O apoio da autarquia, aprovado por unanimidade em sessão de Câmara do executivo, prevê o pagamento da renda do Re-Food a partir de fevereiro de 2018, no valor de 200 euros por mês.

A informação da ajuda da autarquia foi recebida com muita alegria pelos coordenadores e voluntários que veem a ação do Município como um reconhecimento do seu trabalho na distribuição de refeições a famílias carenciadase em simultâneo o combate ao desperdício alimentar.

Dinamizado totalmente por voluntários, o Re-Food recolhe a comida que todos os dias sobra em 40 estabelecimentos comerciais, que depois distribui por cerca de 110 famílias carenciadas. Esta “ponte humana” entre o excesso e a necessidade evita que vários quilogramas de alimentos e refeições em perfeitas condições de consumo acabem no lixo.

A coordenadora, Sofia Cardoso, explicou que solicitaram à Câmara a cedência de um espaço para o Centro de Operações, mas a autarquia decidiu pagar a renda mensal que está a ser suportada pelo Re-Food. Ainda que todos os alimentos sejam doados, os gastos com renda, eletricidade, água e outras despesas fundamentais para o funcionamento do Re-Food ascendem mensalmente aos 500 euros. Não dispondo de receitas próprias, o Re-Food precisa de ajuda da comunidade para suportar estas despesas.

O apoio da Câmara das Caldas no pagamento da renda mensal é para todos os que colaboram com o Re-Food uma “excelente notícia porque temos um orçamento anual de 6 mil euros, onde 40% corresponde ao valor do aluguer”, explicou a responsável. Quanto à despesa da água e eletricidade revelou que têm alguma ajuda com os donativos que recebem de algumas empresas da região.

Para a coordenadora, é vital “encontrar parceiros para manter em ação o objetivo do Re-Food Caldas da Rainha de combate ao desperdício alimentar”. “Para manter a sustentabilidade do nosso movimento temos que adotar estratégias de gestão assentes em princípios de eficiência energética, reaproveitamento de bens, donativos de géneros fundamentais para o cumprimento das normas de higiene e segurança alimentar e donativos financeiros para fazer face às despesas fixas identificadas”, adiantou a coordenadora do núcleo caldense doRe-Food.

Melhorar condições do Centro de Operações

Em 2016 a Re-Food Caldas recolheu 12 toneladas de alimentos e distribuiu um total de 19.886 refeições completas, chegando diariamente a 25 famílias, num total de 80 beneficiários. Números que registaram um aumento significativo no primeiro semestre de 2017, em que foram distribuídas 12.600 refeições completas a 30 famílias, num total de 110 beneficiários.

Decorreu no passado dia 18 o sorteio das rifas para o “generoso e cheio” Cabaz de Natal Re-Food 2017 composto por bacalhau, azeite, doces, chocolates, bolo rei, vinhos, espumante, entre outros alimentos. A contemplada foi a esposa de um voluntário que decidiu dar algumas das iguarias do cabaz aos beneficiários. A iniciativa surgiu em novembro onde os voluntários angariaram vários produtos para o cabaz. A venda das rifas foi efetuada pelos voluntários e seus familiares e amigos e muito bem aceite pela comunidade que contribuiu.

A empresa caldense CreateInfor – Consultoria em Informática e Software de Gestão, Lda está a promover um sorteio solidário de um Tablet Lego, em que as verbas angariadas revertem na totalidade para oRe-Food Caldas da Rainha. As rifas custam um euro cada uma e podem ser compradas por transferência bancária ou nas instalações da empresa. O sorteio será realizado no dia 11 de janeiro, quando se assinala o Dia do Obrigado.

A transferência deve ser feita para oIBAN PT50 0018 000802446804020 57e o comprovativo enviado paranatalsolidario@createinfor.pt. Receberá depois um email com o recibo e o(s) número(s) de participação no sorteio.

“Ficámos muito satisfeitos com o reconhecimento que temos tido durante este ano”, sublinhou a coordenadora.

Com a verba angariada oRe-FoodCaldas da Rainha pretende em 2018 adquirir mais equipamento para o Centro de Operações, como uma máquina de lavar louça industrial e mais frigoríficos para armazenar os alimentos. O objetivo é melhorar as condições de trabalho para os voluntários e criar uma maior capacidade de armazenamento dos alimentos, para que possa haver mais recolha, uma vez que estão a crescer, com os mais restaurantes e empresas a querem aderir ao movimento. “Temos a funcionar frigoríficos antigos, que não são tão eficientes e não têm espaço suficiente”, disse Sofia Cardoso.

Presidente da junta voluntário por um dia

O núcleo caldense doRe-Foodrecebeu no dia 20 de novembro o presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, Jorge Varela, que deu uma ajuda na recolha e na preparação das refeições que foram distribuídas às famílias.

O autarca quis conhecer de perto a realidade do movimento que trabalha para o combate ao desperdício alimentar e aproveitar para alimentar quem mais precisa. “É um espaço muito bem organizado, em que há uma preocupação muito grande com a higiene”, apontou.

Considerou a sua participação “muito pequena” comparado com o trabalho que os voluntários fazem todos os dias. “Foi uma participação simbólica”, adiantou o autarca, que apontou ser importante o contato direto com as instituições e entidades para conhecer a suas “necessidades”.