Dos cartéis mexicanos às guerrilhas colombianas, o livro com edição da Chiado Editora faz uma comparação entre dois conflitos populares na América Latina: o narcotráfico no México e os movimentos guerrilheiros ou insurgentes na Colômbia. “Quando pensamos nesta região do mundo, muitas vezes são as palavras “droga”, “violência”, “corrupção”, “armas” e “instabilidade ou insegurança” que nos vêm à cabeça”, disse, Ricardo Raposo Lopes, acrescentando que estes conceitos são “geralmente mal utilizados para descrever a realidade”. Deu como exemplo, a guerrilha colombiana das “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que envolveu-se no narcotráfico e os cartéis mexicanos a envolverem-se na política e, no entanto, nem as FARC são um cartel, nem os cartéis mexicanos organizações políticas”. “É este contraste entre fenómenos, onde se assemelham e onde divergem, que tornou a investigação tão interessante”, adiantou o autor.
Segundo o autor, o livro dá pistas, “não só acerca de como os fenómenos nasceram, mas também da sua potencial resolução e até porque é que nós, portugueses, os confundimos tão facilmente”.
A obra tem por base a dissertação de mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais: Segurança e Defesa, que Ricardo Raposo Lopes defendeu no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.
Depois de ter feito o lançamento em Lisboa, o autor, que nasceu em Caldas da Rainha, quer fazer também um lançamento nesta cidade como uma “homenagem pessoal às minhas raízes, pois uma grande parte do que sou construiu-se aí”. Considera que é muitas vezes nas raízes, tanto de conflitos como “os que estudei, como da cidade onde nasci e cresci, que encontramos as respostas”.
O autor tem uma paixão por este tema, mas a grande causa por detrás do livro “é a necessidade de libertar os povos latino-americanos do preconceito e do estigma”. “Se os meios de comunicação social só passam notícias da prisão de um barão da droga ou apreensões de quantidades bíblicas de cocaína, é normal que as pessoas criem esse estigma. Nós temos o dever de formar opiniões com base na realidade e não com base no que ouvimos nas notícias e, acima disso, eles têm direito à paz que, por exemplo, nós em Portugal temos”, referiu, considerando que “são conflitos esquecidos que precisam de ser recordados, debatidos e, sobretudo, entendidos”.
É para Ricardo Raposo Lopes sem dúvida um “tema atual, tanto que, a propósito dos diálogos de paz com as FARC, o livro inclui desenvolvimentos que a dissertação não incluiu”.
Segundo o autor, a caso colombiano “está muito mais controlado e próximo da nossa paz do que o México”. “Aliás, foi por isso que para o doutoramento me foquei no México e não na Colômbia, são os mexicanos que precisam de ajuda hoje. Na última década, morreram pelo menos 60 mil vítimas de um conflito que ninguém parece importar-se”, adiantou.
Neste momento, Ricardo Raposo Lopes está a fazer o projeto de Tese do Doutoramento em Relações Internacionais no Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica, onde também fez o mestrado. Concretamente, está a investigar sobre as rotas do narcotráfico na América do Norte, os mecanismos de branqueamento de capitais e também o modus operandi das organizações criminais, tanto no México como nos Estados Unidos. Além da investigação, dá também explicações ao ensino secundário e também ao ensino superior (Espanhol) e tem dado algumas aulas no IEP.
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