O livro, que foi patrocinado pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha e que disponibiliza duas edições, uma em português e outra em inglês, contou com a presença na mesa do diretor da editora Caleidoscópio, Jorge Ferreira, e o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Tinta Ferreira.
Este livro, segundo o diretor da Editora Caleidoscópio, estava para “ser lançado há uns tempos atrás mas foi adiado devido às eleições autárquicas”. A editora pretende dar continuidade ao primeiro livro da coleção junto de outras estâncias e regiões termais, destacando o papel iniciático das Caldas da Rainha, como lugar a partir do qual também se desenvolve esta sequência editorial.
Composto por mais de duzentas páginas divididas em quatro capítulos, o livro pretende ser uma síntese do pensamento do autor sobre a evolução histórica das Caldas da Rainha, na perspetiva do termalismo e do contexto evolutivo internacional, tendo este recorrido genericamente à bibliografia consultada durante largos anos e aos estudos próprios.
O primeiro, denominado “O tempo e o espaço”, aborda o Hospital Termal, o segundo “O lugar das termas” fala do enquadramento do hospital acompanhado de uma seleção de imagens de tipologia diversa e os últimos dois são um elogio ao desenho, o que faz “dele um contributo essencialmente iconográfico”. Essa seleção de imagens “significativas” procura salientar a importância que o hospital teve na origem, bem como o papel central do mesmo no “microcosmo urbano, que gravitava à sua volta e que esperamos que no futuro volte a gravitar”.
“Não sou apologista de que apenas antigamente é que era bom, mas devemos ter em conta alguns desses valores que retemos com as imagens do passado e que não devemos descurar”, frisou o autor, adiantando que se trata “sobretudo de uma correta interpretação do que é ser uma cidade termal, onde se deve ter em conta uma ambiência propícia à saúde e não a outra coisa”.
Durante a sua intervenção recorreu a algumas ilustrações que o livro dispõe para mostrar a ambiência termal vivida naquele espaço em diferentes épocas, sendo algo “que queremos para o futuro do hospital e da cidade”. Alertou ainda que “é preciso ter cuidado com os usos que o Parque D.Carlos I venha a ter no futuro”.
Outra das imagens divulgadas foi o anteplano de urbanização da cidade pensado por Paulino Montez, em 1949, que segundo o caldense, “induzia uma harmonia e qualidade urbanística para quem nos visita, o que depois não veio a acontecer”.
Para Jorge Mangorrinha, “uma cidade termal não é apenas a área diretamente relacionada com o hospital, mas sim toda área envolvente ao mesmo criando uma harmonia entre ambas”.
“Para que servem os livros sobre as Caldas da Rainha?”
Para além da apresentação do livro, o autor aproveitou para recordar algumas das suas obras editadas sobre as Caldas da Rainha, bem como para criticar ou aconselhar alguns aspetos sobre o património termal e não só.
Começou pela obra coletiva promovida pela autarquia em 1993, onde aproveitou para comentar a “destruição que foi feita nos anos 60 nos chafarizes”, e ainda alertou o presidente da Câmara Municipal relativamente às bicas traseiras do chafariz das 5 bicas. Além desta obra também destacou o livro “Pavilhões do Parque, Património e Termalismo nas Caldas da Rainha”, sendo uma das preocupações que “se mantém hoje em dia”, de que “a convicção que uma obra de reabilitação arquitetónica não deve partir apenas de uma função pré estabelecida mas essencialmente das caraterísticas formais do edifício”. Nesse sentido, frisou que as “características invulgares deste edifício devem de ser preservadas, bem como os outros elementos singulares da construção original, de modo a serem vistos como uma oportunidade de diferenciação”.
Relativamente à proposta apresentada pelo Grupo Visabeira, em transformar os Pavilhões do Parque e o edifício do antigo Clube de Recreio num hotel, Jorge Mangorrinha considera que “estamos em crer que podem respeitar alguns destes pressupostos”.
“Atualizando este estudo para a realidade atual, o futuro pode passar por uma solução a este nível para região termal Caldas e Óbidos, se ambos os projetos tiverem concretização e numa lógica de complementaridade”, frisou o autor.
Por fim, questionou à plateia “afinal para que servem os livros sobre as Caldas da Rainha?”, respondendo que “um livro não deve ser só uma ferramenta mas também deve ser um veículo de cidadania e cultura junto da comunidade e o valor promocional de uma localidade em termos nacionais ou internacionais”.
“Não creio que os livros das Caldas tenham sido suficientes para conseguir intervenções cultas, no surto construtivo da cidade nas suas áreas de expansão e no seu centro”, referiu. Por isso, frisou que “outra pergunta se impõe – será que não foram feitos livros suficientemente bons?”.
Para terminar, expressou que o seu desejo é que “possamos fazer uma melhor cidade, não uma cidade perfeita mas que os livros futuros sobre as Caldas sejam melhores do que este”.
Igualmente disse que “hoje a comunhão é necessária entre a comunidade caldense para se construir uma cidade verdadeiramente termal”.
“Este livro enquadra-se na afirmação e divulgação do Hospital Termal”
Quem também considerou o livro uma “extraordinária referência da cidade” foi Tinta Ferreira, que aproveitou para destacar “o conhecimento do arquiteto nestas matérias e a importância do mesmo na afirmação da cidade no contexto nacional e internacional”. Igualmente valorizou a tradução do livro para outra língua, sendo um “algo útil para afirmação junto da comunidade termal europeia”.
O presidente aproveitou para recordar que as despesas de conservação e manutenção, bem como investimentos feitos no Parque D. Carlos I e na Mata Rainha D.Leonor, “já ultrapassaram os 700 mil euros, mas que permitiram que o hoje afrequência seja como antigamente”. Relativamente ao hospital, o autarca disse que “quisemos resolver primeiro a requalificação do sistema de captação e distribuição da água termal, e por isso criámos condições para que o problema esteja ultrapassado”, para que futuramente “possamos voltar a ter cinco mil aquistas na cidade em 2021”.
“Até 2020, o nosso projeto passa por ter o Hospital Termal a funcionar com todos os serviços e um hotel de cinco estrelas, permitindo assim uma qualificação e utilização dos edifícios com capacidade económica, de modo a contribuir para o potencial turístico da cidade”, disse. Contudo, alertou que estas obras implicam “processos morosos”, pois envolvem o diálogo com cinco secretarias de estado do governo.
Apesar disso, o autarca está seguro que “conseguiremos o nosso objetivo de reabrir o hospital e requalificar o património termal com sucesso, e com isso acrescentar à cidade mais vivência”. Aproveitou para anunciar o regresso das comparticipações nos tratamentos termais, pelo Serviço Nacional de Saúde, para 2018.
Para concluir, Tinta Ferreira afirmou que “mesmo se a unidade termal a médio prazo não for autossustentável financeiramente, a importância do seu funcionamento para a cidade justifica algum pequeno prejuízo que possa a vir ter”.
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