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Incêndios nas Caldas e Óbidos

Deputado do PCP inteira-se dos prejuízos causados em cerca de 800 hectares

Mariana Martinho

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As centenas de incêndios que deflagraram a 15 de outubro, o “pior dia de fogos do ano”, e que obrigaram a evacuar localidades, a realojar populações e a cortar em dezenas de estradas, também deixaram as populações dos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos “muito assustadas”. Na Estrada Atlântica, entre a Foz do Arelho e Salir do Porto, na Serra do Bouro, nas Caldas da Rainha, e ainda na zona do Olho Marinho, em Óbidos, e Serra D’el Rei, em Peniche, a destruição de vegetação foi grande, tendo ardido cerca de 800 hectares. Face aos acontecimentos, uma delegação do PCP, que contou com a presença do deputado do partido ao Parlamento Europeu, João Pimenta Lopes, visitou na passada sexta-feira às áreas ardidas nas freguesias de Olho Marinho e Serra D’el Rei, terminando com um encontro na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Caldas da Rainha, onde foram criticadas as medidas anunciadas pelo Governo no combate aos incêndios, que “pouco ou nada falam daquilo que é importante, que é a redução do risco”, e ainda para necessidade de prevenção.
Os autarcas de Olho Marinho e Serra d’el Rei com o deputado João Pimenta Lopes

O roteiro começou com o encontro da Direção da Organização Regional de Leiria do PCP e os restantes elementos no Planalto das Cezaredas, seguindo para as áreas ardidas próximas das aldeias de Casais Ladeira e Perna de Pau, em Óbidos. Após visitar as zonas afetadas, os presidentes das Juntas de Freguesia do Olho Marinho e Serra D’el Rei apelaram à criação de incentivos e apoios para a limpeza, reparação e manutenção dos caminhos e serventias dos terrenos florestais. “É uma boa altura para alterar o ordenamento do território, para podermos defender melhor o planalto no combate em incêndios”, frisou Hélder Mesquita, presidente da Junta de Freguesia do Olho Marinho, eleito pelo PSD.

Caso não sejam alteradas as medidas, “vai voltar acontecer o mesmo nos próximos anos”, comentou, considerando ainda que o incêndio de há uns dias, que chegou a ameaçar habitações nas aldeias de Casais Ladeira, Perna de Pau e Olho Marinho, era “uma situação previsível e expectável”. Apontou que “os bombeiros que conseguiram controlar o incêndio, senão naquele dia tínhamos ficado sem mancha verde no concelho de Óbidos”.

Para o presidente da Junta de Freguesia de Serra d’el Rei, Jorge Amador, eleito pela CDU, também é necessário criar incentivos e apoios para a limpeza dos terrenos. Aliás, alertou que o “maior drama que temos aqui é a paisagem que ficou toda preta do Olho Marinho até à Serra d’el Rei, e isso aconteceu porque não havia nenhuma política correta”. Como tal, é preciso encontrar soluções, apoios e incentivos para “resolver aquilo que aconteceu”.

“O risco de incêndio é elevado e tem de ser reduzido”

Depois de percorrer as áreas destruídas pelo fogo no concelho de Óbidos, João Pimenta Lopes deslocou-se até à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Caldas da Rainha, acompanhado do deputado da CDU na Assembleia Municipal, Vítor Fernandes.

Sentados na sala de reuniões juntamente com o presidente da corporação de bombeiros, Abílio Camacho, estavam o vice-presidente, António Marques, e o comandante, Nelson Cruz, e o deputado ouviu as críticas e opiniões dos responsáveis, apontando no seu caderno.

O comandante dos bombeiros começou por admitir que é “um daqueles comandantes que culpabilizam na totalidade o governo, por tudo o que aconteceu no passado dia 15”. A ação do atual governo “começou mal”, dando como exemplo “a troca sem medida e descabida de comandantes experientes por alguns militantes do seu partido”. “Logo por aí ainda não havia incêndios e já estavam a falhar redondamente”, frisou o comandante.

Nelson Cruz recordou que o mesmo já tinha acontecido quando, em 2006, António Costa era ministro da Administração Interna, tornando a “falhar novamente”.

Relativamente ao calendário, em que “o governo continua a cumprir apenas o calendário de risco, que decorre entre 1 de julho a 30 de setembro”, o comandante considerou “lamentável e errada” a decisão tomada pela ANPC-Autoridade Nacional de Proteção Civil, logo em abril deste ano. Por isso, apontou que “só cabia a eles fazer uma antecipação daquilo que é chamado o período crítico”, colocando o dispositivo no expoente máximo face ao nível do risco, “que era enorme”, visto que se trata de um ano atípico, no que diz respeito às condições climatéricas. Por isso, na sua opinião, “era de esperar que estas coisas pudessem acontecer”.

