Num ambiente de festa e descontração, foi possível juntar empresários, comerciantes, autarcas e dirigentes associativos.

A ACCCRO está a comemorar os 115 anos daquela que é atualmente a décima associação empresarial com mais anos de existência em Portugal, num universo de mais de 500 associações empresariais.

A associação foi fundada a 12 de novembro de 1902, por um grupo de quarenta e cinco cidadãos, que se reuniram no Hotel da Copa para aprovar os estatutos. No ano seguinte, numa cerimónia de pompa e circunstância, foi inaugurada a sua sede e a sessão foi dirigida pelo presidente da Assembleia Geral, Rafael Bordalo Pinheiro, sendo o presidente da direção João de Almeida Cardoso.

Nos 115 anos de vida a associação comercial tem tido altos e baixos, mas “tem tido sempre uma ação ininterrupta”. Atualmente com 720 associados, a ACCCRO, promotora do desenvolvimento empresarial e económico, tem por missão promover, apoiar, representar e defender os interesses das empresas suas associadas.

Ultrapassado um período de dificuldades, a ACCCRO tem nos últimos quatro anos ganho “imensa reputação e prestígio” e tem beneficiado de “grande” promoção nacional. “Nunca a ACCCRO teve tanta competência, tanta formação académica e capacidade de produzir eventos como hoje”, disse Paulo Agostinho, presidente da associação desde 2013 e que tem ainda mais um ano de mandato pela frente.

Destacando o “intenso envolvimento da equipa”, Paulo Agostinho elogiou “o parceiro fundamental que é a Câmara Municipal”, sublinhando que Caldas é uma “cidade única, equilibrada e dinâmica”.

O presidente da Câmara das Caldas da Rainha manifestou satisfação pelo trabalho da ACCCRO, considerando “positivo a parceria das iniciativas que os nossos empresários através da sua associação fazem nas Caldas da Rainha”.

Destacou a marca Caldas da Rainha, que tem mais visibilidade, referindo que se “não trouxermos pessoas às Caldas, as possibilidades de haver negócio são menores”.

Falou ainda dos novos negócios que estão a acontecer um pouco por todo o concelho e que são “sinais de esperança e da dinâmica económica”. Referiu ainda que Caldas da Rainha é o segundo concelho do Oeste em termos de índice de poder de compra. Destacou a resiliência das empresas caldenses, afirmando que “já é notório sinais de crescimento e melhoria relativamente à situação que tínhamos”.

Elogiou areposição das comparticipações de tratamentos médicos termais, sublinhando que já investiram mais de um milhão de euros no património termal e que vão abrir no início do ano os tratamentos de inalações e em 2019 os duches e banhos (banheira) com água termal no 1º piso, e em 2020 mais duches e banhos e piscina no balneário novo. “Quando isto estiver a acontecer receberemos mais de cinco mil equistas por ano, que certamente ficarão nas Caldas durante uma semana”, adiantou, afirmando que “o turismo termal é fundamental para o desenvolvimento do tecido empresarial das Caldas”.

A cerimónia contou com vários momentos de animação, com a voz de Melanie Russo, e também Rafael Bordalo Pinheiro interpretado por José Ramalho e Zé Povinho representado por José Ventura.

Foram homenageados alguns empresários associados que se distinguiram pela sua longevidade quer pela inovação e arrojo dos seus projetos. Além do diploma de reconhecimento e agradecimento, receberam uma medalha produzida pelo ceramista Mário Morgado.

Os homenageados

Prémios Prestígio

Braz Mendonça da Conceição Lda

Braz Mendonça da Conceição Lda. é distribuidora de marcas de prestígio. Para se conhecer a história desta firma é preciso recuar aos anos 40, em que o seu fundador, Braz Mendonça da Conceição, um escalabitano que veio fazer a tropa às Caldas da Rainha por cá ficou. Em 1965 abre a loja que ainda hoje existe na Rua Dr. Miguel Bombarda, gerida pelos seus dois filhos. Em 1980 Carlos Mendonça junta-se ao seu pai na gestão da firma, e mais tarde José Mendonça entra também na direcção da empresa. A mãe Ângela, com os seus 96 anos, ainda é presença assídua na firma.

Restaurante Zé do Barrete

José Faustino Leal, natural de Vila Nova, Alvorninha, comprou, nos anos 40, a carvoaria que existia na Travessa Cova da Onça, que durante anos concentrou tabernas e casas de pasto, local também de muita circulação de burros e carroças de quem demandava a Praça da Fruta e guardava as “viaturas” numa cocheira que ali existia. É nessa altura que José Faustino é alcunhado de Zé do Barrete, marca que perdura.

Os proprietários que se seguiram, Raul dos Santos e Gracinda Maria Correia, ambos nascidos em 1930, em Alvorninha, concretizando um sonho antigo mudaram-se para a cidade com os seus três filhos, e tomam então de trespasse o Zé do Barrete. A mulher tratava da cozinha e o marido servia os clientes. Ambos já faleceram, sendo dois dos filhos a assegurar o restaurante.

Zinália

Em 29 de dezembro de 1938 foi constituída uma sociedade por quotas entre a firma António Ferreira Pinto Lda com sede na Rua da Prata, em Lisboa, e Custódio Maldonado Freitas, farmacêutico com residência nas Caldas da Rainha.

Esta firma adotou o nome de Zinália, porque este é também o nome da perfumaria que o sócio António Ferreira Pinto tinha em Lisboa. Tal como a perfumaria Caldense também a Zinália de Lisboa continua de boa saúde.

