos vividos naquele dia mas em banda desenhada.

Segundo o mestre de banda desenhada, há pormenores que “não interessam ao historiador, nem ao jornalista”, mas que “interessam para uma história ilustrada e que coincidem com a realidade dos acontecimentos”.

O decano da banda desenhada portuguesa deslocou-se de propósito às Caldas, em outubro do ano passado, para visitar a Escola de Sargentos do Exército, antigo Regimento de Infantaria 5, e assim poder desenhar e contar com maior realismo os episódios do 16 de março.

Nesse sentido, o autor explicou que “limitei-me a fazer os desenhos de uma história que aconteceu em 1974, com o apoio científico do tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho para alguns episódios do livro”, como a parte das reuniões secretas e toda a preparação do movimento. Contudo, salientou que “a história nunca está completa, há sempre a possibilidade de alterar” e “esta foi a versão que achei que valia a pena passar a desenho”.

A sessão comemorativa contou com a participação de centenas de alunos das escolas caldenses, bem como de antigos militares envolvidos na tentativa de golpe.

Segundo a vereadora da Cultura da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Maria da Conceição Pereira, “o 16 de março de 1974 foi um episódio decisivo na história das Caldas e de Portugal”, que todos os anos é comemorado pela autarquia. Apesar de não ter sido “um golpe bem-sucedido”, este foi o “primeiro grande grito de libertação para que o 25 de abril acontecesse mais cedo”.

O representante da Âncora Editora, António Baptista Lopes, esclareceu que “este livro resulta de uma iniciativa da Câmara Municipal, que queria marcar em termos de banda desenhada este grande acontecimento na vida democrática que foi o 16 de março de 1974”. Aliás, explicou que “a ideia foi incorporar na história das Caldas da Rainha este momento muito importante”.

“O 16 de março foi extremamente importante, sendo a antecipação do 25 de abril”

Volvidos 44 anos, o tenente-coronel e um dos estrategas do 25 de abril, Otelo Saraiva de Carvalho, sublinhou que “de facto o 16 de março foi uma aventura”. Aproveitou para recordar aos alunos de várias escolas que estavam presentes o episódio, que decorreu na madrugada de 16 de março de 1974, referindo que “os camaradas das Caldas arriscaram tudo sem o conhecimento profundo do que estava a acontecer, e lançaram-se numa aventura que acabou por ter um resultado benéfico”.

Segundo descreveu, existia um consenso entre os militares que para alterar a política colonial era preciso alterar o regime. Contudo, no dia 13 de março, Otelo Saraiva de Carvalho cancelou a operação mas “houve camaradas que não aceitaram o meu cancelamento, e por volta das 04h00 do dia 16 arrancaram 14 viaturas, uma coluna militar saía do Regimento de Infantaria 5 e marchava sobre Lisboa”. Contudo, explicou que “convencidos que estavam a participar num evento de grande envergadura, ficaram sozinhos e isolados”.

Perto de Sacavém recebem ordens para regressar, pois Lamego, Santarém, Mafra e Vendas Novas não chegaram a sair como estava previsto e os militares rebeldes, que julgavam estar atrasados, descobrem que estavam sozinhos. Acabaram por regressar às Caldas, onde foram cercados por tropas fiéis ao regime, rendendo-se ao fim da tarde.

O golpe falhara e o tenente-coronel recordou que “se eu tivesse sido preso não tinha havido o 25 de abril”.

“Mas tudo isto acabou por ter um efeito benéfico”, afirmou o tenente, adiantando que serviu para testar as fracas defesas do regime e para acelerar a revolução. Além disso, afirmou que “permitiu perceber exatamente o que é que era preciso fazer para preparar eficazmente a operação que viria a ser o 25 de Abril” e ainda tranquilizou o regime de que estaria “tudo controlado, o que jogou a nosso favor”.

Para Otelo, “o 16 de março foi extremamente importante, sendo a antecipação do 25 de abril”, que tinha como objetivo o “derrube da ditadura e a reconquista da liberdade”.

Presente também esteve o major general Matos Coelho, que foi detido devido ao 16 de março.

“O Regimento de Infantaria que fez o 16 de março era na sua maioria oficiais que estavam no Movimento dos Capitães, e que partiu com o sentimento de unidade e com o esp+irito do 25 de abril”, explicou Matos Coelho.

Inauguração do monumento evocativo

As comemorações continuam no dia 24 de março, pelas 15h00, com a inauguração de um monumento evocativo, da autoria do escultor José Santa-Bárbara.

A obra, que vai ficar instalada em frente à Escola de Sargentos do Exército, terá cerca de oito metros de altura, e uma base em betão escuro. É representativo dos muros da repressão que existia antes do 25 de Abril, a partir do qual é elevado um “canhão” que liberta uma espécie de fogo-de-artifício e que simboliza a criação de uma nova democracia.

A inauguração contará com a presença do secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Vasconcellos.

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