Também apontou que a diminuição de meios de combate aos incêndios no final de setembro, “reduzindo 80 % do dispositivo”, foi “uma inconsciência” por parte do Estado, que acabou por “falhar naquilo que é o seu papel principal, proteger as pessoas”. “Aquilo que falhou foi não haver dispositivo quando havia de haver e cortar quando não deviam ter cortado”, destacou.

No entender do comandante, “correu tudo muito mal, e o governo agiu de forma infantil perante o problema e a consequência cá está”.

Relativamente às medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros sobre incêndios, o responsável sublinhou que “pouco ou nada falam daquilo que é importante, que é a redução do risco”. Aliás, alertou para o facto de continuar haver eucaliptos à borda da estrada, bem com a “não organização” da floresta em mosaicos e com árvores bombeiras, pelo que “o mesmo vai continuar acontecer”.

Além disso, Nelson Cruz salientou que “devia de haver uma intervenção social por parte do Estado para conseguir minimizar o risco”, mas não, “continuamos andar completamente desviados daquilo que tem de ser feito”.

Igualmente disse que no combate aos incêndios deve haver uma alteração da estratégia e da legislação.

“Estou preocupado com estas medidas que aí vêm, pois parece que vão ser prejudiciais para o futuro”, disse o comandante, alertando ainda para a “questão da profissionalização dos bombeiros, que pode ser perigoso, no que diz respeito às questões do socorro”. Discordou também da criação de uma unidade especial de combate aos incêndios.

Para o presidente da direção, “temos que arranjar medidas para melhorar o voluntariado”, dando como exemplo descontos nos serviços e isenção nas taxas moderadoras.

Abílio Camacho aproveitou a ocasião para valorizar a “organização que a corporação teve no dia dos incêndios e que serve de exemplo a outras associações”, e ainda criticou a ação do governo, que “mudou as leis”, no que diz respeito à matéria de combate aos incêndios, e “a prova é que isto correu mal”.

António Marques, vice-presidente da corporação, sublinhou que “mudar o paradigma é importante, mas nunca à custa dos bombeiros voluntários”. No que diz respeito aos incêndios florestais, que desenvolvem-se em três pilares fundamentais, prevenção, fiscalização e combate, “só acontecem, porque o primeiro pilar não funciona”. “Se não se resolver este primeiro pilar, no próximo ano vai ser pior”, sublinhou o vice-presidente, adiantando que “não se pode pôr em causa a prevenção por causa do défice”.

Aproveitou para relembrar a função das centrais de biomassa, que neste momento seriam importantes para a redução dos desperdícios ambientais e contribuir para a limpeza dos terrenos.

“Tem de haver uma aposta muito grande na prevenção”

Depois de ouvir as criticas e opiniões dos dirigentes dos bombeiros, o deputado no parlamento reforçou a postura do partido, relativamente à nomeação política para cargos de natureza técnica, que “sempre foi muito crítica”.

Nesta matéria dos incêndios e gestão florestal, o PCP verifica que tem havido “sucessivas desvalorizações das competências das estruturas que têm esta responsabilidade de gestão florestal”, bem como o abandono das pequenas explorações agrícolas, em que “só nos últimos 30 anos o país perdeu cerca de 400 mil, e isso trouxe um tremendo impacto no interior”. Por isso tudo, “nós entendemos que tem de haver uma aposta muito grande naquilo que é a prevenção”, afirmou João Pimenta Lopes, através de uma disponibilização de meios “atempados e adequados”.

Segundo o deputado, o partido tem nos últimos meses questionado sobre os fundos que “podiam ser libertados para prestar o mais rápido auxílio e apoio às comunidades que foram afetadas” pelos incêndios como a reconstrução dos equipamentos destruídos, requalificação e processos de florestação, e ainda limpeza das matas.

Questionado sobre o facto de estarem próximos do governo, e se isso poderá de alguma forma ajudar que as reivindicações possam ser acolhidas, o deputado respondeu que um conjunto de medidas, inseridas no próximo orçamento do estado, “decorrem daquilo que é a intervenção do PCP,” como é o caso da recuperação dos guardas florestais. Contudo, apontou que o partido comunista vai continuar a intervir para que sejam “alocados os meios necessários à prevenção, e que não sejam alocados meios financeiros ao resgaste da banca privada como temos vindo a verificar nos últimos anos”.

Para concluir, o deputado reforçou a ideia de que “estes contactos diretos com a realidade são importantes”, bem como a visão de quem esteve no terreno daquilo que foi o cenário com que se depararam. Isso, segundo o deputado, vai permitir que “tenhamos condições para podemos intervir no Parlamento Europeu e na Assembleia da República”.

Depois da reunião, o deputado seguiu para a Marinha Grande para ver a situação do Pinhal de Leiria, que ficou quase todo destruído pelos incêndios.

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