Esta loja instalada na rua das Montras foi gerida nos anos sessenta por Elisete Freitas e posteriormente por Maria Odete. Em 2008 quando o edifício entrou em obras, a firma instalou-se na Rua Miguel Bombarda, nesta altura já com o franchising da marca Rituals. É com Isabel Freitas na gestão da loja que em 2011 voltou de novo ao seu local de origem.

Fialho & Miranda

É das Caldas da Rainha uma das mais antigas lojas de motorizadas do país. Corria o ano de 1928 já Ilídio Fialho trabalhava como mecânico de bicicletas e viu numa pequena oficina de ferreiros no número 12 da Rua Heróis da Grande Guerra uma oportunidade para lançar o seu próprio negócio. O trabalho de ferrar cavalos dava lugar a uma loja de velocípedes.

No arranque do negócio vendiam-se sobretudo bicicletas, depois vieram as motorizadas, em grande expansão no pós Primeira Guerra Mundial.

Em 1940 Ilídio Fialho faleceu e é o seu filho Braulio que continua com o negócio, ampliando o negócio para o nº 29, onde hoje funciona a Electrolíder.

Braulio foi dos primeiros portugueses a ter a famosa Honda CB 750 Four, uma moto de grande cilindrada, “raríssima no país”.

Quando Braulio faleceu em 1980, tinha o seu filho Valter cinco anos, e é nessa altura que Eunice Miranda toma as rédeas do negócio e o desenvolve.

Em 1989 passa para as instalações actuais, como concessionária da Honda para toda a região Centro, sendo premiado em 2003 como melhor técnico de peças da Honda a nível nacional.

Em 2002 Valter integra a empresa de forma efectiva, formando com a mãe uma sociedade por quotas a que dão o nome de Fialho & Miranda, Lda.

Pachá

No início da década de 50, Manuel Calisto, que explorava a taberna “Coradinho” no Beco do Forno, convidou o seu sobrinho Antero Feliciano para trabalhar com ele. Nessa altura existiam 58 tabernas nas Caldas.

Antero Feliciano acabou por comprar o espaço ao tio. Em setembro de 1958 Antero Feliciano casou com Olímpia Simão e levou-a para trabalhar na Casa Antero, começando a vender também comida. Em 1987, abriram o restaurante Pachá. Foi nesse mesmo ano que Paulo Feliciano e a irmã, Anabela, tomaram as rédeas do negócio, e dão continuidade ao negócio iniciado pelos seus pais, Antero e Olímpia.

Ponto de encontro obrigatório de muitos clientes, o vinho a copo, a par dos petiscos, continua a ser a referência deste espaço que, periodicamente, recebe exposições, tertúlias e jantares temáticos.

Prémio Inovação – Balance Health Club & Spa

O Ginásio Balance completou dez anos de existência. Este projeto liderado por Pedro Simão teve a sua origem em 2007 no Bombarral, com o nome Equilíbrio. Foi crescendo e Caldas da Rainha foi vista como uma cidade de enorme potencial e a mudança não tardou. Rapidamente o Balance tornou-se num ginásio moderno e com boas instalações.

Tem cerca de 1300 sócios, é constituída por 26 colaboradores e aposta agora na marca Fitness Factory, e em regime de franchising está em franca expansão.

Prémio Projeto – Auto Leandro Santos

Nascido na Dagorda, concelho do Cadaval, em 1941, foi em África que Leandro Santos começou a sua vida profissional. Foi na capital angolana que conheceu Suzete Ferreira Santos, com quem viria a casar em 1971. Foi também lá que nasceram os três filhos do casal: Nuno, Cláudio e Marco.

Regressado a Portugal, lançou o stand Auto Santos. Em 2000 Leandro Santos passou o negócio para os filhos. A empresa mudou de denominação para Auto Leandro Santos, Lda. Os três irmãos assumiram a gestão da empresa, porém, Leandro Santos continua a ser uma presença assídua no stand.

Aproveitando as tecnologias de informação, nomeadamente com a inclusão nas plataformas ABMotor, Stand Virtual ou o Autosapo, a Auto Leandro Santos saltou para uma nova dimensão no seu negócio.

Esta empresa de cariz familiar comemora 30 anos e conta com 60 colaboradores, tendo instalações na Estrada de Tornada. Foi-lhe atribuído o estatuto PME Líder.

Pastel Bordalo

Dois mestres pasteleiros, Paulo Santos, da padaria Forno do Beco, e Luís Tavares, da Fábrica Paris, no âmbito do projeto da ACCCRO, foram distinguidos pela criação do pastel Bordalo.

Este projeto viu a luz do dia na “Frutos 2017”. Os mestres da doçaria uniram-se e criaram um produto inovador com ligação à tradição.

Paulo Santos trabalha na área da padaria e pastelaria há 32 anos e em 2013 abriu o “Forno do Beco”.

Luís Tavares, de 73 anos, da Fábrica Paris, começou a desbravar a arte de pasteleiro aos 13 anos na Pastelaria Gato Preto, na fábrica instalada na Rua do Jardim. Depois de ter trabalhado em vários locais no país iniciou atividade por conta própria, numa fábrica instalada no Bairro dos Arneiros, a Pastelaria Universal, e depois de uma passagem pelo Camaroeiro, é na Fábrica Paris, no “Beco das Flores”, que produz pastelaria já lá vão 30 anos.