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“A Guerra da América Latina” do caldense Ricardo Raposo Lopes apresentado nas Caldas

Marlene Sousa

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O caldense Ricardo Raposo Lopes, de 26 anos, apresentou no passado dia 24, nas Caldas da Rainha, o livro “A Guerra da América Latina”, da Chiado Editora, com o apoio do JORNAL DAS CALDAS.
Francisco Gomes, Ricardo Raposo Lopes, Joana Brito Câmara e António Salvador

A sessão, que teve lugar no Sana Silver Coast Hotel, juntou amigos, familiares e várias pessoas interessadas em saber mais sobre o fenómeno do narcotráfico no México e a ação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) a principal e mais antiga guerrilha da América Latina.

Foi uma apresentação interessante à volta do tema, tendo o autor, que lançou o livro em Lisboa, considerado esta sessão “mais estimulante”.

Joana Brito Câmara, licenciada em direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, e colega do autor de doutoramento em Ciência Política e Relações Internacionais no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa, foi a convidada para apresentar o livro.

Como se pode combater o narcotráfico? Quem é ou quem são os responsáveis pelo tráfico de drogas? Qual o papel dos Estados Unidos de América? Qual o país mais seguro? foram algumas das questões feitas pelo moderador da apresentação, o jornalista Francisco Gomes, e por António Salvador, administrador do Grupo Medioeste, que suscitou uma conversa à volta do tema.

Joana Brito Câmara não ficou surpreendida com o tema que Ricardo Raposo Lopes escolheu para o seu livro, uma vez que é “fluente em espanhol e conhece bem a Colômbia, onde realizou parte dos seus estudos universitários”.

A obra de Ricardo Raposo Lopes sensibilizou-a pela “extrema violência associada aos fenómenos estudados”. Deu como exemplo a página 56 do livro onde o autor elabora um gráfico com o número de homicídios enquadrado no narcotráfico no México, em que se regista um “aumento de 440%, passando de 2826 mortes em 2007 para 15200 mortes em 2010”. “Na realidade, a leitura é chocante pois apresenta dois países eles próprios sequestrados pelos narcotraficantes, que movimentam um negócio de lucro colossal, assente em várias etapas, desde o cultivo à distribuição, no caso do México e da Colômbia, agravado no caso da Colômbia pela existência das FARC, uma organização de ideologia marxista e leninista, extremamente disciplinada e cruel, que não hesitou jamais em executar quem lhe fosse desleal”, apontou Joana Brito Câmara.

“Aproveitaram ainda a densidade do território colombiano para em algumas parcelas dele instalarem aí o seu “regime”, conquistando a população com ajudas sociais e inclusivamente fomentando o narcotráfico, pois era um negócio rentável para os camponeses pobres, que eles supostamente defendiam, e porque necessitavam de dinheiro para continuar a sua “revolução”, adiantou.

Uma parte fundamental do livro é a análise que o autor faz da guerra que o presidente Felipe Calderón, no México, empreendeu contra os respetivos cartéis. “Eleito em 2006, ele decidiu militarizar o país, com o apoio dos Estados Unidos, que financiaram novos equipamentos e treino militar, por outro lado, decidiu identificar certos alvos muito importantes, capturá-los e aproveitar as comunicações entre os seus círculos mais próximos, após a perda dos chefes, para obter informações e desmantelar as redes”.

Joana Brito Câmara sublinhou ainda dois pontos que foram salientados pelo autor como sendo extremamente relevantes: “Por um lado, a tradicional estratégia norte-americana de que se deve combater o negócio da droga pelo lado da oferta, desvalorizando o outro lado da moeda, crucial, a procura, da qual os Estados Unidos são aliás, os principais responsáveis”. Por outro, a “importância do dinheiro em ambas as organizações (cartéis e FARC)”. Ele “alicia os mais pobres a envolver-se nelas, sobretudo em países com maiores desigualdades sociais como o México e a Colômbia, ele corrompe polícias, políticos, procuradores e juízes, ele permite aceder a tecnologia mais sofisticada, e por último, é obtido, no caso da droga, sobretudo nos Estados Unidos, gigantesco consumidor de estupefacientes, e convenientemente “lavado” mais tarde”. Deveria, na opinião do autor, “dar-se mais atenção ao combate a este dinheiro sujo”.

A obra tem por base a dissertação de mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais: Segurança e Defesa, que Ricardo Raposo Lopes defendeu no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

Sobre o que é que o levou a escrever este livro, o autor disse que longo destes últimos anos, sempre que falava com alguém sobre o México ou a América Latina em geral, os comentários das pessoas baseavam-se sempre em “cuidado com as drogas”, “vais ser o próximo Escobar”, “ainda entras para um cartel” e até “traz um pouco para a gente”. “Enquanto me faziam rir, uma parte de mim preocupava-se genuinamente com os comentários simplistas e redutores destas pessoas, pois estamos a falar de povos inteiros vítimas de um estigma criado, em parte, pelos meios de comunicação social”. “Este desconhecimento natural e perfeitamente justificável por parte da nossa sociedade em geral foi um dos principais motivos que me levaram a escrever este livro”, revelou, referindo que “ficamos chocados com um atentado em Paris, onde morrem quarenta pessoas, mas nem imaginamos que em seis anos morreram mais de 60 mil no México, vítimas de políticas mal conduzidas, em particular, as dos EUA”.

O livro faz uma comparação entre dois conflitos distintos. O primeiro, dedicado ao México, conta como nasceu e evoluiu o narcotráfico no país até aos nossos dias. Nesta parte, também fala dos cartéis, onde se encontram e como funcionam.

A segunda grande parte, dedicada à Colômbia, é, segundo o autor, “um pouco mais complexa, porque as FARC não foram o único problema existente no país: existiram organizações paramilitares que combateram as guerrilhas e todos sabemos que existiram grandes cartéis como o de Pablo Escobar”.

A última parte, na sua opinião, é a mais interessante, pois de tantas obras e artigos que já leu, “nenhum se focou especificamente no contraste destes fenómenos. Dos usos da violência aos objetivos, passando pelo narcotráfico, as relações com o Estado e as populações, esta é a parte é que distingue esta obra das outras”.

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